II

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A partir do momento em que decidimos o que faríamos da vida depois da escola, os dias começaram a passar voando, e em um piscar de olhos, já tínhamos nos formado. A formatura foi ótima, eu estava muito feliz, porém, ao contrário dos meus outros colegas de classe que choravam ao se despedirem uns dos outros, eu estava muito bem, já que meu único amigo daquele lugar continuaria comigo.

Sim, a única pessoa em que mantenho uma amizade firme é o Jun. E isso não é só na escola, o Jun é meu único amigo mesmo, já que não costumo me socializar nem com parentes, nem com colegas da escola, nem com adultos e nem com nenhuma outra pessoa que poderia ser minha amiga. Para mim, só existem três pessoas importantes: minha mãe, Jun e sua mãe. Isso deve ter criado uma imagem bem antissocial de mim, mas não é exatamente isso que sou: gosto de conversar e admito ser bem falante, converso com todos sobre qualquer assunto e a qualquer hora. Só não sou de criar laços com as pessoas facilmente.

– Minghao, o Jun está chamando! Vá atendê-lo! – Era minha mãe.

– Ah... Ok, mãe. – Acordei de meus pensamentos e tentei me concentrar na realidade imediatamente.

– Você já arrumou suas malas? – Ela perguntou, enquanto me observava.

– Malas? Hum, malas... Ah, já.

– Filho, você dormiu essa noite? Parece meio desligado.

– Mais ou menos, mãe... – Bocejei ao dizer a palavra "mãe".

– Pelo jeito você não dormiu nada, né? Foi por causa da ansiedade? Vê se tira pelo menos uma soneca no avião, hein?

– Mãe... – Bocejei novamente. – Você acha mesmo que eu vou conseguir dormir com o Jun ao meu lado?

– Ah, que seja... Só espero que dê tudo certo, e vai atender esse menino logo.

Assim que minha mãe disse aquilo, lembrei que Jun estava tocando a campainha desesperadamente e corri desesperadamente até a porta, o atendendo em seguida. Eu mal tive tempo de ver seu rosto; assim que abri a porta, o garoto pulou em cima de mim num abraço, e eu, com todo o sono que estava, ainda tentava entender o que acabara de acontecer quando nos separamos.

– Bom dia? – Disse, como quem não estava entendendo mais nada.

– Bom dia, Ming! Você já está pronto? Podemos ir?

– Calma, Jun! – Pedi, rindo. – Estou pronto, sim. Deixa só eu pegar minha mala, e enquanto isso você pode esperar no carro da minha mãe, tá?

Ele acenou com a cabeça, ansioso, e eu fui ao meu quarto pegar minha mala. Após ter alguns problemas para subir as escadas com todo aquele peso, consegui voltar. Ao não ver mais ninguém em casa, concluí que os dois já estavam me esperando dentro do carro, como eu sugeri. Então, depois de dar uma olhada rápida pela casa inteira para ver se não esqueci nada, fui ao encontro deles, no carro.

– Você sabe onde é o aeroporto, mãe? – Perguntei, assim que sentei e fechei a porta, após ter guardado minha mala no porta-malas.

– Sim, eu peguei o endereço ontem.

Passamos toda a viagem de carro praticamente em silêncio, eu e Jun só trocávamos algumas palavras às vezes, mas nada além disso. Porém, não é como se a viagem tivesse sido longa: pelo contrário, foi até rápida demais. Não precisamos esperar muito até chegarmos ao aeroporto, e antes de sairmos, me despedi da minha mãe pela última vez.

– Se cuida, viu? – Ela começou a dizer. – Espero que consiga realizar todos os seus planos e se tornar bem sucedido... E até mesmo voltar pra casa com alguma coreana, quem sabe. – Ela riu ao dizer essa última parte.

Moonlight ✨ JunHaoOnde histórias criam vida. Descubra agora