CINCO.

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O hipnótico está me controlando.

É fato, Simon está aprontando alguma. Mas o pior é que, ele está aprontando alguma com o meu dinheiro.

Meus dedos não param de batucar a mesa de madeira do restaurante caro de Londres, e eu não consigo professar palavra alguma.

Calvin me olha fixamente, sem ter o que dizer também.

Liam deveria ter notado, mas Simon é muito experiente na pilantragem. Covarde!

Agora, mais do que nunca, eu preciso acha-lo e exigir que ele coloque meus negócios nos eixos. Eu confiei naquele filhote de demônio, e ele está me enfiando uma faca nas costas.

Droga, Simon.

Durante longos minutos, meus olhos confusos varrem o local onde estou.
Calvin mantém os olhos na minha linguagem corporal, talvez tentando me decifrar.

—Como assim não comprou? Como assim os negócios vão mal?

—Calvin... Os negócios vão muito mal.

—Mas as vendas não.

—Eu sei.

—Então?! –Sua resposta quase atropela a minha.

—Desconfio de que estamos sendo vítimas de desvio de dinheiro.

—Tomlinson, caramba, isso é uma acusação muito séria. Você já falou com o Simon sobre isso?

Posso ouvir o meu sangue correr pelas minhas veias quando escuto esse nome.

—Eu sei que é muito sério, por isso eu só disse isso a você. Escuta, fica de olho nisso pra mim? Nas finanças, em tudo. No caixa de todas as galerias, se preciso for, contrate mais alguém.

—Tomlinson, o que vai fazer?

—Descobrir onde estão enfiando o dinheiro do meu trabalho.

A arte é tudo que eu tenho, desde que saí de Doncaster. Anos de dedicação, confiança e esforço. Eu larguei tudo para estar aqui e não vou me sentar e assistir Simon destruir em segundos, tudo que levei anos para construir.

Levanto-me da cadeira um pouco desnorteado, observando o olhar confuso de Calvin sobre o meu corpo.

Eu não posso explicar nada a ele, até porque, como foi muito bem colocado, é uma acusação muito séria e eu não tenho provas. Ainda.

A gente pode marcar alguma coisa depois? Eu lembrei que eu preciso fazer uma coisa. –Eu falo enquanto caminho em direção á saída, vendo que Calvin faz um movimento positivo com a cabeça, mesmo sem entender nada.

Meu destino é a galeria.

Eu preciso colocar toda a raiva no papel, na tela ou na argila. Qualquer coisa, ou eu vou acabar explodindo.

Meus passos são largos até a BMW estacionada na lateral da rua onde fica o restaurante, que eu nem fiz questão de prestar atenção no nome.

Abro a porta com furor, sinto a minha pele aquecer. Ligo o carro e piso no acelerador, virando o volante para a esquerda e saindo daquela rua.

Meus pensamentos estão distantes, e o carro está em alta velocidade.
Simon não desperta o meu melhor lado, nunca despertou.

Ah, se não fosse a minha ingenuidade profissional.

As minhas duas mãos permanecem firmes ao volante. Meus olhos azuis estão em contraste com a luz do sol, mas meus pensamentos estão em qualquer outro lugar.

Scandal • L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora