Chegando ao quarto, Cassandra encontrou sua camisola de seda branca estendida sobre a cama. Vestiu-a depois de tomar uma ducha rápida, embora achasse que não havia razão alguma para usar uma peça íntima tão bela.
Quando finalmente se deitou, foi que compreendeu o quanto estava cansada. Mal repousou a cabeça no travesseiro, dormiu de imediato.
Algum tempo depois, acordou ouvindo sons e movimentos no quarto ao lado. Soerguendo a cabeça, viu luz sob a porta do aposento. Permaneceu por alguns minutos quieta, tentando conciliar o sono. Em seguida, sem saber o que fazia, levantou-se e bateu à porta.
— Pode entrar.
Cassandra girou a maçaneta e empurrou de leve a porta. Na penumbra do quarto, viu Franco recostado na janela, olhando para fora, com um copo na mão.
— Olá! — disse ela, num tom descontraído.
Franco virou-se e ficou olhando-a por um longo tempo até responder:
— Vejo que perdeu o sono...
— Acordei há pouco e não consegui dormir mais — Cassandra explicou, um pouco constrangida. — Posso me sentar?
— Claro, fique à vontade.
— Pensei bastante sobre a viagem à Suíça e cheguei à conclusão de que prefiro ficar aqui. Eu gostaria de ajudá-lo de alguma maneira.
Franco estendeu-se de costas na cama, com as mãos entrelaçadas atrás da cabeça.
— De que forma?
— Bem, sei administrar uma casa.
— Maria faz isso melhor que ninguém.
— Eu toco piano, preparo excelentes coquetéis, sei servir vinho com os pratos certos, jogo xadrez e, para completar, sou exímia datilógrafa.
Franco não conteve uma gargalhada sonora.
— Adoro mulheres que atacam em todas as frentes!
— Então, concorda com a minha proposta?
— Na verdade, eu gostaria que você ficasse afastada dos meus negócios... Talvez você veja coisas que não vai entender, mas não faça perguntas. É a única maneira de me ajudar.
— Posso tentar isso também. Eu faria tudo para ficar por aqui.
Cassandra fez menção de sair, porém ele a deteve com um gesto.
— Espere um pouco... Quero avisá-la de uma decisão que tomei esta noite.
— De que se trata?
— Resolvi não voltar a ver Adriana, enquanto estivermos legalmente casados.
— Acho isso errado, Franco. Assim, vou sentir que realmente atrapalho.
— De forma alguma. Apenas não quero que você seja submetida à humilhação, como quase ocorreu hoje à noite. Você merece meu respeito e não pretendo embaraçá-la.
Sem lhe dar tempo para responder, Franco olhou o relógio e levantou-se.
— Já é tarde. É melhor você tentar dormir. Eu também estou me sentindo cansado.
Ele a ajudou a erguer-se, acompanhando-a depois até a porta.
De volta ao quarto, Cassandra apagou a luz e sentou-se perto da janela, pois continuava sem sono.
A brisa da noite acariciava-lhe o rosto e o silêncio cobria os jardins. Passados quinze minutos, porém, houve movimento no quarto ao lado e por fim a luz apagou-se. Mais alguns instantes de quietude, e em seguida o ruído de passos no corredor.
Pouco depois, Cassandra notou que a porta da rua se abria. Debruçando-se na janela para ver o que se passava, viu Franco aparecer no jardim. Ele acendeu um cigarro e quase no mesmo instante, vindo das sombras, surgiu o vulto de um homem trazendo uma espingarda nas mãos.
Franco conversou algo em voz baixa com o recém-chegado, e a seguir os dois começaram a caminhar, distanciando-se da casa.
Cassandra deixou-se cair na cadeira, pálida e amedrontada. Deus, o que estaria acontecendo?
VOCÊ ESTÁ LENDO
AO SABOR DOS TEUS CAPRICHOS
RomanceEram estranhos, mas já se desejavam como dois amantes Franco jurou descobrir todos os encantos, toda a sensualidade de Cassandra... A primeira vez que Franco viu Cassandra foi um deslumbramento. Montada num esplêndido cavalo negro, como uma amazona...