CAPÍTULO 5

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Uma semana após o casamento, Cassandra recebeu em casa um corretor e um casal de meia-idade que estava interessado no imóvel.

Após percorrerem toda a propriedade, o homem declarou:

— Vou ficar com a casa! E quero comprar os móveis também. Se os papéis estiverem todos certos, gostaria de fechar o negócio imediatamente.

Cassandra ficou perplexa. A mansão valia uma verdadeira fortuna e ela não esperava vendê-la tão facilmente. Ao contrário: pensava que iria aguardar alguns meses até que surgisse um comprador disposto a não pechinchar.

Aquela propriedade era o único lar que ela conhecera em toda sua vida. Seria terrível desfazer-se de um recanto tão cheio de boas recordações, porém não havia outra saída.

Engolindo em seco, Cassandra respondeu:

— A documentação está toda pronta, senhor. Podemos fechar o negócio.

O entusiasmo de todos com o sucesso da transação foi tanto que o corretor a abraçou, sorridente.

Assim que ficou a sós, ela foi para o quarto e jogou-se na cama. Nostálgica, percorreu com o olhar os quadros, as peças da mobília... Infelizmente não poderia manter consigo nenhuma daquelas preciosidades. O cheque que receberia em pagamento pela propriedade mal daria para saldar parte da dívida que Franco Luciano liquidara.

Duas semanas mais tarde, Cassandra desembarcava no aeroporto de Roma, acompanhada pelo irmão.

Tomaram o primeiro táxi que apareceu e, depois de dar ao motorista o endereço, ela perguntou ao garoto:

— Como está se sentindo, Sam?

— Só um pouco cansado.

— Logo, logo chegaremos à villa c então você vai poder dormir.

Com uma ponta de desapontamento, Cassandra viu o carro deixar a cidade para trás e tomar a direção do campo. No entanto, não demorou a mudar de humor diante das elegantes silhuetas das villas que se desenhavam dos dois lados da auto-pista.

Alguns minutos depois, o táxi fez uma curva e entrou em uma via particular, ladeada por altos e imponentes ciprestes.

Ao longe, onde terminava a estrada, aparecia a mansão de Franco, que tinha um aspecto encantador.

Era uma construção em forma de U, dominada por um belo pátio, circundado por colunas de linhas arquitetônicas perfeitas. Por trás da casa viam-se os topos dos ciprestes.

Ao perceber que não havia vivalma pelos arredores, Cassandra temeu não encontrar ninguém, pois, afinal, não avisara que chegaria.

Assim que o táxi estacionou em frente à porta principal, ela se dirigiu ao motorista:

— O senhor pode me aguardar um instante? Vou ver se há alguém em casa.

Descendo do carro, alisou um pouco as roupas amassadas da viagem e respirou fundo antes de bater à porta.

De imediato apareceu à sua frente um homem que saíaapressadamente de casa. Era evidente que houvera uma coincidência.

O desconhecido examinou-a de alto a baixo com um olhar aprovador. Depois, adivinhando que ela era americana, falou em inglês:

— Olá? Tudo bem? Em que posso ajudá-la?

— Estou procurando por Franco Luciano.

— Sou Tadeu, irmão dele. Será que sirvo? — perguntou o homem, com um sorriso charmoso.

— Você poderia avisá-lo que Cassandra Wilde está aqui?

— Ah, quer dizer então que você é Cassandra! — exclamou Tadeu, mostrando que a conhecia de nome. — Olhe, Franco não está no momento. Hoje ele tem um jantar no apartamento da cidade... Aliás, era justamente para onde eu estava indo quando abri a porta.

— Oh, que pena...

Só então foi que ela se deu conta de quanto desejava reencontrar Franco. Qual seria a verdadeira causa do sentimento de frustração que a invadia?

— Bem, Cassandra, me desculpe por não tê-la mandado entrar ainda — disse Tadeu, encabulado. — Esteja à vontade.

— Meu irmão ficou dormindo no táxi. Será que você poderia trazê-lo para cá, sem acordá-lo? A viagem foi tão cansativa!

O rapaz fez que sim com um gesto de cabeça, e pouco depois subia a escadaria de mármore com o garoto nos braços.

Naquele instante, uma camareira corpulenta surgiu de dentro da casa, gesticulando e falando italiano rápido demais para a compreensão de Cassandra.

Logo a mulher colocou as mãos nos quadris e examinou a recém-chegada de alto a baixo, com uma expressão pouco amistosa.

— Maria pensa que você é uma das minhas "amiguinhas" — explicou Tadeu, antes de se dirigir à empregada. — Maria, não é nada do que você está imaginando. Esta é minha cunhada, Cassandra, que se casou com Franco.

Como num passe de mágica, a camareira mudou imediatamente de atitude, passando a tratá-la com gentileza.

Pouco depois, conduziu-os aos aposentos que tinham sido preparados para Sam. Era um quarto grande, com sinais de que pertencera a alguma criança, pois ainda havia ali muitos brinquedos.

Após acomodarem o garoto, foram até o cômodo seguinte, reservado para Cassandra.

— Puxa, é um quarto lindo! — ela exclamou, impressionada com a decoração do ambiente.

— Sinta-se à vontade aqui — disse a camareira, sorridente. — Quanto tempo você precisa para se arrumar?

— Arrumar para quê?

— Para o jantar de Franco.

— Oh, não. Não posso ir. Ele não me esperava hoje e seria constrangedor eu aparecer assim, sem mais nem menos.

— De jeito nenhum! Você agora é parte da família.

Ansioso para convencê-la, Tadeu entrou na conversa, fazendo um gesto para que a camareira o deixasse à vontade.

— Cassie, eu conheço a história do seu casamento. Mesmo assim, para todos os efeitos você é uma Luciano. Se Franco soubesse que você está aqui, ele a chamaria.

A empregada abria uma das malas de Cassandra, justamente a que tinha logo em cima um vestido de noite num tom amarelo-ouro. Ao ver aquele traje, Tadeu aproveitou a deixa:

— Taí o vestido perfeito para a festa!

E, antes que ela pudesse replicar, o rapaz saiu do quarto, avisando:

— Daqui a meia hora voltarei para apanhar você.
Apesar do cansaço, Cassandra resolveu ir ao jantar. Tomou uma ducha rápida e, depois de se vestir, maquilou-se com cuidado. Diante do espelho, teve certeza de que Franco não encontraria motivos para envergonhar-se dela.

Assim que se aprontou, ela desceu a escadaria para se juntar ao cunhado. Tadeu examinou-a com atenção, fazendo um sinal de cabeça para indicar que a achava perfeita. Depois ele acrescentou:

— Se você precisava de um marido para resolver seus problemas nos Estados Unidos, Franco bem que podia ter se lembrado de mim. Eu adoraria estar no lugar dele.

Cassandra riu, bem-humorada, enquanto tomava o braço que ele lhe oferecia.

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