Mas Sam tratou de reabri-la com um chute certeiro na fechadura.
– Você não tem o direito de fazer isso, Sam! – eu rebati, caminhando tropegamente para trás. Nunca fora minha intenção levar aquela conversa do jeito que estava acontecendo, cheia de ódio e xingamentos, mas a ira, dentre os seus vários outros defeitos, também é contagiante, e Sam conseguira me deixar bastante furioso.
– Ah, é? Por que não? – ele retrucou, chutando a porta de volta para trás, sem conseguir fechá-la realmente. Na ausência de um trinco, a porta simplesmente bateu e tornou a se abrir, ainda aproveitando da força aplicada pelo pé de Sam.
– Mesmo que eu esteja indo embora hoje, esse ainda é o meu quarto e...
– Essa é a minha casa, e daí? – ele rebateu. Cada uma de suas palavras estava recheada de ironia, e conversar com alguém assim nunca foi e jamais será uma experiência prazerosa.
Eu me sentia tremendamente desconfortável, a ponto de o ar parecer difícil de ser respirado.
– Mas que caralho você pensa que está fazendo, Blaine? – Sam indagou, espalmando a mão na minha direção. – Quer acabar com o resto de família que ainda tenho? Quer colocar minha mãe contra mim? Não sei que droga de plano você tem em mente ao de repente querer partir, mas acho eu que você sabia das consequências disso, não sabia?
Apertei os olhos, sem saber ao certo do que ele estava falando.
– Minha mãe é pirada por causar boa impressão. Desde que você chegou, não há uma porra de dia em que ela não prepare refeições bem elaboradas, e isso inclui aquelas drogas de café da tarde aos fins de semana que eu nem sabia que existia! Sabe há quanto tempo ela não compra comida congelada? Eras! E, antes de você chegar, era só isso! Pegue a porra da embalagem e enfie no micro-ondas, se quiser uma refeição decente! – Sam às vezes cuspia enquanto falava. Parte dessas gotas me acertava, mas, intimidado como eu estava, eu não conseguia sequer ter coragem de limpá-las. – A sua chegada mudou as coisas nessa porra de lugar. Quando você veio, minha mãe passou a vigiar os próprios passos vinte e quatro horas por dia, tudo para que você tivesse uma boa impressão da nossa família! E então você simplesmente diz que precisa ir embora.
– Não tem nada a ver com ela, Sam...
– Você viu o que ela se tornou lá embaixo só por você ter dito que iria embora. Viu como ela de repente se tornou uma assassina. Viu como de repente ela agarrou um rolo de macarrão e estava pronta para me assassinar!
– Eu já disse que isso não tem nada a ver com ela...
– Mas foi o que ela achou, e, na falta de quem culpar, você disse que o responsável pela sua decisão fui eu, não?
Abri a boca para dizer algo, mas não emiti mais do que um longo instante de silêncio.
– Covarde – Sam sussurrou.
– Sam, eu não tenho nada a ver com isso...
– Você não é nem capaz de negar, porque mal sabe mentir! – Sam caminhava de um lado para o outro quando fazia pausas, e era isso que me impedia de sequer pensar em fugir daquele lugar. – Quando ficou sabendo que você vinha, minha mãe teve uma conversa séria comigo, sobre como devemos tratar bem nossas visitas, pois um dia precisaremos delas. E eu cheguei a dizer que não tinha obrigação nenhuma de te tratar bem...
– Então nem tudo do que ela disse foi mentira ou loucura!
– Mas eu estava brincando! – ele disse entredentes. – Não sou nenhuma droga de monstro, Blaine!
– Ah, não?
– Não sou, e você – ele disse e apontou um indicador ameaçador na minha direção – sabe disso.
Aquilo não estava certo. Quando acordei naquela manhã, aquele, em definitivo, não era o cenário com o qual eu esperava me deparar. Tudo o que eu queria era uma partida tranquila, mas, no lugar, o que eu recebia era um ataque de insanidade atrás do outro. Quando foi que eu tinha me deixado embrenhar em uma teia de aranha daquelas? Será que minha mãe não sabia que, no final, tudo terminaria assim?
– Por que você está fazendo isso com a minha mãe? – Sam perguntou de repente.
– Eu já falei que isso não tem nada a ver com a Angelina! Por que será que é tão complicado para você entender?
