CAPÍTULO 22

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Na manhã seguinte, Cassandra sentiu o corpo dolorido após a noite maldormida. Tomou um banho frio, tentando recuperar-se, depois resolveu visitar Alessandro Forli, a fim de se despedir.

Ainda era cedo quando cruzou os portões da mansão do velho. A governanta avisou-lhe que o patrão não se encontrava, mas que chegaria dentro de uma hora.

Durante algum tempo Cassandra o aguardou na sala de espera. Logo, porém, decidiu ir até a biblioteca, ao menos para folhear algum livro. Ao entrar no salão, seus olhos foram atraídos para um quadro pendurado sobre a lareira.

Espantada, notou de imediato que a pintura retratava sua mãe. Deus, como era possível que um homem como Alessandro Forli possuísse aquele quadro?

Pouco a pouco, pequenos fatos a que ela não dera atenção anteriormente começaram a se insinuar em sua mente. Incidentes menores, pedaços de conversa uniam-se, encaixavam-se, dando explicação para muita coisa: a maneira como Forli a encarara no café em seu primeiro encontro, sua referência a dois netos, a expressão de tristeza ao saber da morte da mãe dela... Agora tudo aquilo fazia sentido. Aquele homem era o seu avô!

Então, esse devia ser o motivo da súbita mudança de Franco. A menos que tivesse descoberto a verdade, que outra razão faria ele desistir de uma carreira tão bem-sucedida? Dali em diante, sua integridade poderia ser questionada se alguém alegasse que era genro de um homem envolvido com mafiosos...

Num impulso, Cassandra desistiu de esperar Forli. Saiu apressada da villa, mas, em vez de voltar para casa, dirigiu-se ao apartamento de sua madrinha.

Katrina abriu-lhe a porta e não conteve uma exclamação admirada:

— Que surpresa agradável, minha querida!

Cassandra sorriu nervosamente, enquanto entrava na sala.

— Preciso falar com a senhora. Podemos conversar?

— Claro que sim. Que tal irmos para o terraço?

Mal se acomodou a uma mesa da varanda, Cassandra entrou logo no assunto:

— Gostaria que a senhora me falasse sobre minha mãe.

— Já lhe disse tudo que sabia, Cassie.

— Exceto que o nome dela não era Asti, e sim Forli.

A velha estreitou os olhos, embaraçada.

— Como foi que você descobriu isso?

— Vi o retrato de minha mãe na biblioteca de Alessandro Forli. O resto foi fácil concluir. Por que você não me contou a verdade desde o princípio?

— Bem... Imaginei que seria melhor você não saber de nada. A prova disso é que sua mãe sempre lhe disse que não possuía parentes na Itália. Elena não queria contato com o pai, pois odiava seu tipo de vida.

— Quem mais conhece meu parentesco com Forli?

— Acho que ninguém. Se eu suspeitasse que Franco se casaria com você, certamente o teria prevenido. Mas o destino nos pregou uma peça.

— Quando vim aqui pela primeira vez, senti que você me tratou com reserva...

— Apesar disso, eu gosto de você, Cassie, porque sei como meu neto a adora. Mas você ser parente de Forli compromete todas as ações de Franco.

— Eu sei.

— Já resolveu o que fazer?

— Viajarei com Sam para os Estados Unidos. Franco espera que eu volte quando acabar esse julgamento, mas penso ficar por lá.

— É isso mesmo o que você quer, minha filha?

— Não, de forma alguma. Mas é o que devo fazer. Franco mencionou a possibilidade de sair da promotoria, algo com que não concordo. Seria terrível para ele. Além disso, não quero prejudicar o futuro de Sam. Isso aconteceria se na escola, por exemplo, descobrissem que ele é neto de Forli.

— Oh, Cassie, eu gostaria de ajudá-la de alguma maneira...

— Você já fez o que podia por mim, Katrina. De qualquer forma, obrigada pela boa vontade.

— Cuide-se bem, minha filha, e não me esqueça.

Quando entrou no carro, instantes depois, Cassandra ficou imóvel, tentando recuperar-se do choque que vivera nas últimas horas. Só então percebeu que o pior ainda não acontecera. Realmente, agora teria que deixar o marido!

AO SABOR DOS TEUS CAPRICHOSOnde histórias criam vida. Descubra agora