EPÍLOGO

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Naquela noite foi liberada a notícia.

Por telefonemas e notícias em sites e jornais locais.

Paulo engoliu seco ao arrumar a gravata cara que usava para aquele dia.

-Nós precisamos ir...-Jaqueline fala, entrando no quarto.

-Pode ir para o carro. Só preciso de cinco minutos.-Ele diz e a mulher assente, deixando-o sozinho e levando a filha para o carro.

Paulo caminhou pelo corredor onde haviam várias portas e uma delas era a de seu filho.

Ele caminhou passando em frente ao quarto de Melissa. Iluminado e rosa, uma das coisas mais preciosas de sua vida dormia ali.

Ao se dirigir ao quarto de Tyler, ao lado, se deparou com algo sombrio e escuro, porém milimetricamente em ordem.

Cada coisa no seu devido lugar.

O homem entrou no cômodo e pode sentir o perfume de Tyler.
A mesma fragrância do que ele tinha presenteado o filho aos quinze anos. Foi uma coisa que ele comprou sem dar muita atenção e não podia imaginar o quanta diferença isso fez.

Como ele pôde fazer isso?

Se preocupar tanto com o bem estar de sua família e esquecendo dela própria?

Um idiota. Isso que ele era.

E agora, o garoto com quem ele sonhou, planejou, acompanhou o nascimento, seus primeiros passos, a primeira palavra que não por acaso foi "papai" pois o homem repetia isso muito, trocou, deu a mamadeira, brincou durante tardes de cavalinho, pega-pega e futebol, o garotinho que ganhava os melhores brinquedos e mesmo assim, não pensaria duas vezes antes de trocar tudo aquilo, por uma hora de leitura com seus pais.

O seu menino, que aos onze anos conquistou sua primeira namoradinha e depois de dois dias veio chorar em seu colo pois ela tinha terminado.  O garoto que ele tanto cuidou e amou, agora estava morto, esperando para se despedir dentro de um caixão marrom.

As lágrimas inevitáveis escorreram pelo rosto do homem.

Não devia ser diferente, já que tudo aquilo era culpa dele.

Após soluçar por quase vinte minutos segurando um dos livros de estudo do filho, Paulo conseguiu se acalmar e descer.

Foi até a cozinha, bebeu um pouco de água e depois um gole de whisky.

Quando chegou ao carro, sua filha estava dormindo na cadeirinha e Jaqueline esperando do lado de fora.

Ele dirigiu até o salão em que acontecia o velório. Algumas pessoas já se encontravam no local.

Ao chegar a alguns metros de distância do caixão, não pode conter as lágrimas e se ajoelhou no chão branco lustroso, começando a soluçar, atraindo a atenção de todos.

Melissa que dormia no colo da mãe acordou com o som do choro dela. Ficou confusa e perguntava por que todos choravam, até que sua mãe respondeu:

-Lembra, que a mamãe tinha falado que o Tyler estava muito machucado?- Jaqueline pergunta recebendo um sinal positivo da filha.-Então... Ele acabou não aguentando os machucados e quando acontece isso com as pessoas... Elas...

-Ele morreu?- Ela pergunta, interrompendo a mãe, com seu rostinho começando a avermelhar.

-Sim...

-E onde ele tá?- Mel pergunta novamente com a primeira lágrima já escorrendo pela sua pele macia.-Eu quero ver ele...

-Okay... Vamos lá...

UMA CHANCE PARA TYLEROnde histórias criam vida. Descubra agora