Por amor, cobiça e inveja

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Matias não conseguia parar de pensar na possibilidade de ter Bárbara em seus braços. Estava pensando seriamente em se aliar a Isabel e aceitar seu plano.
Após alguns dias de conflito interno com a mente, já tinha uma resposta para apresentar a Isabel.
No fim daquele dia foi até a boate atrás da garota de programa, Teodora o atendeu:
- Olá meu jovem rapaz, o que procura?
- Boa noite, gostaria de falar com a Isabel, ela se encontra?
- Sim, vou chamá-la.
Teodora vai até o quartinho das meninas e chama por Isabel, que se surpreende ao saber que Matias havia voltado:
- Matias, então você voltou, achei que nunca mais pisaria aqui, pensei que iria correndo falar para Bárbara onde estou e tudo que lhe falei naquela noite. Do jeito que é puxa-saco e boboca.
- Voltei sim, não fiz isso e já tenho uma resposta pra sua proposta.
- Vamos sentar ali, assim ficamos mais à vontade. -Acomodaram-se numa das mesas, pediram uma cerveja e ansiosa Isabel queria saber sua escolha.
- Então Matias o que você decidiu? Aceita ou não o meu plano.
- A última coisa que queria fazer é mal à Bárbara, mas eu sei que é pro bem dela, que ela vai ser mais feliz ao meu lado.
- Então isso quer dizer?
- Quer dizer que aceito, topo me aliar a você.
- Dessa vez você me surpreendeu Matias, não esperava por isso.
- Cansei de ser bobo, Bárbara é minha. Vou aproveitar que já iria embora mesmo antes de você aparecer com essa proposta e vou levar ela comigo. Vou criar aquela criança junto com ela, seremos muito felizes. Creio que no início ela possa resistir, mas com o tempo ela vai me amar.
- Assim que se fala Matias, tá na hora de você ter o que é seu por direito.
- Mas como colocaremos esse plano em prática? Como vamos sequestra-la?
- O dia do casamento é um dia perfeito.
- No casamento não é muito arriscado?
- É perfeito. Momentos antes dela entrar no altar, você inventa que quer falar algo com ela, então quando estiver a sós eu apareço, então com clorifórmio nós a apagamos, retiramos a roupa dela, eu visto o vestido de noiva e ela fica com a minha roupa. Depois você amarra as mãos e pernas dela, coloca uma amordaça na boca pra evitar que ao acordar ela grite, leva ela pro seu carro e depois parte para Porto Alegre com a sua amada. E eu de noiva, entro deslumbrante na igreja e me caso com Raul e assumo o lugar da minha querida irmã.
- Mas não queria usar de violência.
- Mas vai ser necessário, não existe outra forma de você levar ela.
- E quanto a gravidez?
- Ela tá só de dois meses, nem da pra aparecer ainda e depois eu finjo que perdi a criança, ninguém vai suspeitar.
- E se der tudo errado?
- Se der tudo errado deu. Eu sou mulher com m maiúsculo, assumo meus erros e você vai ter que fazer o mesmo. Mas para evitar que dê algo errado, temos que planejar tudo nos mínimos detalhes.
Ali naquela noite Matias e Isabel acertaram tudo, para eles aquele oudado plano não tinha como dar errado. Ficou acertado que Matias iria para Porto Alegre preparar a casa que viveria com Bárbara após o sequestro, escolheu uma casa perfeita, com muros altos e instalou janelas com isolamento acústico, que impediam a entrada e saída do som. Um verdadeiro cativeiro disfarçado de casa. Depois passou para Isabel toda a rotina de Bárbara e apresentou através de fotos quem era quem ao redor da professora. Deu um jeito de furtar os documentos pessoais de Bárbara e os entregou a Isabel, que após o sequestro os assumiria. Se informou sobre o casamento, onde Bárbara se arrumaria. Descobriu que se aprontaria num hotel próximo a igreja onde aconteceria o casamento. O que era perfeito para um disfarce de camareiros que possibilitaria a aproximação com o quarto onde Bárbara se arrumaria para o casamento. Estava tudo pronto para colocarem a tramóia em ação.
Matias aceitara toda aquela sujeira em nome do amor que sentia por Bárbara já Isabel, por cobiça e inveja, por não suportar ver a felicidade da irmã, por isso almejava o seu lugar.
Na boate dias antes do casamento, Isabel junto de Teodora seriam surpreendidas com uma notícia inesperada. A vigilância sanitária fechou o bordel de Teodora, alegaram que uma pessoa havia contraído hepatite B no local e que o estabelecimento se tratava de um lugar insalubre. Ninguém esperava por aquilo, tudo caiu como uma bomba. Teodora claro ficou arrasada, viu todo o trabalho e esforço de uma vida em ruínas. No entanto sabia que tinha que seguir em frente e com seus 60 anos já estava cansada daquela vida. Reuniu as meninas e havia um comunicado a fazer:
- Bom garotas, as reuni aqui porque tenho algo pra dizer a vocês. Ninguém esperava por isso, mas aconteceu, não podemos mais abrir a casa. Confesso que isso dói, dói demais. Isso aqui é a minha vida, mas fazer o que, temos de seguir em frente e tomei uma decisão. Antes de mais nada queria deixar claro que apesar dos arranca-rabos, dos problemas e dificuldades eu amo vocês. São como as filhas que nunca tive. Uma das coisas que mais me arrependo nessa vida é daquela maldita laqueadura que fiz no passado que me impediu de ter filhos. Então vocês substituíram os filhos que nunca tive. Amo cada uma de vocês. Mas tomei uma decisão, vou entregar os pontos, vou fechar tudo, vou vender o ponto.
