As semanas foram se passando, todos foram esquecendo da morte de Daniela Campbell, porém a dor ainda alfinetava seu peito todos os dias.
Enfim, três meses se passaram e Tyler estava caminhando em direção ao uma lanchonete rústica que ele costuma ir.
As coisas na sua casa estavam ficando difíceis. Seu pai raramente aparecia para almoçar e sempre chegava tarde do trabalho, quando Tyler já estava na cama e sempre que os dois se encontram acabam brigando. O clima na casa é tenso e Tyler já decidiu que assim que se formar, ou antes, vai se mudar daquele lugar.
Assim que entra, um sino toca indicando ao dono que um cliente chegou. Após fazer um pedido, o rapaz escolhe uma mesa ao lado da janela e fica observando o movimento do lado de fora.
De repente ele escuta o sino tocando novamente e uma moça entra.
-Mil desculpas pelo atraso Seu Emanuel! Minha mãe não estava se sentindo bem e tive que ajudar ela...
-Tudo bem querida, só espero que não se repita. Já tem um pedido para ser entregue.
Quando Tyler olhou para a moça atrasada não acreditou no que viu. A mesma trança, os mesmos olhos... Era ela.
Após a garota colocar o avental, ela correu em direção a cozinha e voltou com o capuccino que Tyler havia pedido.
-Um capuccino, com bastante chantilly no capricho!- Ela diz, simpática.
-Obrigada.-O rapaz responde sem graça. Ela sorri e sai. Tyler pega um livro e começa a ler. Sua leitura era para a sua faculdade desta vez, mas mesmo assim muito interessante. Na verdade Tyler se interessava por qualquer coisa que tinha um amontoado de palavras. Quando era adolescente, lia até os folhetos que os testemunhas de Jeová entregavam em sua casa. Foi assim que adquiriu seu pouco conhecimento religioso, já que sua família não pertencia a nenhuma doutrina.
As horas passaram voando e Tyler só foi perceber que o café estava fechando quando Seu Samuel já arrumava as cadeiras em cima da mesa, então resolveu pagar a conta e sair, mas assim que ultrapassou a porta, o rapaz sentiu seu corpo esbarrar em alguém que estava de costas.
-Desculpe! -Os dois disseram automaticamente.
-Tudo bem!- A moça diz se virando para Tyler, que sente um nó se formar em sua garganta quando se vê naquela situação. Os olhos que por meses ele admirava à distância, agora o encaravam.
Ele dá um sorrisinho sem graça e foi andando em direção à sua casa que ficava a dois quarteirões dali, mas o rapaz percebeu que estava sendo seguido.
-Você... Também vai por ali? -Tyler pergunta timidamente.
-Hãn... Sim! -Ela diz, terminando de ajustar a manga do casaco.- Preciso pegar o ônibus.
-Ah... Posso te acompanhar? Já está de noite e não é bom você andar sozinha... Eu... Eu sei que eu não vou resolver muita coisa mas...
-Apesar de não precisar por que o ponto é logo ali, eu aceito sua companhia!- Ela responde dando um sorriso com a sua pequena boca vermelha e ressecada, por causa do tempo.
-Então tá! -O rapaz diz e sorri sem graça.- Eu... Tenho a impressão de que te conheço de algum lugar...
-Da biblioteca da faculdade, talvez.
-É... Não imaginei que soubesse da minha existência. -Ele fala escondendo as mãos no bolso da calça por causa do frio.
Da minha inútil existência.
-Todo mundo sabe quem você é.-Ela disse sem graça e o clima tenso se instalou no ar.
-Qual o seu nome? - Tyler pergunta.
-Pricila.
-É... Você realmente parece alguém que se chama Pricila.
-Como assim?
-É que na minha teoria, as pessoas se parecem com o nome que elas tem. Você nunca vai olhar para um Pedro e pensar que ele se parece com um Lucas ou um Guilherme.
-É... Faz sentido... Você se parece com alguém que se chama Tyler. Mas alguém que se chama Tyler não parece ser alguém que se interessa por leitura clássica.
-Como sabe que eu gosto de clássicos?
-As capas dos seus livros são feias.
-Ah! Entendi... Mas tem muito livro que não é clássico e também tem a capa feia.
-Por que eles são ruins. Livros não-clássicos bons de verdade sempre recebem mais atenção das editoras. Sem falar que as capas dos livros, são a primeira impressão. Elas retratam a história, e se ela for algo que não atrai, o que esperar das palavras dentro dela?
-Mas existem muitos livros por aí, com capas maravilhosas que tem histórias horríveis.
-É... Mas não podemos desclassificar a teoria de que a capa de um livro é fundamental para o interesse. Eu fico aqui...- Pricila diz, parando no ponto.
-Bom... Espero que amanhã possamos continuar nossa conversa sobre teorias.
-Talvez, mas esse assunto pode ficar chato.
-É... Talvez.-Ele diz, sorri e sai.
Chegando em sua residência, ele vai direto para o quarto e vai tomar um banho. Depois que sai e se veste, vê no relógio que são 11:46 horas da noite.
Como o tempo passou rápido.
Tyler caminha em direção à biblioteca de sua casa, liga uma música em seu celular e fica admirando os livros nas prateleiras. O rapaz se senta em cima de um balcão estofado que ficava colado á sua janela e olha pra o céu estrelado. Mais uma vez aquela estrela passa a brilhar intensamente.
Após alguns minutos ele decide voltar para o seu quarto e ir dormir já que o dia seguinte seria de prova e não pretendia ficar com sono na metade dela.
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UMA CHANCE PARA TYLER
Teen FictionTyler. O rapaz de belos olhos e cabelos castanhos está iniciando sua vida universitária, após se formar em seu antigo colégio. Agora cursando Direito, como bem queriam seus pais, tem se dedicado bastante aos estudos e passa quase todas as horas do...