CAPÍTULO 8

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Na manhã seguinte, assim que se levantou, Cassandra dirigiu-se ao quarto vizinho. Mas, antes de abrir a porta, hesitou por um momento com a mão sobre o trinco. Depois, decidiu recuar. Se Franco voltara ou não para casa na noite anterior não era da sua conta.

Após se arrumar, ela foi até o quarto de Sam. A cama do garoto estava toda revirada, suas roupas espalhadas no chão, mas Cassandra não se irritou. Já se acostumara com os modos descuidados do irmão.

Chegando ao andar inferior, ela pensava em como desfrutar seu primeiro dia na Itália, quando de repente a governanta apareceu, cumprimentando-a com efusividade.

— Dormiu bem, signora?

— Sim, obrigada.

— Venha tomar café. Siga-me, por favor.

Maria conduziu-a em direção ao belo gramado em frente à varanda, onde fora colocada uma mesa redonda, coberta com uma finíssima toalha de linho e ornada com um raro jogo de porcelana. Porém, mais do que aquele bonito cenário, o que a surpreendeu foi encontrar Franco ali, lendo o jornal.

Cassandra aproximou-se em silêncio, mas, pressentindo sua chegada, ele abaixou o diário.

— Bom dia, Cassie!

— Bom dia. Então, conseguiu dormir ontem à noite?

— Depois de um tempo, sim.

Ao vê-lo retomar a leitura, com um gesto automático, ela sorriu.

"É... casamento deve ser isso mesmo", pensou.

Cassandra sentou-se à sua frente, preocupada apenas em tomar um bom desjejum, para compensar a falta de jantar da noite anterior.

Pouco depois, guardando o jornal, Franco serviu-se de café, enquanto perguntava:

— Qual é seu programa para hoje?

— Nada em especial. Estou com vontade de caminhar pela villa para conhecê-la melhor. Você faz alguma objeção?

— Claro que não. Fique à vontade. Se quiser percorrer a propriedade a cavalo, peça ao encarregado das baias que lhe apronte um animal.

O tom frio que ele usava feriu a sensibilidade de Cassandra, que criara outras expectativas após a conversa da noite anterior, no quarto dele.

— Obrigada — ela respondeu, de modo impessoal.

— Prefiro que você não vá a Roma sozinha. Está bem?

— Por quê?

— Por nada. Apenas estou lhe pedindo.

Aquela resposta vaga deixou-a revoltada. Erguendo a voz ela replicou:

— Não costumo obedecer por obedecer, Franco. Ou você me explica as coisas direito, ou então não conte com a minha colaboração.

Ele ergueu as sobrancelhas, num gesto de surpresa.

— Desculpe-me, Cassie. Só quis dizer que gostaria que você não saísse sem alguém de minha confiança junto.

— Por que isso?

— Devido àqueles problemas de que lhe falei ontem. A decisão de ficar na Itália foi sua. Não vou retomar a discussão. Mas você terá que seguir algumas regras.

— Combinado! — ela respondeu, sem perceber que o encarava fixamente.

— Por que está me olhando desse jeito?

— Bem... você é completamente diferente de qualquer outro homem que conheci.

— Diferente como?

AO SABOR DOS TEUS CAPRICHOSOnde histórias criam vida. Descubra agora