Scandal • L.S

TRINTA.

Se você me amava, por que me deixou?

Já é tarde.

Anne está aflita na sala de espera.

Harry está entubado na UTI, sequer sabem quando é que ele vai sair de lá.

Tudo o que eu queria, era saber o que aconteceu, cada passo que ele deu naquele dia em que bateu o carro.

Meu coração aperta.

Anne não para de chorar. E eu não a julgo, também faria o mesmo se conseguisse.

Eu ainda não consigo acreditar que estou aqui. Que as minhas mãos estão entrelaçadas uma na outra, a minha perna está balançando de ansiedade, que estou em um hospital depois de uma doação de sangue para ele.

Nada disso parece real, entende?

É como se eu estivesse preso em um sonho muito ruim.

—A irmã dele sabe? – Tento quebrar o silêncio.

—Sabe. Mas temos uma outra pessoa da família hospitalizado.

É pior do que eu pensava.

Nem cogito em perguntar o que está acontecendo. Eu não quero abrir ainda mais a ferida.

—Eu sinto muito, Anne. – Falo, enquanto me levanto em direção ao sofá em que ela está sentada, na minha frente.

Abraço-a.

Ela deita em meu peito e chora mais e mais, incontrolável.

E com isso, eu também.

—Ei, ele é forte, okay? – Coloco as minhas mãos nas maçãs de seu rosto, tentando limpar as lágrimas. – Ele vai aguentar firme e vai estar em casa em breve, você vai ver.

O médico está vindo em nossa direção. Levantamos então, os dois ao mesmo tempo.

—Ele está estável.

Um suspiro em conjunto no ar. Alívio.

—Quer dizer que ele não corre mais risco de vida, Dr.? – Ela questiona.

—É cedo para dizer. Mas por enquanto, ele está respondendo bem. Ficará em coma induzido, achamos melhor assim.

—Obrigada, Dr! – Anne agradece.

—Agradeça a Louis. Harry não teria a menor chance de sobreviver sem a doação de sangue que ele fez. Ele salvou a vida do seu filho, literalmente.

Ela encosta a cabeça no meu ombro, aliviada. Está grata, e eu também.

O médico nos deixa novamente.

—Vai pra casa tomar um banho e dormir um pouco, eu fico com ele.

—Sério?

—Sim, você passou a noite dirigindo, deve estar exausta.

—Estou! – Ela faz uma pausa. – Obrigada mais uma vez por tudo o que você fez pelo Harry desde o começo. Ele sempre me disse.

—O quê? – Pergunto, curioso.

—Desde quando te viu na galeria, ele me disse que conheceu o amor de sua vida. Apesar de tudo o que ele tinha como bagagem, você sempre foi quem colocava os seus pés no chão. Sei que quando ele te chamava de casa, era no sentido de trazê-lo ao conforto de um amor. Conheço o meu filho, e por isso que tenho que te agradecer. Ele é grato, eu estou certa.

Fico perplexo ao ouvir cada palavra.

Anne me dá um beijo na testa e agradece mais uma vez, antes de sair.