CAPÍTULO 16

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À primeira hora da manhã seguinte, Cassandra bateu à porta da biblioteca.

— Entre! — disse Franco no mesmo instante.

Ele estava sentado à escrivaninha, escrevendo num papel timbrado. Assim que a viu entrar, largou a caneta e sorriu-lhe ternamente.

— O que traz você aqui tão cedo?

— Há uma porção de coisas que preciso discutir com você.

— Do que se trata?

— Bem, antes de mais nada, quero lhe pedir desculpas por ontem à noite. Acho que avancei demais. Talvez tenha sido por causa do cansaço, do sono... Não sei. Eu estava fora de mim.

Franco pareceu desapontado.

— Foi só isso? Tem certeza?

— Por enquanto é o único motivo que consegui arranjar — ela retrucou, sorrindo com malícia.

— O que mais que você queria dizer?

— Gostaria de saber se existe algum quarto vago aqui na villa que eu pudesse usar como estúdio. Preciso me exercitar com os desenhos.

— Lá em cima há um sótão. É enorme, cheio de janelas e recebe sol de manhã e de tarde. Posso mostrá-lo outra hora... Quer outra coisa, Cassie?

—Por que você acha que tem algo mais?

— Aprendi a ler seus pensamentos.

— Então preciso me cuidar.

— Não faça isso... Adoro a expressão do seu rosto!

Cassandra corou, porém manteve o olhar fixo no dele.

— Você tem razão. Quero lhe pedir outra coisa. Gostaria de ter um pouco mais de liberdade.

— Não estou entendendo, Cassie.

— Não gosto de levar Enzo a todo lugar que vou. Às vezes é muito embaraçoso. Imagino que ele também não deva gostar, e nem sempre isso é necessário.

— Disso eu discordo!

— Você se preocupa demais. É muito exagerado. O problema de segurança deve ser meu, não seu. Já entendi seus motivos e não farei loucuras. Mas é terrível ter Enzo atrás de mim cada vez que passeio a cavalo ou saio de carro um pouco mais longe. É sufocante!

Franco levantou-se e foi até a porta aberta que dava para o pátio interno, onde uma bela fonte lançava jatos para o ar. Sabendo melhor que ninguém como era angustiante precisar de guarda-costas, ele acabou cedendo.

— Tudo bem, Cassie, direi a Enzo para deixá-la livre nas cavalgadas e nos passeios de carro. Mas, por favor, nunca vá sozinha a Roma. Você promete aceitar isso?

— Prometo tentar. Obrigada. — Depois de um instante de hesitação, ela perguntou: — Não quer me acompanhar no passeio a cavalo agora?  

— Irei com todo prazer se você puder adiar para mais tarde. Que tal?

— Combinado. Quando estiver pronto, me chame.

Ao sair da biblioteca, Cassandra parou por um instante no corredor, fechando os olhos. Até quando reprimiria a vontade de confessar a Franco como se sentia em relação a ele? Desejava-o mais que tudo na vida e, se fosse verdade que ela era como um livro aberto, precisava controlar-se para não se trair...

— Olá, irmãzinha! — disse uma voz máscula ao seu lado.

— Tadeu, que susto! De onde você vem?

AO SABOR DOS TEUS CAPRICHOSOnde histórias criam vida. Descubra agora