Chapter IV - The Malificent Angel

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Ainda tentava respirar fundo depois daquela notícia. Charles Clifford e a Irmã Candice eram, de certa forma, minha família. Mas mamãe jamais os mencionara, entretanto, algo me dizia que havia uma razão.

- Deve estar se perguntando por que nunca apareci na Ação de Graças - disse ela, com um ar debochado, levantando-se.

- Meio que isso - disse, esperando a sua resposta.

- Eu e sua mãe não éramos exatamente as irmãs mais próximas - disse Candice, fitando-me - Tudo piorou após a morte do nosso pai. Quando crianças, idealizávamos uma vida perfeita.

Ela sorria, certamente memórias boas ecoaram sua mente.

- Vida perfeita ? - indaguei

- Sim - disse ela - Como garotas conservadoras, sonhávamos em ter nossa própria família. Sua mãe sonhava em ter gêmeos, mas nunca conseguiu ter. E eu, simplesmente, sonhava em sair de casa, viver longe do nosso pai autoritário e arcaico.
- Mas pelo que você disse a relação de vocês duas eram estável - disse, tentando não cutucar demais na ferida - O que ocasionou essa briga que fez vocês se distanciarem por completo ?Candice repôs o capuz do seu Hábito, sorrindo de maneira melancólica.

- O que faz duas garotas brigarem na maioria das vezes - retrucou ela - Um garoto. E esse garoto se chama Patrick Derringer.
- Papai - murmurei.

- Seu pai era sedutor, educado e enigmático - proferiu ela, apoiando-se em uma estátua - E acabou ocasionando nossa separação. Não que tenha sido culpa dele, o nosso orgulho e luxúria ocasionou na nossa separação.
- Como soube da morte deles ? - perguntei.

- Pelos jornais. Foi uma notícia ao qual meu emocional não estava pronto para receber - afirmou ela - Acho que a morte tornou-se uma incógnita para mim desde Charles.
- O corpo deles será liberado depois de amanhã para o funeral - disse, singelamente - Gostaria de ir comigo ?

Candice assentiu, de leve. Após um breve momento, vejo ela direcionando o olhar para os portões do castelo.

- A Irmã Sarah está chamando você - disse ela - Provavelmente suas coisas chegaram.
Virei-me para ver a mulher de quem Rosalie falara tão bem. Ela tinha feições gracejosas, um sorriso que acalentava bondade. Ela era um tanto jovem, talvez tivesse a mesma idade dos meus pais ou até menos. Quando olhei para Candice para me despedir, ela já havia ido embora.
Andei em direção ao portões tentando tirar do meu pensamentos meus pais, Candice, Charles e tudo aquilo que estava ligado á mim, por uma cortina de fumaça.

+++

- Então você é a Addison - disse a Irmã Sarah - É um grande prazer vê-la, querida.

- Igualmente. Rosalie falou muito bem de você - disse, soando mais agradável do quê esperava.

- Rosalie sempre gentil - disse ela - Na verdade, sou apenas uma professora.

- O que você ensina ? - questionei, verdadeiramente curiosa.

- No meu ponto de vista, sobre a vida. Mas propriamente dito, ensino Religião - disse ela - Devido a origem de Chateau Miranda, a católica.

- Nunca tive aulas religiosas - disse, espontaneamente - Minha família nunca fora muito cristã, na verdade.
Sinto uma leve pontada de dor em mencioná-los.
- Compreendo - disse a Irmã Sarah, guiando-me até sua sala, onde por fim, sentamos. - O mundo é um lugar atormentando, Addison. A religião existe para tentar apaziguar as forças do bem e do mal que nos cercam todos os dias.

- Você fala de Deus e Satã ? - Cruzei as pernas, colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha.

- O bem e o mal são vertentes bastantes distintas, mas que acabam se encontrando em suas diretrizes - disse ela - Deus e Satã são apenas representações daquilo que todos sabem: Todos os monstros são humanos.

- Acho que não entendi direito - disse, sem uma expressão definida.
- Vamos ao princípio - disse ela - Lúcifer era um anjo, o mais lindo de todos. Entretanto, a soberba e o desejo de poder o fizeram almejar o trono do Altíssimo.

- No jardim, a estátua de Lúcifer está representada como "O Anjo Malévolo" - disse - Há algo por trás disso ?
- Essa estátua, assim como as outras, vieram da França - disse ela - E nessa época, a França Renascentista estava no ápice da caça ás bruxas. Em um culto satânico, a líder do grupo mais influente de Paris, Helen Duncan, declamou seu amor por Satã ao criar uma estátua feita de ossos de crianças.
Engoli em seco, tentando afastar a imagem da minha cabeça.

- O ponto é - disse ela - Satã não age por si só, ele precisa de um representante, um auxiliar. Helen Duncan sabia disso e profetizou que um dia, o Anjo Malévolo nasceria para trazer o seu mestre de volta ao mundo dos mortais.

- Isso é muito mórbido, na verdade - disse - Mas é bastante interessante.

- Concordo, mas isso é apenas uma lenda - disse ela, entregando-me uma caixa e um sorriso encantador - Aqui estão suas coisas, suba para o seu quarto, querida. Já são 18:00, Sidney deve estar espreitando os corredores.

- Claro... Obrigada, Irmã - disse.

- Me chame de Sarah - disse ela - Agora vá.

Assenti, saindo da sala. Iria passar rapidamente para ver Chris, se Rosalie já não o houvesse feito. Chateau Miranda era ainda mais assustador na escuridão, e os corredores íngremes me deixavam apreensiva na medida em que me esgueirava por eles. Sidney estava por ali em algum lugar, e como agora estava completamente só, ele poderia me atacar sem ressalvas. Entretanto, nem mesmo Sidney parecia estar ali.

- Não siga por aí - disse a voz grave e sarcástica de Chris atrás de mim.

Assustei-me, deixando minha caixa cair. Virei para encará-lo. Seus olhos misturaram-se com a escuridão, apenas sua voz era audível.

- Por que ? - murmurei, nervosa - Onde está Rose ?

- Aqui - sussurrou ela, descendo as escadas suavemente - Você demorou para aparecer.
- Estava conversando com a Irmã Sarah - disse - Mas o que ocasionou ambos estarem aqui ?
Um grito ensurdecedor veio da cozinha. Em uma troca de olhares, ambos seguimos até ele. O escuro nos fez bater em alguns móveis até enfim chegar na cozinha, onde uma garota estava de pé.
- Rachel, o que aconteceu ? - inquiriu Rose, gritando ao chegar ao seu encontro.
Numa poça de sangue mais a frente, o corpo de Sidney repousava.
- O que aconteceu ? - disse, trêmula.
- Eu não sei. Eu o encontrei assim - disse ela, chorosa - Mas o Anjo disse que íamos morrer. Que íamos todos morrer.









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