Emocionada, Leniza, uma das garotas, disse:
- E nós vamos pra onde?
- Como filhos que depois crescem, infelizmente vão ter que se virar. Sei que a vida é dura com vocês, ninguém tá aqui porque quer, mas sim porque precisa. Mas o que eu posso fazer? Não posso fazer nada. Vou dá uma graninha pra cada uma e espero que cada uma faça o melhor proveito possível. Dez mil, acho que é o suficiente pra vocês recomeçarem.
- Nossa!,você tem tudo isso de dinheiro?
- São as economias de uma vida inteira Leniza, que foi conquistado com a ajuda de vocês.
- E você Teodora vai pra onde? - Pergunta Veronica, uma outra garota.
- Eu?, vou comprar uma casinha num sítio aqui na cidade e vou me mudar pra lá. Afastado de tudo e todos, vou me recolher, cansei da raça humana, já vi muitas atrocidades nessa vida, vocês nem imaginam. A minha única companhia será a natureza. O lugar é um pouquinho distante, mas vocês serão muito bem vindas. Agora é hora de cada uma seguir o seu caminho. Vem cá e me dêem um abraço.
Emocionada todas se abraçam.
O fato do fim da boate não fez a menor diferença a Isabel, pois iria embora dali em breve, só estava guardando o momento certo de agir.
Eis que chega o grande dia, o dia do casamento de Bárbara, aquela noite reservava fortes emoções aos personagens dessa história.
Já estavam todos preparados para o casamento. Raul estava em êxtase, mal acreditava que tudo aquilo era verdade, parecia tudo um grande sonho. Bárbara num hotel próximo da igreja se vestia, Talita se prontificou para ajudar a amiga e desde cedo ao seu lado organizava todos os detalhes. Faltava pouco, mais de uma hora, os convidados já começavam a chegar. Em pouco tempo estaria lotada, todos à espera da noiva.
Bárbara já estava pronta, com um importado vestido branco, com unhas vermelhas, uma leve maquiagem e um coque assimétrico estava deslumbrante. Talita que ainda estava no quarto se despediu:
- Então eu vou minha amiga para a igreja, o seu carro já está lá embaixo e em instantes você será uma mulher casada.
- Nem acredito Talita, é muita emoção. Muito obrigada viu por tudo que você fez pra me ajudar. Já já eu vou pra igreja, ainda faltam alguns minutos. Vou aproveitar esse tempinho para fazer uma oração.
Matias estava escondido no seu carro dentro do estacionamento do hotel, aproveitou a saída de Talita e subiu até o quarto onde Bárbara se encontrava.
Isabel já estava infiltrada no hotel disfarçada de camareira. Matias bate na porta do quarto, atiçando a curiosidade de Bárbara que queria saber de quem se tratava:
- Entre.
- Licença Bárbara, sou eu o Matias, posso entrar.
- Claro, pode entrar. Ai chegou o grande dia meu amigo, nem to acreditando. Sei que é difícil pra você me ver casando com outro homem, mas me deixa muito feliz sua presença nesse dia tão especial pra mim.
- Vim até aqui Bárbara porque tenho uma surpresa pra você.
- Surpresa?, qual?
Matias abre a porta do quarto e Isabel ressurge na vida de Bárbara.
- Essa surpresa aqui.
- Isabel. Você a encontrou e a trouxe para o meu casamento. Mas porque está vestida assim, de camareira.
Com um ar de deboche, Isabel entra no quarto:
- Na verdade eu não vim para o seu casamento.
- Veio pra que então.
Matias fecha a porta do quarto, se aproxima de Bárbara e começa a segura-la:
- Me desculpe Bárbara, eu não queria fazer isso, mas é pro seu bem, um dia você vai me agradecer.
- O que é isso Matias, me solta, o que vocês querem?, não to entendendo nada. Me solta.
Isabel pega o clorifórmio em sua bolsa, o molha num pano branco e se aproxima de Bárbara, que desesperadamente começa a gritar por socorro. Matias tenta impedir tampando a sua boca. Por trás Isabel prensa o pano no nariz da irmã que perde completamente os sentidos e desmaia, caindo sobre a cama.
Isabel então aproveita pra se trocar, colocando o vestido da irmã:
- Vamos rápido Matias, me ajuda aqui, além desse vestido, tenho que passar a maquiagem, arrumar as unhas e o cabelo, nada pode dar errado.
- Vou colocar a roupa nela e amarrar as mãos, pernas e colocar a mordaça. Matias num carrinho da lavanderia colocou Bárbara desacordada e a levou até o estacionamento onde a colocou em seu carro. Em uma hora o plano estava concluído. Isabel vestida de noiva e Matias com sua amada no carro.
No estacionamento se despediram:
- Pronto Matias, tudo pronto. Agora é cada um por si.
- Boa sorte Isabel e que nunca possam descobrir nossa farsa.
- Boa sorte pra você também Matias, que você possa ser muito feliz aí do lado da minha irmã.
Matias seguiu para Porto Alegre e Isabel entrou no carro que aguardava Bárbara do lado de fora do hotel.
A igreja estava cheia, todos os bancos ocupados. Isabel no trajeto até a catedral estava nervosa, mas sabia que não tinha mais como voltar atrás, agora seria Bárbara. Chega até a cerimônia. A marcha nupcial começa a tocar, a porta da igreja se abre e Isabel surge na pele de Bárbara.

A UVA PODREOnde histórias criam vida. Descubra agora