– Porque isso torna ainda mais difícil entender você de repente querer arrumar as coisas e ir embora como um andarilho! – Eu estava frustrado, mas com aquela frase Sam mostrou uma frustração ainda maior do que a minha. – Então de quem é a culpa?
Eu senti meu olhar ficando sombrio, frio como o de alguém que de repente deixa de se importar com tudo e todos. Encarei Sam com esse olhar em silêncio por não mais do que cinco segundos, mas esse foi um tempo que pareceu uma eternidade, o suficiente para eu conseguir enxergar o problema daquela discussão e pensar numa solução para ele.
O problema era a cegueira de Sam, ou sua falsa burrice. Mesmo as coisas que ele acabara de dizer poderiam fornecer, por si só, a resposta que ele procurava, mas ele não a via. Ou talvez a visse, mas a desprezasse, afinal, que pessoa no mundo o culparia por algo de errado? Na mente dele, a única opção de culpado para aquela história era Angelina, pois quem mais poderia ser? Mas isso apenas porque ele era cego demais para ver.
Ou porque não conseguia pensar com a cabeça de cima tão bem quanto pensava com a de baixo.
– É... você... Sam...
Eu ouvi minha boca expurgar as palavras, expressando meu pensamento sem que eu precisasse dar permissão para isso, mas a fúria que se apossara do meu corpo era tanta que eu mal conseguira afastar os dentes uns dos outros para poder falar com mais clareza. Minhas pálpebras continuaram pesadas, a ponto de eu ter apenas um vislumbre de tudo à minha frente, como se enxergar já não fosse mais crucial para que eu levasse aquela conversa. Como se eu já estivesse cansado de tudo aquilo.
E, pode acreditar, eu estava exausto.
Sam uniu o indicador e o dedo médio e o levou ao centro do próprio peito.
– Eu? – disse num só tom.
Eu poderia ter dito “Sim, é você” ou pelo menos ter concordado com a cabeça, mas eu estava tenso, então mal tinha controle sob meu corpo. E também não havia por que eu responder àquela pergunta tão tola; Sam me entendera bem, então não havia por que eu ter que repetir.
– Você é maluco – ele julgou.
A raiva é um sentimento quente que pode dilatar pupilas, narinas e fazer com que corpos até então imóveis se movimentem como uma estátua de barro que, de um momento para o outro, deixa de ser tão sólida.
– É claro que é isso o que você iria dizer! – eu rebati. – Afinal, é preciso conhecer bem de problemas mentais para reconhecer um em outra pessoa!
– Então o problema sou eu? – ele repetiu, agora rindo entre uma frase e outra. – E quando foi que você concluiu isso? Quando eu enfiei o dedo no seu cuzinho e ouvi você gemer? Quando você me masturbou naquela aula de ciências e ficou com aquela cara de que poderia segurar o meu pau o dia inteiro sem reclamar? Ou será que foi quando você engoliu o meu pau inteiro a ponto de eu sentir a sua garganta com a cabeça dele?
– Será que não é capaz de responder sozinho a essa pergunta?
– Não.
Agora, sim, eu sentia um misto de pena e revolta pelo garoto que estava à minha frente, a ponto de eu não saber se devia chorar ou rir. Minha voz soava trêmula quando voltei a falar.
– Eu me apaixonei por você no instante em que te vi, porque você não é o tipo de cara que dificulta esse tipo de coisa, Sam. Você é bonito e é muito divertido quando quer ser. É uma campainha agradável. Manda ver na cama e faz com que o cara que está com você se sinta especial, pelo menos enquanto sua língua faz todo o trabalho. Mas depois vem o vazio.
Sam franziu o cenho, sem entender.
– Como eu disse, eu me apaixonei por você – prossegui. – E, não sei se você um dia já se apaixonou, Sam, mas, quando isso acontece, você quer mais da pessoa do que apenas o corpo dela. Eu gosto de chupar o seu pau, mas eu também gosto de quando ficamos apenas abraçados, sem fazer nada, curtindo um ao outro, ou quando temos essas conversas ridículas sobre escola, de assuntos que vão de nada a lugar nenhum. Mas você é fechado. Quando eu disse a você que estava apaixonado, você riu como se eu tivesse contado uma piada. Disse que o que fazemos é tesão e nada além disso. Demonstrou que não dá a mínima para mim.
– Você acha que eu não me importo com você, então?
– Você não dá a mínima.
