XVII

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•Mingyu

Wonwoo já estava acordado assim que despertei. A primeira coisa que pensei ao acordar foi o que estava fazendo naquele quarto que não era o meu e por que o amor da minha vida estava ao meu lado, até que todas as memórias da noite de ontem foram aparecendo, tanto as ruins, por causa de Soonyoung, quanto as boas que vieram logo depois, por causa de Wonwoo.

Wonwoo foi a melhor coisa que poderia ter me acontecido ontem. Todos os pensamentos e lembranças ruins se afastavam enquanto eu viajava pelas constelações que havia em seus olhos que, mesmo no escuro, ainda brilhavam, como brilham agora que ele, se distraindo do livro que estava lendo, me olhava.

– Esqueça tudo o que aconteceu ontem. – Foram suas primeiras e chocantes palavras.

– O quê? Por quê? – Perguntei, sem entender. As coisas entre nós estavam indo tão bem! Eu até me permiti criar um pouco de esperança depois daquele beijo que, dessa vez, não pareceu ser tão técnico e parecia sim ter algum sentimento envolvido.

– Porque... Eu não sinto nada por você. – Nunca tinha visto seu rosto tão sério, o que aumentou ainda mais minha vontade de morrer naquele momento.

– Mas nós combinamos que seríamos verdadeiros um com o outro! E também, não vai ser tão fácil esquecer...

– E daí? – Procurei em seu rosto algum sinal de que estivesse apenas brincando, mas ele não existia. – Eu ter sido verdadeiro ou falso ontem não muda o fato de que não sinto nada por você, e recomendo que esqueça tudo isso de uma vez. Será melhor para nós dois.

– Por favor, diz que eu não ouvi isso. – Dei uma risada nervosa, mas não nervosa de medo, e sim de raiva, enquanto lhe lançava um olhar cínico.

– Não aguenta a verdade? – Ele desafiou, fechando seu livro e se levantando da cama.

– Meu filho, eu sou profissional em lidar com verdades difíceis. O que eu não consigo engolir é o jeito que está falando comigo. Você é melhor que isso.

– Ora, além de não aceitar a verdade ainda quer mandar no meu jeito de falar?

– Eu não acredito que me apaixonei por alguém tão ignorante. – Me levantei e comecei a me aproximar, já sem paciência, enquanto começava a elevar o tom da voz. – Como você teve a coragem de me usar e me iludir daquele jeito pra depois vir falando isso, da forma mais grosseira possível, sabendo do que eu sinto? Porque eu tenho certeza que você já sabia. – Sem que eu percebesse, já estava falando de forma agressiva enquanto o encarava com toda a raiva que consegui reunir, me aproximando cada vez mais, para jogar aquilo tudo bem na cara dele.

– Sim, eu já sabia, mas que culpa eu tenho? – Ele me encarava da mesma forma e também se aproximava, até estarmos perto o suficiente para enxergarmos apenas os olhares fortes que lançávamos uns aos outros. – Que culpa eu tenho se você – apertou o dedo indicador contra o meu peito e, talvez de propósito ou sem querer, chocou sua testa contra a minha, de modo que aquele seu olhar me engolisse cada vez mais – é tão iludido, a ponto de se derreter por cada coisinha mínima que eu fizer?

– É O AMOR! O QUE EU POSSO FAZER? – Berrei, mesmo que estivéssemos perto demais, enquanto agora empurrávamos um ao outro com as testas, como numa briga de touros.

– Pare de jogar a culpa nos seus sentimentos!

– Pare de querer entender o que eu sinto, porque você não entende! Você nunca se sentiu desse jeito! Você não sabe o quanto é doloroso estar a mínimos centímetros de distância da pessoa amada e não poder abraçá-la, beijá-la e lhe dar todo o amor que tem! – Dizer tudo aquilo foi mais doloroso do que eu imaginava, e agora precisava lutar contra as lágrimas e a vontade de sair correndo e morrer.

Moonlight ✨ JunHaoOnde histórias criam vida. Descubra agora