capítulo 17

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Tara

Ao chegar no clube fui direto com a Maria para o vestiário. Mudar para roupa de banho.

Já estava mau. Agora estou além, além mesmo do fundo do poço, só em saber que irão me vê... Com poucas roupas. Vestir um maiô com uma saída de praia por cima. Ainda dá para ver muito de mim.

Respirei fundo. Não é nada demais. – comecei a repetir na cabeça.
Um ponto fixo invisível no horizonte, foquei nele. Nada de olhar para nada nem ninguém.

Sentir os olhares em mim, ignorei.

— Oi, gente?  – Agatha chegou toda perfeita, comprimentando todo mundo. Ela é bonita sem dúvidas.

O pessoal a mesa a saudaram.

— Mãe? – Maria me chamou baixinho.

— Sim, meu bem? – Virei-me pra ela.

— O tio Tom...ele tá olhando muito pra senhora. – ela intercalou o olhar entre mim e o homem citado.

— É impressão sua, filha.

— Não é não. – Insistiu.

— Maria Eugênia, já chega desse assunto. – ela bufou.

As horas e minutos seguiram. A conversa estava animada até os homens começarem a falar sobre trabalho. E conseguentemente o foco das magrelas virou eu. Maravilha.

— Então...como é mesmo o seu nome? –?a loira magrela falou.

— Não sabe o nome da minha, mãe? – a minha pequena pareceu indignada.

Ela riu com descaso, como se não se importasse.

— Não é que eu não saiba... – começou.

– O que é então? – Maria cruzou os bracinhos irritada. Ela é como eu, se irrita facilmente.

— É que... – Taylor começou e parou.

— Mamãe, vamos sair daqui. – Maria pegou na minha mão.

Ajustei a canga no corpo e sair com a minha filha sem ao menos olhar para trás.
No outro lado do clube estamos assistindo uma partida de tênis. É assim que se fala sobre tênis? Sei lá. Só sei que dois jogadores rebatendo uma bola verde saltitante, fazendo barulhos, em geral...tênis é legal.
Sem contar nos mines shots que eles estão usando. Uma ótima visão, um deles pelo menos. Hum!

— Mamãe, posso tomar mais um sorvete?

— Daqui a pouco iremos almoçar querida. Não acha melhor deixar para tomar outro sorvete como sobremesa?  – ela ficou pensando e afirmou com a cabeça.

— Oi.

Desviei a atenção da partida de tênis, para a pessoa que acabou de falar comigo?
Olhei para o lado de onde vinha a voz e...foi a pior coisa que fiz em todo minha vida.

Gelei na hora. O ar ficou pesado, sufocante, esmagador.

Meus olhos não saiam dele. Ele está aqui, bem na minha frente, nos olhando. E eu não consigo falar nada. Mal respiro.

— Olá. – Maria respondeu sorridente.

Meu Deus!

O que faço agora?
Eu podia fazer um milhão de coisas, na verdade não. Meu estado de choque não permite.

— Você é muito bonita, pequena. – sorriu para a minha filha. Maria balançando os pezinhos, o rosto sujo de sorvete.

O que? Ele a chamou de pequena, como eu a chamo.

— Obrigada. Eu puxei a minha mamãe, todo mundo diz. Ela não é linda. – Maria olhou pra mim.

— É sim. – agora ele me olha, uma sombra de um sorriso no rosto.

Depois desses anos todos, ele aparece assim. Puf! Apareceu. E para piorar a minha vida no momento mais complicado, emocionalmente falando.
Ele não tem esse direito. O que esse homem quer meu Deus?

Só saberei todas as respostas se eu o perguntar, ou não.
Abri a boca várias vezes e nada saia.

— Surpresa? – maldito. A sombra do sorriso, deu lugar a um sorriso presunçoso.

— O você quer, Adam? – conseguir conseguir dizer.

Só de falar o nome dele em voz alta, com ele aqui bem na minha frente, me aperta o peito e me da vontade de me estapear.

— Nada em específico. Mas me diz Tara, o que acha que eu quero? Hum? –  mexeu nos cabelos da minha filha. Trinquei os dentes para não lhe empurrar para longe da minha filha.

Ela é minha. Minha filha.
Esse ser sem significado algum não vai tirá-la de mim.

— Maria. Vá com o Vovô. –  pedi/mandei.

— Aquela mulher tá lá. – fez careta.

— Faça o que estou pedindo, filha.

— Não garanto que vou ficar calada, ela é bem chata. – avisou.

Esse jeitinho todo mau humorado que ela tem com quem não a agrada é tão...eu. Há muito mais de mim em Maria do que de Adam. E agradeço a Deus por isso.

— Já que a nossa...

— Cala a boca! Não ouse! – rosnei.

— Raramente ficava irritada. – riu, um som anasalado  – Evoluiu. Entendia tudo, uma pessoa...relex? – ele está debochando de mim?

— Diga de uma vez o que veio fazer aqui?Assim você vai embora o quanto.

A surpresa já passou. O que sinto agora é raiva, ódio para ser mais específica.
Eu odeio esse homem. Motivos não faltam.

— Ah! Tara... – Falou meu nome pausadamente e riu no final.

Não acredito que um dia amei esse, essa... coisa.
O odeio com tudo que há em mim.

O HÓSPEDE DO QUARTO AO LADO (Concluído em edição )Onde histórias criam vida. Descubra agora