Alessandro Forli notou que Cassandra tinha um ar distante no rosto enquanto misturava as tintas na palheta. Então, deixando sua pose de modelo, ele foi até onde ela estava. Tomou-lhe as mãos, e a conduziu para um banco do jardim, sentando-se ao seu lado.
— Cassandra, acho que está havendo algum problema. Você mudou muito nesses últimos dias.
— Não aconteceu nada — ela garantiu, forçando um sorriso.
— Pois eu não me convenço! Houve alguma briga entre você e seu marido? Ele não quer que você faça meu retrato?
— Para ser sincera, Franco nem sabe que tenho vindo para cá.
— Imagino que, quando ele descobrir, não vai gostar nem um pouco.
— Só isso? Ora, tenho certeza de que ele ficará uma fera!
— Então por que você concordou em me retratar?
— Quer que eu lhe diga a verdade?
— Claro!
— Foi simples curiosidade. No dia em que nos vimos no Panteon. Franco contou-me algumas coisas a seu respeito. Fatos completamente fora do meu mundo, que me deixaram intrigada. Assim, quando recebi seu presente de casamento, achei que seria uma ótima oportunidade para conhecê-lo.
— Sua presença em minha casa tem sido uma satisfação, Cassie.
— Mas continuo sem saber praticamente nada a seu respeito. Você é um homem muito cheio de mistérios.
Forli deu uma risada, divertido.
— Sua franqueza me desconcerta. No entanto eu gosto de você.
— Eu também gosto de você, pois sei que é uma pessoa muito melhor do que aparenta.
— Ah, sim? O que a levou a essa conclusão?
— Seus olhos... Os olhos sempre denunciam o que há no interior das pessoas. Você ainda tem uma família?
Alessandro mudou de expressão, retraindo-se.
— Por que você quer saber?
— Acho estranho você nunca ter mencionado esposa, filhos, crianças... Todo mundo costuma falar sobre isso.
— Então eu devo ser a exceção da regra... Casei-me com uma inglesa e tive uma filha. As duas já morreram. Agora sou um homem só.
Cassandra ficou penalizada. De repente aquele homem pareceu-lhe um velho infeliz.
— Você não tem netos?
— Sim, tenho dois.
— Ah! Pelo menos você tem essa alegria.
Em vez de responder, o velho preferiu mudar de assunto:
— Você quer continuar a sessão de pintura?
— A luz já está mudando. É melhor parar por hoje.
— Espero-a amanhã à mesma hora. Isto é... se você não mudar de idéia.
Sem razão aparente, Cassandra arrependeu-se de ter iniciado aquela amizade com Alessandro. Na verdade, quanto mais tempo passava em sua companhia, mais o estimava. Pouco lhe importava a maneira como ele conduzia a vida. A análise que sempre fazia de suas feições, para poder retratá-lo, desmentia as opiniões desfavoráveis que Franco tinha sobre ele.
— É claro que não vou mudar de idéia. Virei amanhã, com certeza.
Pouco depois, ela retornava à casa, dirigindo o Fiat vermelho. Absorta em pensamentos, não percebeu que estava sendo seguida por um outro veículo, que sempre a acompanhava à distância em suas idas à villa de Alessandro Forli.
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AO SABOR DOS TEUS CAPRICHOS
RomanceEram estranhos, mas já se desejavam como dois amantes Franco jurou descobrir todos os encantos, toda a sensualidade de Cassandra... A primeira vez que Franco viu Cassandra foi um deslumbramento. Montada num esplêndido cavalo negro, como uma amazona...