12. UMA CHANCE PARA TYLER

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Tyler estava no banco de trás do carro de seu pai quando ele estacionou em frente a um prédio.

-Fique aqui. -Paulo pede e rapaz o ignora, apenas virando o rosto em direção à janela.

Tyler vê seu pai caminhando até a portaria e um homem pega o telefone e liga para algum dos andares. Depois de alguns minutos uma mulher muito bonita aparece.

Ela está vestindo um vestido preto colado de mangas compridas, seus lábios estão marcados com um batom vermelho matte, ela calçava um salto agulha e nas orelhas apresentava belos brincos sintilantes.

A mulher sorriu para Paulo que retribuiu com um beijo. Nesse momento o estômago de Tyler revirou. Ela não tinha mais que vinte e oito anos, Paulo tinha idade pra ser seu pai.

O casal entrou no carro e ela do banco da frente olhou para trás e sorriu amigavelmente.

-Oi!! Você que é o Tyler né?! Prazer em te conhecer! Meu nome é Jaqueline.

-Hum.-O rapaz murmura, ainda olhando para a janela e ignorando a presença da moça de voz meiga.

Paulo dirigiu até um restaurante de grife, onde só os ricaços da cidade frequentavam. Escolheram um lugar para sentar e o que iriam comer. Tyler fixou os olhos no celular e não falou nada. Até que Jaqueline quebrou o silêncio.

-Seu pai falou muito bem de você. Disse que faz advocacia, certo?

-Sim.- O rapaz respondeu.

-Hum... Então além de bonito ainda é muito inteligente! Fico feliz em saber que meu filho postiço é assim!- Ela brinca.

-Calma a boca idiota. -Ele resmunga num tom audível.

-Tyler, não fale assim com ela!

O rapaz apenas bufou e voltou a atenção para o celular. O pedido chegou e eles começaram a comer em silêncio. Enquanto esperavam a sobremesa, Jaqueline fez outra tentativa de tirar aquele clima tenso.

-Eu estava me lembrando agora, sua casa é maravilhosa Tyler! Você tem sorte do seu pai conseguir aquilo! É realmente muito linda!

-Você já foi lá?- Ele pergunta de um jeito calmo mas amedrontador.

-Sim, mas você não estava. Acho estava na faculdade. O jardim da casa de vocês é maravilhoso! Não vejo a hora de morar lá!

-O quê?

-Tyler, eu...- Paulo diz coçando a garganta.

-Você não contou pra ele?- A moça cochicha num tom audível pergunta.

-Contou o que?- Tyler começava a ficar irritado.

-Ela vai se mudar para nossa casa. No fim de semana.

-O quê? Você tá brincando né? Essa vadia não devia nem por os pés naquela casa.

-Tyler não fale assim com ela!- Paulo aumentou o tom de voz.

-VOCÊ NÃO VAI LEVAR ESSA MULHER PRA DENTRO DE CASA! SE ELA ENTRAR, EU SAIO!!

-ENTÃO VAI COM DEUS, POR QUE AQUELA CASA É MINHA E QUEM DECIDE QUEM MERECE MORAR LÁ SOU EU!

Tyler sai dali derrubando a cadeira, em que estava sentado, no chão. Ele sai andando sem rumo e com uma raiva tremenda dentro de si. O rapaz pegou seu celular e chamou um carro que o levou até o prédio onde Bruno morava, que ficava na periferia da cidade.

-Tyler? O que você tá fazendo aqui a essa hora cara?- Bruno diz espantado, após abrir a porta do apartamento.

-Eu preciso de um lugar pra ficar.

- O que? Por que?

-Você vai me deixar entrar?

-Claro, entra! -O amigo, vestia apenas uma bermuda larga azul.

-Meu pai e eu brigamos.

-De novo?

-Dessa vez foi pior.

-Tô percebendo.

-Ele vai levar a amante dele pra morar lá em casa. E eu disse que se ela entrasse eu sairia e então ele me expulsou.

-Que babaca. -Bruno soltou sem pensar.

-Com certeza. Então eu quero saber se eu poderia ficar aqui, só durante um tempo. Eu posso dormir no sofá até.

-Pode sim, desde que não vá me meter em encrenca, você pode dormir no quarto de hóspedes. Montei ele por que minha mãe vem me visitar nos finais de semana.

-Ah... Valeu mesmo. Amanhã eu já vou atrás de emprego depois da aula.

+++

-Como é que é?! Você saiu de casa?- Pricila pergunta. Eles estão na biblioteca e algumas pessoas olham de cara feia pra ela.

- Fala baixo, e sim.

-Mas, como é você vai se virar? E os livros e materiais da faculdade?! Como que fica?

-Vou procurar emprego. A propósito, não tem nenhuma vaga no café onde você trabalha?

-Não sei... Talvez tenha o de zelador, mas não ganha muito bem.

-Eu aceito qualquer coisa.

-Bom... Então vem comigo hoje no Café que eu falo com meu chefe.

-Okay.

Os dois passaram mais uma hora conversando e saíram para o Café. Chegando lá, Sr. Emanuel disse que daria uma chance ao rapaz e que poderia começar hoje mesmo para mostrar serviço.

-Bom, boa sorte!- Pricila diz, entregando um balde, rodo e pano para Tyler. -Se precisar de mais alguma coisa, já sabe onde pegar! -Ela diz piscando pra ele, em forma de cumplicidade.

O primeiro lugar que Tyler teria que limpar era o banheiro, mas não fazia ideia do que fazer, pois nunca tinha limpado nada na sua vida.

-Imaginei!-Pricila diz saindo de trás do balcão (hoje era ela que tinha que atender os clientes). A garota explicou como se fazia tudo e como o banheiro era minúsculo, em uma hora  Tyler saiu de lá. Quando Pricila foi conferir, o banheiro estava um verdadeiro brinco, o rapaz tinha até conseguido tirar o amarelo da cerâmica.

E após isso, Tyler foi para o escritório do patrão e limpou de um jeito impecável. O garoto é perfeccionista e não para enquanto as coisas não estejam perfeitas.

No final do expediente, Tyler estava limpando o chão do Café, onde ficavam as mesas, enquanto Pricila fechava o caixa. De repente Seu Emanuel aparece e o pede pra quando terminar, ir em seu escritório.

-Rapaz, senta aí.- O senhor pediu.- Eu realmente me admirei com a sua dedicação, você deixou tudo brilhando! Mas infelizmente... Você não pode trabalhar sem uniforme okay? Aqui está!- O senhor pega um pacote com a farda do lugar. -Te vejo amanhã!

UMA CHANCE PARA TYLEROnde histórias criam vida. Descubra agora