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Mal tive tempo para dar um último suspiro naquele quarto da festa. No momento seguinte, tudo ficou preto, e primeiramente pensei que estava com os olhos fechados, mas ao perceber que, não importava o quanto os arregalava, nada mudava.

– Minghao está conosco? – Meus sentidos se atiçaram ao ouvir um sussurro familiar, mesmo que eu ainda tivesse dificuldade para distinguir quem estava falando. Algo me dizia que aquilo não era uma ameaça.

– Está. – Ouvi uma segunda voz, também familiar e dessa vez mais alta, o que me permitiu tentar descobrir de onde ela vinha.

Ao concentrar-me em meus ouvidos, percebi que aquelas minhas novas e pontudas orelhas não serviam apenas de enfeite; eram muito melhores que as humanas e capazes de distinguir de onde vinham os mais mínimos ruídos, se me concentrasse apenas nelas. Senti uma forte energia circular dentro de mim, como no dia em que recebi meus poderes, e percebi que, sem querer, estava usando-os.

Mexia a cabeça desesperadamente para que meus olhos conseguissem achar qualquer coisinha que não fosse o grande e absoluto escuro que me cercava, quando soltei um grito ao me surpreender com dois pontinhos de luz vermelhos, acompanhados de mais seis menores, com três de cada lado, flutuando no ar.

– Droga, ele me achou. – O sussurro mais alto lamentou, e agora que usava meus poderes para aprimorar minha audição, percebi que era de ninguém menos que Mingyu.

– Mingyu? – Chamei, enquanto tentava raciocinar o que eram aqueles pontinhos vermelhos flutuantes e por que a voz de Mingyu vinha deles.

– Não se assuste com meus olhos, Minghao. – Ele tentou me tranquilizar. – Eu só estou usando meu poder de visão para poder enxergar vocês, assim como você está usando o de audição para conseguir me ouvir.

– Espera, como você sabe que estou usando os poderes? – Perguntei, desconfiado, enquanto não tirava os olhos dos pontinhos vermelhos.

– Assim como você pode ver meus olhos brilhando, eu posso ver um brilhinho mínimo de cada um dos cristais vermelhos da sua orelha.

– Cristais? – Passei as mãos nas pequenas bolinhas grudadas nas minhas orelhas, que foram adornadas com pequenas correntinhas que passavam por cada uma delas. – Achei que fossem espécies de piercings ou coisas parecidas.

– Não! – Ele se permitiu rir. – Os chandramas já nascem com esses cristais, e é verdade que a maioria os enfeita para que pareçam piercings mesmo. Essas três pintas que temos em baixo de cada olho também são cristais, e você pode perceber que, assim como meus olhos, eles também brilham.

– Interessante... – Respondi, enquanto todas aquelas bolinhas vermelhas brilhantes que via, que antes pareciam aleatórias, ganhavam algum sentido na minha cabeça. Comecei a me perguntar como o Mingyu do nada sabia sobre aquilo tudo, mas achei questionar isso numa outra hora. – Como você consegue fazer isso? Quero enxergar também.

– Hum... Não sei muito bem como explicar, mas acho que você precisa se concentrar totalmente na sua visão. Recomendo que desligue seus ouvidos.

– Certo...

Numa tentativa de desligá-los, tapei os dois ouvidos com as mãos, e de repente parei de ouvir os mais mínimos ruídos que eram provocados de vez em quando. Em seguida, me concentrei na escuridão e nos pontos vermelhos que via em Mingyu, implorado aos meus olhos para que conseguissem visualizar também seu rosto inteiro. Após muito esforço, comecei a enxergar algumas feições suas, até a imagem que visualizava se tornar parecida com aquelas câmeras que podem filmar no escuro.

– Conseguiu! – Pude ver Mingyu sorrindo. Seus olhos brilhavam ainda mais, agora que conseguia ver também seu rosto.

– Então a outra voz era do Coups! E Soonyoung também está aqui! – Excamei, assim que vi Coups me olhando, ou melhor, olhando os brilhos dos meus olhos, já que não tinha poderes para enxergar também, e um Soonyoung desacordado em um canto. – Onde estão os outros?

Moonlight ✨ JunHaoOnde histórias criam vida. Descubra agora