Mais que amigos

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Isabel estava ansiosa para a próxima visita de Alejandro ao bordel, contando os dias para que ele voltasse, já tinha em mente como fazer para conquista-lo e iria usar toda sua sedução para conseguir o que quer.
Em Parreiral o clima de romance entre Bárbara e Raul permanecia. Como Matias estava viajando, o diretor fazia questão de levar e buscar Bárbara em casa. Na terça-feira daquela semana haveria reunião dos professores no Elite gaúcha, todos já estavam lá, discutiram projetos e outros assuntos relacionados ao colégio, era por volta das 9 da noite quando a assembléia terminou, todos os professores se despediram e foram embora, estavam apreensivos, pois o tempo estava para chuva e ninguém queria se molhar. Restaram apenas Bárbara e Raul que havia lhe oferecido para levá-la em casa. Se atrasou um pouco já que tinha que arquivar alguns documentos, Bárbara o esperou. No entanto o que não imaginavam é que uma forte tempestade de granizo deixariam-os presos no colégio.
Raul:
- Que merda! Deixei meu carro estacionado na rua de baixo, como vamos embora?, não trouxe nem guarda-chuva.
- Nem eu, não esperávamos que cairia essa tempestade. Mas sem problemas, podemos esperar um pouco até a chuva diminuir.
- É o jeito né. Está com fome?
- Confesso que sim, estou desde o almoço sem comer nada.
- Vamos até a cantina fazer um lanche, ao menos a chave está comigo.
Chegando na cantina Bárbara preparou um sanduíche para os dois enquanto Raul preparava um suco. Ao se servirem Bárbara acaba derrubando um pouco de suco na camisa de Raul, deixando-a sem jeito:
- Oh, que desastrada, me desculpe Raul, não foi minha intenção.
Inconscientemente Bárbara toca em Raul com a intenção de limpa-lo. Por um momento os olhares se cruzam e um silêncio toma conta da situação. Percebendo que Bárbara estava tímida com o acontecido, Raul tenta acalma-la:
- Sem problemas Bárbara, ao chegar em casa troco de camisa. Ou melhor acho que nem será preciso tenho uma camisa na minha sala.
- Tem, que sorte, me desculpa.
Após comerem o lanche foram pra sala do diretor. A tempestade continuava forte. Raul pegou a camisa e começou a se trocar, ali na frente de Bárbara mesmo, que sem graça tentou desviar os olhares, mas acabou não resistindo e com os arregalados olhos observava Raul que de repente se aproxima pedindo-a que arrumasse a gola da camisa. Ao sentir novamente o toque de Bárbara, Raul se entrega, vira de frente e começa a se declarar com o coração acelerado segurando as mãos de Bárbara:
- Bárbara sei que pode parecer loucura já que te conheci à pouco tempo, mais eu tenho que falar. Estou apaixonado por você, só penso em você, você me atrai como nenhuma mulher nunca me atraiu. Você é inteligente, bonita. Você deve tá me achando um louco, mas eu preciso desabafar.
Assustada, com o coração disparado e ao mesmo tempo feliz com o que acabara de ou vir, com a voz engasgada e olhando nos olhos de Raul disse:
- Não, eu não te acho um louco, pelo contrário te acho um homem incrível pelo qual me apaixonei perdidamente.
Naquele momento se beijam loucamente, um beijo sufocado, desesperado, demonstrando que queriam aquilo há muito tempo. Começam a se despir, arrancando a roupa um do outro e ali mesmo na mesa da sala da direção em meio a papéis e canetas se atracam como dois lobos sedentos. Lá fora a chuva continua forte com muitos relâmpagos e trovões que fazem com que a luz da sala tivesse picos de ida e volta, tornando o ambiente propício para que Bárbara e Raul se amem intensamente.
Em Porto Alegre, não chovia e naquela noite mesmo de terça, Alejandro retornou ao Bela night. Após uma grande discussão com a noiva chegou ao bordel, visivelmente irritado se sentou em uma das mesas. Isabel fica radiante com a sua chegada, já estava preparada, sabia que poderia aparecer a qualquer momento. Com um vestido roxo, com um batom bem marcado, toda sensual foi em sua direção, sentou-se e ficou surpresa com o que ouvira:
- Chega, chega Isabel. Eu quero você, eu aceito você, quero te tirar dessa vida, me casar com você, te dar tudo do bom e do melhor. Aquela mulher não me merece, estou com nojo dela. Ela não merece fidelidade. Vamos pra um dos quartos. Quero você.
