CAPÍTULO 17

17 2 0
                                    

Cheia de esperança, Cassandra correu para lá, e só parou ao chegar à porta, que por sorte não estava trancada. Sem refletir, entrou na sala, tateando a parede em busca do interruptor de luz. Irritada, percebeu que faltava energia!

Embora tivesse notado também que a lareira estava com lenha arranjada, pronta para o fogo, lamentou não saber onde encontrar fósforos.

Mesmo assim, não desanimou. Apesar da escuridão total, percorreu quase todo o chalé, tropeçando em móveis, mas sem perder a esperança de encontrar algo com que acender o fogo.

Àquela altura da noite, era bem possível que as pessoas da villa estivessem à sua procura pelos arredores. Na realidade, ela não se sentia perdida, pois, dali do chalé, saberia pegar o caminho de volta. No entanto, faltava-lhe coragem para enfrentar a tempestade.

Quando, por fim, Cassandra alcançou um dos quartos de dormir, suspirou aliviada, pensando em despir-se e depois se enrolar com um cobertor.

Decepcionada, não tardou a perceber que a cama estava descoberta, sem sequer um lençol para recobri-la. Então, voltou para a sala, confortando-se com a idéia de esperar que a roupa secasse no corpo.

Encolhendo-se num canto do sofá, começou a cochilar, vencida pelo cansaço, quando de repente um ruído chamou-lhe a atenção. O som vinha de fora e não se relacionava com a tempestade. Será que era alguém procurando por ela? Ou estariam à procura da testemunha?

Com cuidado, Cassandra levantou-se e foi até a lareira. Apanhando o atiçador de ferro, voltou para junto da porta, decidida a se defender.

De repente, esta se abriu com um estrondo, ao mesmo tempo em que uma voz forte gritava:

— Cassie, você está aí?

Automaticamente ela soltou o atiçador no chão, enquanto respondia:

— Meu Deus! É você, Franco?

— Eu sabia que havia alguém aqui, mas não imaginei que fosse você. O que aconteceu? Você está bem?

— Claro que não! Estou encharcada, machuquei o ombro e quase tive um enfarte com o susto que você me deu.

Franco aproximou-se e tocou-lhe os braços.

— Puxa, você está congelando, Cassie!

— Como foi que você cismou de vir me procurar aqui embaixo desta chuva?

— Quando vi a égua voltar sozinha para o estábulo, temi que você tivesse caído ou se perdido. Faz mais de duas horas que procuro você.

— É reconfortante saber que se preocupou comigo... Sinto o corpo inteiro dolorido. Como lhe disse, machuquei o ombro ao cair do cavalo.

— Tire essas roupas molhadas, Cassie — ele sugeriu, enquanto despia sua capa impermeável.

Cassandra tentou desabotoar a blusa, mas não conseguiu. Seus dedos entorpecidos pelo frio não lhe obedeciam. Ao perceber sua dificuldade, Franco aproximou-se, procurando ajudá-la.

O silêncio cúmplice do chalé, as mãos fortes tocando-lhe a pele, tudo isso causou arrepios em Cassandra, só que, desta vez, nada tinha a ver com o frio.

Quando se viu apenas de calcinha e sutiã, ela não se sentiu tímida, nem envergonhada. E não era por causa do escuro, mas tão-somente porque aquele homem a deixava à vontade.

Trazendo uma toalha, sabe-se lá de onde, Franco enxugou-lhe as costas, depois envolveu-a com gentileza, massageando de leve seus braços para que a circulação voltasse ao normal.

AO SABOR DOS TEUS CAPRICHOSOnde histórias criam vida. Descubra agora