O Sonho

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Instantes depois de a porta se fechar, eu estava deitado na minha cama.

Minha cama. Minha casa. Era isso o que eu pensava agora, enquanto fitava o branco do teto, com os braços estirados para os lados, uma perna estendida sobre a cama e a outra, pendurada ao lado, balançando como um pêndulo, tocando a maciez do carpete com o pé. Não era bem cansaço o que eu sentia, mas, mesmo assim, meu peito subia e descia, como se eu estivesse sem fôlego, porque Sam o roubara inteiramente de mim.

Eu me sentia encrencado. Encrencado porque eu acabara de beijar um dos caras mais irresistíveis que tinha visto na vida, sem ter que mover um dedo para isso. Ele literalmente batera à minha porta e roubara o beijo de mim, e o cara em questão não era um estranho qualquer que surgira para a festa na piscina, e sim o próprio dono da festa, o dono da casa, o dono do meu coração.

Eu ri. Eu gargalhei. Ri não porque achava engraçado tudo aquilo, mas porque, agora, eu percebia que, ao mesmo tempo em que estava encrencado, eu me sentia verdadeiramente alegre. O toque dos lábios de Sam nos meus ainda eram estranhamente reais, e eu podia senti-los. Levei um indicador à boca os toquei. O gosto da língua dele ainda estava em minha língua, e o cheiro dele, o cheiro que estava preso em suas vestes naquele dia, o cheiro que era muito parecido com o da toalha que, dias atrás, ele me emprestara, ele também estava preso em mim. Eu conseguia senti-lo quando fechava os olhos e inspirava o ar pelo nariz.

Eu estava feliz. Eu estava ansioso. Eu estava nervoso. Eu sofria um misto de emoções que me deixavam com as pernas trêmulas – ou talvez fosse apenas a surpresa de ter um beijo roubado por alguém tão desejado que tivesse me deixado assim.

Eu não queria mais me levantar daquela cama, eu só queria curtir a essência do momento, o ar do quarto, a sua atmosfera, os rastros que Sam deixara por ali antes de partir.

Eu não conseguiria dormir naquela noite, nem se de repente todas caixas de som fossem desligadas, nem se o fornecimento de energia elétrica do bairro fosse interrompido e todos fossem obrigados a ir para casa, nem mesmo sabendo que, a algumas horas, eu teria que acordar para ir para a escola.

Quando me dobrei para o lado, procurando uma posição mais confortável na cama, percebi que meu pau estava enrijecido e dolorido, pressionado contra o tecido da minha cueca. Aquela dor, misturada aos sentimentos que aceleravam os meus batimentos cardíacos, jamais me permitiriam relaxar. Só havia um jeito de eu me livrar daquilo tudo de uma vez, e eu precisava fazê-lo.

Precisava disso para poder esquecer.

Desabotoei minha bermuda e a abaixei, junto com a cueca, até a altura do joelho. Segurei o pau com uma mão. Massageei-o com lentidão, a princípio, porque ele realmente estava muito dolorido.

Arrumei-me na cama, procurando uma posição mais confortável. Fechei os olhos e os cobri com o braço livre. Dessa forma, a lembrança do rosto de Sam tão próximo do meu se tornou ainda mais real, quase como se eu a vivenciasse mais uma vez, como se ela de fato acontecesse novamente. O jeito como ele me beijara, a fome com que seus lábios tocavam os meus, sua língua explorando minha boca, o seu corpo colado ao meu, aquilo...

Aquilo não podia ser real.

Mas era.

Soltei um gemido involuntário quando a porra disparou para o alto, acertando meu peito em seguida. Minhas pernas relaxaram no mesmo instante e a ansiedade que antes acelerava o meu coração e me fazia ficar tão inquieto deixou meu corpo como uma roupa que eu despia com pressa.

Respirei com mais tranquilidade, enquanto o pau amolecia na minha mão. Retirei a camiseta, agora suja, e tornei a vestir a roupa de baixo – e apenas ela. Estava calor, e eu sentia que dormir com pouca roupa talvez fosse o melhor.

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