CAPÍTULO 1

42 2 0
                                    

Sentada na confortável biblioteca, Cassandra Wilde estudou a expressão solene e preocupada do jovem advogado, antes de perguntar:

- O que você quer dizer, Bill? Não precisa fazer rodeios em torno do problema.

Bi1l Jordan abandonou por um momento suas maneiras profissionais e correu a mão pelos escassos cabelos. Cassie era sua amiga há muito tempo e ele se sentia mal como portador de notícias tristes logo após a morte do seu pai.

Cassandra inclinou-se, tomando-lhe a mão.

- Fale tudo de uma vez, Bi1l. Seja o que for, estou pronta para ouvir.

O rapaz sacudiu a cabeça, consternado.

- Não é nada agradável, Cassie... Seu pai morreu devendo uma fortuna.

- Que eu saiba, ele era um homem rico!

- Sim, eu sei, mas estou falando sério. Seu pai começou como representante industrial há uns quatro anos, não é verdade'?

- Claro...

- Pois bem, você deve se lembrar de que assinou alguns papéis para garantir qualquer problema com os negócios dele. Em outras palavras, você avalizou tudo.

- É verdade. Ele me pediu.
Bill levantou-se e pôs-se a andar de um lado para o outro da sala. De repente parou e bateu o punho com força sobre a mesa.

- Eu lhe disse para não assinar nada, Cassie. Avisei que sua assinatura naqueles papéis poderia lhe trazer problemas.

Apesar da firmeza de seu olhar, um sentimento de pavor começou a se insinuar na mente de Cassandra.

- Que tipo de problemas, Bill?

- Você se tornou responsável pelas dívidas de seu pai. Ele deixou credores espalhados pelo mundo todo.

- Como assim? Explique isso melhor.

- E tem mais: um italiano que nunca negociou com seu pai entrou em contato com os credores e está comprando as dívidas.

- Isso não tem sentido, Bill! Por que alguém faria uma coisa dessas?

- Não tenho a menor idéia. Pensei que você soubesse algo sobre esse italiano. O nome dele é Franco Luciano.

- Luciano... Deixe-me ver... Minha madrinha se chama Katrina Luciano. Talvez seja parente dele. Por que ele estaria negociando com os credores do meu pai?

- Com os seus credores, Cassie, não se esqueça! Não sei nada a respeito desse homem. Mas vou tentar encontrá-lo.

Cassie respirou fundo antes de fazer a pergunta que tanto a apavorava:

- Qual é o total dessa dívida?

O advogado apontou-lhe um papel, com um número sublinhado em vermelho. Assim que leu a quantia, Cassie sentiu um frio no estômago.
- Meu Deus! Como foi que papai contraiu uma dívida tão grande? Não é possível!

Procurando manter a calma, Bill respondeu:

- Basta você pensar no estilo de vida de seu pai. Ele desviou fundos da firma para uso pessoal. Não há outra forma de dizer isso. Na minha opinião, a maior parte do dinheiro foi perdida nas mesas de jogo ou então com mulheres.

- E agora, o que é que eu vou fazer? Não tenho onde arranjar tanto dinheiro!

- O único jeito é vender a casa e as terras.

- Isso nunca! Este lugar pertence a nossa família há três gerações.

- Sinto muito Cassie, mas não há outra saída. E, para ser franco, mesmo que se venda absolutamente tudo, o dinheiro não dará para saldar o débito.

AO SABOR DOS TEUS CAPRICHOSOnde histórias criam vida. Descubra agora