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– Jun... Eu sei que você quer ver sua mãe, não precisa mentir só pra não me magoar.

– Eu não menti. – Com isso, ele ficou ainda mais sério. Me olhava diretamente nos olhos, e seu olhar era tão intenso que até queimava; eu me sentia desarmado, rendido... Porém bem. Estava tudo bem Jun me vencer desse jeito, afinal, ele era a minha maior fonte de felicidade, e com isso, o único sentido que eu poderia encontrar para a minha vida.

– Jun... Por quê?

– Porque sim, ué. – Ele riu de si mesmo, quebrando todo o clima sério. Mesmo que para mim ele não tenha se quebrado totalmente. – Ei, acabei de lembrar de um lugar lindo que achei ontem, e queria muito te mostrar. – E pegou minha mão. – Vamos?

Não consegui responder nada, e ele apenas continuou andando e me levando junto.

– Ei, Ming, tudo bem? Nós podemos voltar se você quiser. – Ele se virou e perguntou, quando percebeu que estava precisando me puxar para que eu andasse.

– Não, tudo bem. Quero muito ver o lugar que você tem pra mostrar. – Apertei sua mão e lhe lancei um sorriso fraco que dizia "está tudo bem, sério".

Então ele continuou me puxando até um caminho que se opunha ao da nossa casa, até entrarmos em uma ruazinha deserta, com casinhas bonitinhas e cheia de árvores e flores. A partir daí, andamos só mais um pouco até chegarmos em um pequeno e escondido campo de flores. Lancei um sorriso a ele ao perceber a beleza do lugar.

Assim que avistei aquela verde e convidativa grama, não consegui controlar minha vontade de empurrar Jun, que estava distraído, como sempre, e por isso caiu perfeitamente. Comecei a rir tanto que precisei levar uma das mãos à boca para conseguir me conter. Ele, também rindo, puxou um dos meus pés como vingança, me fazendo desequilibrar na hora e quase cair em cima de si.

– Isso não te lembra de quando éramos crianças? – Jun perguntou, depois de já termos rolado e brincado muito na grama, enquanto descansávamos.

– Quando você morava longe e minha mãe ia visitar a sua. – Me aquietei ao seu lado e respondi, relembrando de como éramos felizes no passado enquanto olhava para as nuvens de diversos formatos e tamanhos no céu.

– Ainda lembro perfeitamente do dia em que nos conhecemos.

– É. Você insistia em me mostrar que era uma raposa. Ainda não sei por que resolveu mostrar isso logo pra mim, se nem a sua mãe sabia e ainda nem sabe.

– Deve ser porque eu te achei legal. E... Sei lá, eu senti que podia confiar em você, porque pra mim você era "o menino legal do meu tamanho que nunca pensaria em me dedurar pra mamãe". Não acho que faça muito sentido, pensando bem, mas foi o meu motivo.

– É, talvez você tenha sentido mais confiança em alguém da sua idade... Mas ainda não sei por que você ainda não contou a ela.

– Tem coisas que é mais fácil apenas esconder. Imagina que caos seria? Ela chamaria um médico e eu acabaria virando vítima de experimentos científicos! Isso porque eu ainda não citei metade do que poderia acontecer...

– Tudo bem, eu já entendi. – O interrompi. – Não precisa pensar nesse assunto agora. Continue falando da gente.

Jun ficou sem jeito no começo, mas não demorou muito para a conversa voltar a tomar seu rumo certo. Percebi que conversar sobre meus momentos com o Jun é outra das coisas que mais gosto de fazer com ele. Pensando melhor... Chega dessa lista de coisas que mais gosto de fazer com o Jun. Qualquer coisa que eu já fiz, faço ou farei com ele sempre será incrível.

Moonlight ✨ JunHaoOnde histórias criam vida. Descubra agora