– Ah, é? – ele disse e, por alguma razão, agarrou a fivela que mantinha presa sua bermuda. – Nem um pouco?
– O que você está fazendo, Sam?
– Você diz que eu não me importo. – Com um gesto rápido, ele retirou todo o cinto.
– Sam, o que você pensa que está fazendo? – Eu erguia minhas mãos à frente do corpo. Se ele estava prestes a me espancar com aquele cinto, era melhor que acertasse os meus braços e mãos do que outras partes mais delicadas.
Eu estava apavorado.
– Então me ensine a me importar, Blaine – Sam concluiu e jogou o cinto longe.
Foi com a mesma rapidez que ele me agarrou pelos ombros e me jogou na cama. Meu notebook quicou e caiu no chão. Sam agarrou minha cabeça e forçou meu nariz contra sua bermuda, na região em que se encontrava seu pênis, e perceber que ele estava excitado me assustou.
– Isso é se importar, Blaine? – ele falava enquanto dançava com a pélvis no meu rosto. – É isso? Acha que nunca esteve próximo o suficiente do meu pau para parecer que eu me importava com você?
Ele soltou minha cabeça. Eu me sentia humilhado num nível em que se tornara impossível conter as lágrimas. Agora, eu simplesmente as derramava sem nenhum padrão ou ritmo, apenas deixando-as escorrer. Eu até soluçava enquanto observava Sam abriu o velcro de sua bermuda e retirá-la junto com a cueca, mas isso não parecia tocá-lo de forma alguma. A maneira como seu pau, ereto, balançava, pulsante como se tomado pelo mais puro excitamento, só comprovava que nada daquilo era capaz e comovê-lo. Sam gostava de ser dominador e fazer alguém de vítima, e o problema em eu fazer parte disso era que ele era muito mais forte do que eu. Era praticamente impossível para mim resistir.
– Abre a boca – ele pediu.
– Sam, por favor... – E essa era a minha única estratégia. Se com força física eu não seria capaz de escapar, talvez minhas palavras, que eram minha única arma, fizessem o trabalho.
– Abra a droga da boca!
– Sam...
Quando eu pronunciei o A de “Sam”, o pau dele colidiu contra os meus dentes e invadiu a minha boca. Bateu no fundo da minha garganta e eu solucei.
– Ainda parece que eu não me importo com você? – Sam perguntava, forçando seu pênis dentro da minha boca. – Oh, meu Deus! Parece, Blaine? Ainda parece que eu não dou a mínima?
Eu o segurava pelas coxas e tentava empurrá-lo, mas não dava. Simplesmente não dava. Sam era muito mais forte. Cravei a unha do meu indicador na sua coxa, mas nem isso o intimidou. A adrenalina pulsava em cada parte do seu corpo, inclusive em seu pau, que latejava no ritmo dos seus batimentos.
Os batimentos do seu coração.
Batimentos esses que eu senti também quando toquei seu peito, e eles eram muito parecidos com os meus, desregulados, mas ao mesmo tempo acelerados, fortes como se quisessem ser notados aos olhos, presentes no peito daqueles que sentiam uma grande paixão não correspondida.
Ou uma paixão frustrada.
Ou uma paixão disfarçada.
Uma paixão não compreendida.
Sam afastou o pau da minha boca e me girou sobre a cama. Eu ainda chorava, e não de medo ou decepção, mas de compreensão. Já não me importava mais o que Sam fazia com o meu corpo, porque agora eu sabia o que estava acontecendo.
– Eu vou mostrar que eu me importo – ele disse e eu senti uma cusparada gelada no meu ânus. – Eu tenho que mostrar que me importo!
Seu pau rasgou meu cu, provocando uma dor que me obrigou a morder o travesseiro sobre o qual minha cabeça estava e agarrar o lençol da cama em busca de forças. As lágrimas saíam dos meus olhos como se eu estivesse sendo espremido. Sam socava o pau dentro de mim com uma rapidez exagerada e bem diferente daquela com a qual ele me fizera acostumar. Entre uma investida e outra, eu devo ter dito um “Ah, meu Deus...” que precedeu o momento em que meu próprio pau despejou todo meu esperma na cama, sem a necessidade de qualquer estímulo.
Quando Sam retirou o pau da minha bunda, senti algo quente escorrer dele e dela. Ele já havia gozado, e o fizera dentro de mim.
