Havia alguns tons de cinza no céu fazendo o possível para encobrir o azul que agora o tomava quase que por inteiro naquela tarde de sábado. A temperatura, no entanto, estava amena, daquelas na qual você não presta muita atenção e te encoraja a fazer o que tiver vontade. Encorajou-me, por exemplo, a vestir meu short de banho e descer até a área da piscina, mas, se tivesse que expressar em porcentagem qual fora sua participação nisso, eu diria que sua fatia do bolo era de uns vinte por cento. O restante pertencia a Sam.
É, ele também estava na piscina naquela tarde, só que estava há mais tempo do que eu. Com o fim da semana de provas, era possível encontrar mais momentos para relaxar, curtir uma atividade sem preocupações com pendências, e ninguém era melhor do que o próprio Sam para curtir esse tipo de oportunidade. Agora, ele apoiava os braços na borda da piscina, voltado para o seu interior – voltado na minha direção. Estava na parte mais funda, então seus pés provavelmente não tocavam o chão. Eu, por outro lado, estava prestes a saltar na parte mais rasa, que talvez tocasse não mais do que a altura do meu umbigo.
Eu só tomara a iniciativa de querer entrar na água porque Sam prometera que me ensinaria a nadar.
Claro, a realidade era que eu não dava a mínima para aprender a nadar, afinal, eu era nova-iorquino, vivia na cidade grande e não tinha tempo para gastar com poças de água maiores do que as de uma privada. Praia, talvez nas férias, e mesmo se eu fosse talvez eu não fizesse mais do que abrir uma cadeira sobre a areia e ficar lá enquanto o sol fazia seu trabalho em minha pele, deixando-a menos pálida. A água salgada serviria só para complementar a paisagem, junto com o céu azulado.Mas Sam havia se oferecido para me ensinar a nadar e qualquer oportunidade de estar ao seu lado e de ter sua atenção era muito mais do que bem vinda. Aceitei na hora. Subi ao meu quarto e vesti o short de banho. Encontrei-o na piscina pouquíssimo tempo depois e agora estava na borda, olhando-o nos olhos apertados por conta da boa quantidade de claridade que ainda havia naquela tarde.
– Blaine?
Quando ele chamou meu nome, eu despertei do transe em que ele havia me colocado e, de fato, passei a olhá-lo, e não só a mergulhar no olhar dele.
– Vamos, Blaine, por que a demora?
Porque eu não era um grande admirador de piscinas e porque a água prometia estar gelada. Levei o dedão do pé à água e, com o toque gélido, os arrepios percorreram todo o trajeto que ia desde o meu pé até a minha nuca. Como Sam podia estar tão à vontade, estando a água tão fria quanto o interior de uma geladeira?
– Não devia testar a água assim, Blaine. Ela está gelada, mas enquanto o seu corpo não se acostumar com ela, vai continuar parecendo uma ameaça. Você precisa entrar de cabeça.
– O quê?!
– É! Um mergulho! Coloca as mãos na frente do corpo e se joga de cabeça. Vai mergulhar o corpo todo de uma vez e vai ser menos sofrível do que entrar de pouco em pouco.
– Então ainda vai ser sofrível.
– Vai durar um instante só. Faz o que estou falando: as mãos unidas na frente do corpo e se joga de cabeça em um mergulho. Isso você sabe fazer, não sabe?
– Não.
– Então essa vai ficar sendo nossa primeira lição. Vamos lá, mergulhe!
Uni as duas mãos em frente ao corpo e me curvei um pouco. A água, tão bonita e azul, emitindo aquele som alegre de movimento, me encarava de volta como se me convidasse para uma armadilha mortal. Eu fechei os olhos. Sam provavelmente ficaria impaciente se eu demorasse mais um pouco, então era melhor que eu começasse logo com aquilo.
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BLAM!
FanfictionBlaine é obrigado a se mudar para o Maine quando seus pais, por conta do trabalho, também se mudam. Angelina, a amiga de sua mãe, pessoa que não vê problema em aceitá-lo na própria casa durante esse tempo, é uma excelente pessoa, mas Blaine não tem...