XXVI

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•Jeonghan

Meus olhos arderam com a tamanha claridade com que se depararam assim que os abri. O que estava acontecendo? Eu... Quem sou eu mesmo?

Enquanto minha visão, entre piscadas, se acostumava à claridade do ambiente que parecia ser completamente branco, eu começava a entrar em desespero por ter perdido minhas memórias. Eu sempre tive muito medo disso. Tive? Como sei disso? O que me fez assim? Bem, não importa. Nós podemos esquecer memórias, mas não sentimentos, afinal. É um bom pensamento. Onde foi que aprendi isso?

Levei a mão à testa, sentindo meus cabelos. De que cor deveriam ser? Arranquei um fio e concluí que eram loiros. Como deve ser o meu rosto? E o meu nome? Será que sou bonito? Precisava urgentemente me ver! E se na verdade fosse feio? Como as pessoas me encarariam?

Por falar em pessoas, observando melhor aquele lugar quando meus olhos já trabalhavam perfeitamente, percebi que não havia ninguém ali. Nem ninguém, nem nada. Apenas um extenso corredor branco, sem janelas, sem nada. Tentei levantar de onde estava deitado, quando senti no peito uma dor insuportável que não me deixava concluir a ação. Então meu corpo passou a não conseguir mover mais músculo algum. O que exatamente aconteceu comigo? Onde estava? E essa dor? Teria meu corpo lembrado do que acontecera antes de mim, e por isso reagia ao trauma?

Eu estou... Morto?

Então era assim? Era assim que a morte nos pegava? Sinto que o Jeonghan vivo que ainda tinha suas memórias sempre se questionou sobre isso, e dou razão a ele. É um assunto um tanto curioso. Quer dizer, o que acontece ao morrermos é a única coisa que nunca pudemos obter a resposta! Porque não é como se alguém que já tivesse provado dessa sensação tivesse a oportunidade de voltar e contar a todo mundo!

Então é isso. Eu estou morto, e não posso fazer nada quanto a isso. Me resta apenas aceitar e me manter atento ao que acontecerá a seguir. Espero que não tenha deixado nenhum arrependimento durante minha vida e que ela tenha sido boa... Não que isso importe agora, na verdade. Até porque, eu não me lembro de mais nada!

"E ninguém sai ileso depois de matar o meu amor!"

Ouvi um grito abafado, parecia vir de cima. O que estava acontecendo? Aquilo também fazia parte da morte? Ou da vida que ainda está se esvaindo de mim? Essa voz... Eu sinto que reconheço ela... Amor? Será que estão falando de mim? No começo ela era bem distante, porém sua proximidade aumentava à medida que os segundos passavam, e podia ouvir alguém chorando. Quem deveria ser? Aquele choro, aquela voz... Me sinto mal ao ouvir isso. Parece vir de alguém que eu sempre quis proteger e fazer feliz...


•Jun

Ter tanto poder em mãos era ao mesmo tempo assustador e sedutor. Quer dizer, eu tinha a rainha de Uchandra nas minhas mãos! Podia fazer dela o que quisesse e, consequentemente, de Uchandra também. Estaria mentindo se dissesse que nem se passou pela minha cabeça fazer algo que ultrapassasse o justo, mas aquilo não fazia meu estilo, apesar de tudo. Felizmente, já tinha outros planos bem mais importantes e significativos.

Não se passaram muitos minutos desde que devolvi os poderes de Coups – ainda dentro daquela pedrinha, porém, pois os poderes só passariam a habitar seu corpo se alguém os transferisse, como Jeonghan fez com Minghao – e ele passou a deixar de lado dois colares que logo descobri conterem os de Seokmin e Seungkwan, que agora estavam na Terra.

Começamos então a discutir o futuro da rainha. Minha ideia era que a justiça da Terra fosse aplicada a ela, já que a grande maioria de suas vítimas foram humanos. Imaginava que ela pegaria muitos anos de prisão, embora desejasse que ela fosse perpétua, e se a penalidade fosse a morte, bem, significava que a justiça seria assim, afinal de contas. Poderia muito bem matá-la agora mesmo e com minhas próprias mãos, o que tornaria tudo muito mais simples, mas sentia que, se usasse o assassinato para resolver as coisas, seria como se estivesse me rebaixando ao seu nível.

Moonlight ✨ JunHaoOnde histórias criam vida. Descubra agora