– Eu me importo com você – Sam disse e se debruçou cobre mim. Beijou-me no lóbulo da orelha, na nuca, nas costas. – Olha, essa é a prova disso, veja – ele disse e mostrou dedos unidos por teias de uma substância branca e pegajosa. Seu sêmen. – Viu? Consegue ver, Blaine? Eu me importo com você. Pelo amor que Deus me deu, eu me importo, sim!
Afastou-se e começou a beijar minha bunda, distribuindo quantidades iguais de beijos em cada uma das nádegas.
– Está vendo? – Ele quase parecia rir enquanto falava. – Viu só? Acho que agora você entendeu o quanto eu me importo com você, não entendeu?
Quando ele se afastou de vez para vestir a bermuda, eu, lentamente, me pus sentado na cama e fiz com que minhas roupas voltassem às condições normais.
Eu mal conseguia erguer a cabeça. Meu queixo tremia um pouco e, de mim, só vinha o silêncio. Eu fitava o chão ou os meus pés enquanto afivelava meu cinto. Soluçava pouco e baixo enquanto colocava a camiseta dentro da calça. Piscava pouco, para evitar que o restante das lágrimas escorresse, enquanto tocava o topo da minha cabeça, verificando se meu cabelo ainda estava penteado. Eu me sentia derrotado, mas, de certa forma, o fato de eu saber a verdade sobre o que acontecia com Sam amenizava esse sentimento.
Eu não podia culpá-lo.
Talvez fosse a ausência de um pai. Talvez Angelina, que nunca voltara a se apaixonar, por falta de interesse ou de experiência no assunto, o tivesse ensinado, por indução, a ser igual. Fato era que Sam tinha uma deficiência que não era inteiramente incomum, mas que, nele, se manifestava de uma maneira completamente diferente. Em Sam, a falta de conhecimento sobre o que era se apaixonar o fazia pensar que foder alguém – e foder bem – era sinônimo de paixão. Talvez até de amor. Gozar dentro de um cu era, para ele, a melhor demonstração de sentimento que alguém poderia fornecer. E ele não estava totalmente enganado. O problema era que ele confundia essa, que era uma demonstração de puro e simples tesão, com paixão.
Sam não fazia ideia do quanto infeliz ele era por isso.
– E então? Eu te convenci? – ele começou a dizer, em pé à minha frente, quase saltitante de tanta adrenalina. – Mostrei a você que me importo?
– Você não é nem capaz de dizer que está apaixonado por mim.
Eu ainda continuava fitando o chão enquanto ele me observava, mas eu não precisava olhá-lo para saber como ele estava. Sam estava chocado.
– E sabe por que você não consegue? – eu continuei. – Porque você não sabe o que é se apaixonar. O que é muito triste, se você parar para pensar. – Respirei fundo, procurando fôlego e evitando que resquícios de lágrimas escorressem pelo meu nariz. – Quantas pessoas você já não perdeu por ser assim? – A pergunta era retórica, então não esperei resposta. – Inúmeras. Ralph foi uma delas, não foi?
O silêncio dele, em cada um dos seus momentos, eram confirmações do que eu já suspeitava. Sam estava me ouvindo, e o melhor: o fazia com atenção. Era justamente isso o que eu queria naquele instante.
– Só que o Ralph não quis mais essa vida de só fazer sexo, sexo e sexo, sem nenhum sentimento envolvido. Ele quis mais, porque está se tornando um homem e sabe que essa coisa de “atração” o tempo inteiro já não acrescenta mais. E ele te falou isso. – Decidi que aquela era uma boa hora para olhar nos olhos de Sam, e assim fiz. – Mas você não soube lidar, e não porque não sabe lidar com rejeição, mas porque você ainda estava apaixonado por ele, mesmo que não tivesse muita consciência disso. Não queria ser abandonado, do mesmo jeito que não ser deixado para trás agora.
Levantei-me. Apanhei do chão o meu notebook, que agora tinha uma rachadura na tela, e o guardei dentro de uma das malas que ainda estavam abertas. Vesti as alças de uma mochila e apanhei as de uma mala de mão, pronto para partir.
– E isso não é culpa sua – eu continuei, voltando-me para ele. – Mas também não sei de quem é.
– E se você sabe de tudo isso, por que ainda assim vai embora?