Era tudo que Isabel queria ouvir, mas sabia que tinha que ser cautelosa:
- Calma aí, não é bem assim não.
- Não como, dias atrás você se ofereceu pra deitar-se comigo.
- O problema é que estou farta de promessas, você acha que eu não sei como funciona. Vocês prometem, prometem, que vão me tirar dessa vida, que vão largar das esposas, mas depois que se satisfazem vão embora e nunca mais aparecem aqui. Eu não sou burra não.
Isabel sabia o que estava fazendo, sabia que tinha enfeitiçado Alejandro com sua beleza incomum e que estava disposto a tudo por ela e sabia que se deitasse com ele naquele momento, logo após se arrependeria e voltaria para a noiva.
- Você é mesmo louca, se deita comigo logo, vamos, eu pago o quanto quiser.
- Se quiser se contente com as outras garotas.
- Eu não quero elas, estou aqui por você.
- Não adianta, se me quiser de verdade vai ter que me tirar dessa vida, vai ter que casar de verdade, se separar da noivinha. Não quero promessas, quero atitudes, agora me dá licença que tenho outros problemas a resolver.
Isabel se levanta, vai embora e o deixa falando sozinho:
- Maldita, feiticeira, você me enfeitiçou...
Alejandro estava hipnotizado por Isabel como nunca nenhum homem havia ficado, e se antes não queria nada além de admirar sua beleza, agora tinha a certeza de que a noiva não o merecia e a cada vez que Isabel se negava aumentava o seu desejo.
No Elite gaúcha após se amarem loucamente Raul e Bárbara se vestem, descabelados e suados aguardam o fim da chuva, que já caía em forma de garoa. Após longos minutos de silêncio Raul se pronuncia:
- Vamos a chuva já tá menor, dá pra ir.
Bárbara apenas balançou a cabeça que positivo. Trancaram as portas e o portão e entraram no carro. No trajeto não trocaram uma palavra se quer, seguiram num silencio absoluto onde se ouvia apenas a palheta do limpador de para-brisas que limpava as finas gotas de água que batiam no vidro do carro. Ao descer Bárbara disse apenas um até amanhã que foi respondido por um até de Raul.
Quase não conseguiram dormir pensando no que tinham feito. No dia seguinte antes das seis e trinta da manhã se ouve uma batida na porta de Bárbara, que se perguntando quem será, abre a porta, era Raul:
- Você, veio cedo hoje, achei que viria às sete.
- É que quero ter uma conversa com você, posso entrar.
- Claro, fique à vontade, a casa não é minha mas é como se fosse.
- Queria falar sobre ontem, não posso agir como um canalha, sei que estávamos no calor da emoção, mas lembro de você ter dito que estava apaixonada por mim e eu também me declarei por você, então não vejo motivos que impeça de estarmos juntos. Você quer namorar comigo?
Feliz com o que acabava de ouvir, Bárbara o responde:
- Não, você não é um canalha, também fui conivente com o que fizemos e pra falar a verdade eu amei, foi incrível, nunca fui desejada daquela forma. Claro que aceito o seu pedido, como disse ontem volto a repetir, você é um homem incrível.
Ali se beijam e começam a escrever juntos uma história de amor.
No bordel de Isabel ao acordar se depara com Alejandro dormindo sentado em uma das mesas. Não havia ido embora, estava morto de bêbado e ao perceber que já era dia tentou se levantar, mas o álcool ainda o dominava e caído no chão olha para Isabel que ainda de camisola se aproxima e embriagado o espanhol se declara:
- Eu quero você, seja minha, eu quero você Isabel. Não faça isso comigo.
- Eu ou a sua noiva. Você é quem escolhe, a decisão é sua. Te dou uma semana para pensar e escolher o que seja melhor para você. Caso me escolha, serei toda sua. Agora levanta desse chão e vai embora, as meninas tem que fazer a faxina.
- Eu vou, mas eu volto. Pode esperar.

A UVA PODREOnde histórias criam vida. Descubra agora