CAPÍTULO 25

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Na manhã seguinte, ao escutar novamente o ruído do caminhão, Cassandra imaginou que, se para provarem que ela estava viva fossem fotografá-la lendo o jornal do dia, haveria um meio de mandar um sinal para Franco.

Apesar de não ter a mínima idéia de onde se encontrava, lera a placa do veículo. E, se pudesse posicionar os dedos de forma a indicar números, talvez percebessem uma mensagem oculta e se esforçassem para decifrá-la.

Com essa esperança, ficou imóvel sobre a cama, esperando seus carcereiros, que entraram logo em seguida. Eram as mesmas três pessoas da véspera.

O sujeito de nariz machucado entregou-lhe o jornal, e preparou a câmera para uma nova foto.

Rapidamente, Cassandra posicionou quatro dedos da mão direita, segurando uma parte do jornal, bem expostos; da mão esquerda, expôs apenas dois dedos. Posou, olhando fixamente para a mão direita.

O seqüestrador nada percebeu e em pouco tempo todos se retiraram.

Pela primeira vez nos últimos dois dias, Cassandra sentiu-se menos desesperada, como se tivesse dado um passo que de alguma forma iria ajudar na sua libertação. Aqueles bandidos teriam uma surpresa com ela!

Cinco dias mais tarde, enquanto mostrava a Forli as fotografias que os raptores de Cassandra haviam enviado, Franco de repente teve uma idéia.

— Onde está a primeira dessas fotos? — perguntou, ansioso.

O velho entregou-a, espantado.

— O que aconteceu? Viu alguma coisa?

— Olhe as mãos dela nesse jornal.

— O que há demais? Está apenas segurando o papel.

— Certo. Ela pega o jornal como todo mundo. Agora, olhe a segunda foto. Na mão direita aparecem quatro dedos e na esquerda somente dois. Um quatro e um dois. E o quatro deve ser o primeiro número porque ela está olhando diretamente para a mão direita.

— Ainda não entendi...

— Veja a terceira foto: Cassie segura o jornal na parte de cima, com os quatro dedos de cada mão juntos. Isto quer dizer oito. Ela está tentando nos dizer onde se encontra, Forli.

Franco enfileirou as fotos pela ordem da chegada e, em seguida, anotou o número, seguindo os dedos de Cassandra. Sentia-se vibrar com nova esperança.

— Mesmo que seu raciocínio esteja certo, Franco, o que esses números significam? — perguntou Forli.

— Não sei. Pode ser um endereço, um telefone...

Tadeu, que ouvira toda a conversa, sugeriu:

— Ou aplaca de um carro.

— Também, claro.

De imediato, Franco chamou a polícia e lhe forneceu os números. Em seguida sentou-se perto do velho.

— Eles vão lançar aqueles números no computador e logo nos dirão qualquer coisa. Agora, temos que esperar.

Uma hora mais tarde o telefone tocou. Em silêncio, Franco escutou o que lhe diziam do outro lado.

— É o número de uma placa de carro. Ela conseguiu!

— Não cante vitória ainda, Franco.

— Ainda estou temeroso. Mas foi um grande passo. — Depois de uma pequena pausa, ele completou: — A polícia vai ao endereço do proprietário do carro e eu vou junto. Você quer ir também?

— É generosidade de sua parte me convidar, mas prefiro não aparecer envolvido nisso. Vou esperar e aguardar as notícias.

Menos de meia hora depois, Franco acompanhou a polícia, que seguia em carros civis, como disfarces. Estacionaram em frente ao endereço e após uma longa espera um caminhão aproximou-se. A placa era exatamente o número fornecido por Cassandra.

Dentro dos veículos da polícia, todos permaneceram parados e silenciosos. Era preciso esperar mais. Finalmente três pessoas saíram da casa e entraram no caminhão. Cuidadosamente, os carros de chapas frias os seguiram de longe.

Após meia hora na auto-estrada, o caminhão enveredou por uma trilha de terra que se embrenhava no meio de um vinhedo. Para não chamar a atenção dos bandidos, apenas um carro continuou na perseguição.

O caminho de terra batida conduziu a uma espécie de galpão, com janelas reforçadas por grades. O lugar estava vazio, exceto pelo veículo dos seqüestradores, que já se afastava.

Franco aproximou-se, rastejando, e conseguiu espiar por uma das janelas. Não viu nada, o que quase o desesperou. Com esforço, buscou a outra janela e então avistou Cassandra, sentada, com um jornal na mão.

Em seguida ele deu sinal para a polícia. Com machados, começaram a derrubada da porta.

Cassandra desesperou-se. Se os criminosos tinham acabado de sair, por que estariam de volta com tanta violência? Iriam matá-la?

Porém, quando a porta foi abaixo, dois policiais entraram na cela. E atrás deles apareceu Franco.

Lágrimas desceram pelas faces de Cassandra, ao mesmo tempo em que seu rosto se iluminava:

— Franco, meu amor! Eu tinha certeza de que você decifraria minha mensagem!

AO SABOR DOS TEUS CAPRICHOSOnde histórias criam vida. Descubra agora