– Porque eu conheço tanto de paixão quanto você. A diferença entre nós dois é que você tem experiência suficiente com ela, mesmo que não saiba disso, enquanto eu... Bem, você foi minha primeira paixão correspondida de verdade. Você tirou a minha virgindade. – Eu disse e sorri, embaraçado. – Mas sinto que não sou a pessoa certa para ensinar a você como identificar essas coisas, porque esse é um assunto relativamente novo para mim.
– Você poderia tentar.
– Não depois dessa conversa. – Dei de ombros e olhei para cada canto do quarto já tomado por um sentimento de nostalgia que doía. – Acho que acabou pra gente, Sam.
– O que você diz não combina com a atitude que está tomando.
– E eu não acho mais que a minha boca vai combinar com qualquer outra que não seja como a sua.
Os lábios de Sam se contorceram numa expressão de angústia.
Eu engoli em seco para evitar novas lágrimas.
– Mas preciso de um tempo longe disso – emendei. – Você me contaminou. Essa montanha-russa de emoções, que oscilavam entre o êxtase da pura excitação até o fundo poço que eram os momentos em que você fazia de conta que eu não existia, me deixou em frangalhos. Preciso me recompor, e acho que estar com a minha família vai ajudar nisso.
Aproximei-me de Sam e toquei uma de suas faces com a mão.
– O que sinto por você eu acho que jamais vou sentir por qualquer outra pessoa. Você me mudou. Você me marcou. Você é aquilo que me mata e, ao mesmo tempo, me faz querer viver, e acho que um tempo longe dessa confusão vai me permitir colocar a cabeça no lugar. – Toquei meus lábios nos de Sam e ele recebeu o beijo com carinho, fechando os olhos também. Quando me afastei, ele ainda lambia os lábios, mordendo-os no final. – Obrigado por tudo.
Contornei-o e passei pela porta arrombada daquele que havia sido o meu quarto nos últimos meses. Fiz isso sem intenções de olhar para trás, temendo que pelo menos uma pequena fagulha de arrependimento fosse me fazer querer desistir daquela decisão. E agora o que eu desejava era ir para longe dali. Para onde ao certo eu ainda não sabia, mas qualquer praça com árvores seria mais confortável do que estar naquela casa. De qualquer forma, meu voo não estava tão distante de acontec...
– Blaine – Sam disse, de repente.
– Sim? – eu disse, girando nos calcanhares, contradizendo todo e cada um dos pensamentos que eu havia acabado de ter, procurando a atenção de Sam.
– Tudo o que você disse sobre paixão, frustração e falta de compreensão faz muito sentido, de um jeito que eu jamais pude imaginar.
– Que bom que você pensa isso.
– Mas o que você disse sobre o Ralph... – Ele sacudiu a cabeça em negativa, tomando ele próprio um ar sombrio. – Você não sabe sobre o que está falando. O que houve entre mim e ele foi algo completamente diferente do que houve aqui agora.
Eu continuei a mirá-lo, exigindo uma explicação.
– Mas não vou falar disso com você – foi o que ele disse, no entanto. – Não agora. Se você quiser ficar mais alguns dias, talvez eu te conte a história e revele o que há por trás de tudo. Do contrário...
Eu senti vontade de rir. Aquilo já era demais para a minha cabeça.
– Acho que posso conviver com essa curiosidade.
Eu ainda olhava para trás quando caminhei corredor adentro e foi assim que assisti a parede encobrir por inteiro a minha vista de Sam. O medo que eu sentia de querer voltar atrás deixou de se fazer presente nesse instante. Eu me sentia seguro sobre o que desejava e nada, nem um olhar pedinte de Sam, poderia me fazer desistir do meu plano agora.
Uma pena eu não poder falar com a Angelina antes de ir. Quem sabe mais tarde eu não envio uma mensagem de texto para ela, com uma despedida decente, explicando o que aconteceu?
Até lá, só espero ser rápido o bastante para evitar que ela seja presa por filicídio e, assim, jamais tenha outra oportunidade de apanhar o celular outra vez. Isso sim seria triste de verdade.FELIZ ANO NOVO. ❤
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BLAM!
FanfictionBlaine é obrigado a se mudar para o Maine quando seus pais, por conta do trabalho, também se mudam. Angelina, a amiga de sua mãe, pessoa que não vê problema em aceitá-lo na própria casa durante esse tempo, é uma excelente pessoa, mas Blaine não tem...