CAPÍTULO 7

20 1 0
                                    

Chegando ao quarto, Cassandra encontrou sua camisola de seda branca estendida sobre a cama. Vestiu-a depois de tomar uma ducha rápida, embora achasse que não havia razão alguma para usar uma peça íntima tão bela.

Quando finalmente se deitou, foi que compreendeu o quanto estava cansada. Mal repousou a cabeça no travesseiro, dormiu de imediato.

Algum tempo depois, acordou ouvindo sons e movimentos no quarto ao lado. Soerguendo a cabeça, viu luz sob a porta do aposento. Permaneceu por alguns minutos quieta, tentando conciliar o sono. Em seguida, sem saber o que fazia, levantou-se e bateu à porta.

— Pode entrar.

Cassandra girou a maçaneta e empurrou de leve a porta. Na penumbra do quarto, viu Franco recostado na janela, olhando para fora, com um copo na mão.

— Olá! — disse ela, num tom descontraído.

Franco virou-se e ficou olhando-a por um longo tempo até responder:

— Vejo que perdeu o sono...

— Acordei há pouco e não consegui dormir mais — Cassandra explicou, um pouco constrangida. — Posso me sentar?

— Claro, fique à vontade.

— Pensei bastante sobre a viagem à Suíça e cheguei à conclusão de que prefiro ficar aqui. Eu gostaria de ajudá-lo de alguma maneira.

Franco estendeu-se de costas na cama, com as mãos entrelaçadas atrás da cabeça.

— De que forma?

— Bem, sei administrar uma casa.

— Maria faz isso melhor que ninguém.

— Eu toco piano, preparo excelentes coquetéis, sei servir vinho com os pratos certos, jogo xadrez e, para completar, sou exímia datilógrafa.

Franco não conteve uma gargalhada sonora.

— Adoro mulheres que atacam em todas as frentes!

— Então, concorda com a minha proposta?

— Na verdade, eu gostaria que você ficasse afastada dos meus negócios... Talvez você veja coisas que não vai entender, mas não faça perguntas. É a única maneira de me ajudar.

— Posso tentar isso também. Eu faria tudo para ficar por aqui.

Cassandra fez menção de sair, porém ele a deteve com um gesto.

— Espere um pouco... Quero avisá-la de uma decisão que tomei esta noite.

— De que se trata?

— Resolvi não voltar a ver Adriana, enquanto estivermos legalmente casados.

— Acho isso errado, Franco. Assim, vou sentir que realmente atrapalho.

— De forma alguma. Apenas não quero que você seja submetida à humilhação, como quase ocorreu hoje à noite. Você merece meu respeito e não pretendo embaraçá-la.

Sem lhe dar tempo para responder, Franco olhou o relógio e levantou-se.

— Já é tarde. É melhor você tentar dormir. Eu também estou me sentindo cansado.

Ele a ajudou a erguer-se, acompanhando-a depois até a porta.

De volta ao quarto, Cassandra apagou a luz e sentou-se perto da janela, pois continuava sem sono.

A brisa da noite acariciava-lhe o rosto e o silêncio cobria os jardins. Passados quinze minutos, porém, houve movimento no quarto ao lado e por fim a luz apagou-se. Mais alguns instantes de quietude, e em seguida o ruído de passos no corredor.

Pouco depois, Cassandra notou que a porta da rua se abria. Debruçando-se na janela para ver o que se passava, viu Franco aparecer no jardim. Ele acendeu um cigarro e quase no mesmo instante, vindo das sombras, surgiu o vulto de um homem trazendo uma espingarda nas mãos.

Franco conversou algo em voz baixa com o recém-chegado, e a seguir os dois começaram a caminhar, distanciando-se da casa.

Cassandra deixou-se cair na cadeira, pálida e amedrontada. Deus, o que estaria acontecendo?

AO SABOR DOS TEUS CAPRICHOSOnde histórias criam vida. Descubra agora