CAPÍTULO 23

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Cassandra dirigia pela auto-estrada, concentrada em pensamentos, e não percebeu que estava sendo seguida. Ao se aproximar da villa, o carro de trás ultrapassou-a e freou violentamente à sua frente, forçando-a a parar. Mas o inesperado da manobra não lhe permitiu evitar o choque, e seu Fiat ficou com o capô amassado.

Furiosa, ela ia abrir a porta para reclamar contra aquele motorista irresponsável, porém, antes que pudesse sair, viu dois homens descerem do carro e virem ao seu encontro.

Um deles abriu a porta do lado do passageiro, enquanto que o outro tentava abafar-lhe o rosto com um pano. Debatendo-se, desesperada, Cassandra conseguiu morder com violência a mão do homem que segurava o pano. Ele a soltou por um momento, praguejando numa língua desconhecida, mas logo voltou a agarrá-la pelos cabelos, puxando sua cabeça para trás.

Ainda assim, ela pôde girar rapidamente no assento e então chutar com a sandália pontuda o rosto do homem, atingindo-o no nariz. Um filete de sangue desceu pela face dele, dando-lhe um aspecto ainda mais sinistro.

Apesar de sua resistência, os dois atacantes lograram lhe amarrar o pano em volta do rosto. Pouco a pouco ela se sentiu desfalecer. Quis gritar, mas nem um som saiu de sua garganta.

Cada vez mais fraca, a última coisa que viu foram os olhos enraivecidos que a encaravam. Depois, perdeu a consciência.

Tadeu seguia através da pista que conduzia à villa, assobiando baixinho uma melodia da moda. Ao longe, percebeu que acontecera um acidente e então diminuiu a velocidade do carro.

O veículo acidentado, que continuava quase no meio da estrada, parecia demais com um dos automóveis de seu irmão. Com cuidado, Tadeu estacionou ao lado dele. Como não houvesse ninguém por perto, procurou no porta-luvas do carro alguma identificação e lá encontrou o nome de Franco Luciano.

Uma ruga de preocupação apareceu em sua testa quando ele percebeu manchas de sangue e um pano jogado no assento.

Agarrando o pedaço de tecido, atirou-o fora, pois o cheiro forte que dele se desprendia quase o sufocou. Em seguida, correu para o seu carro e usou o telefone portátil.

— Maria? Aqui é Tadeu. Sabe se saiu alguém daí usando o Fiat vermelho de Franco?

— Não, não sei. A sra. Luciano costuma usar esse carro, mas acho que ela não saiu hoje.

— Bem, quero ter certeza disso. Procure por ela. Eu espero.

A governanta subiu apressada as escadarias para checar os quartos do andar de cima. Apreensiva, não encontrou sinal de Cassandra. Então, pegou o fone ao lado da cama e falou com Tadeu:

— Ela não está aqui, senhor. Aconteceu alguma coisa?

— Ainda não sei. Avise Franco para que se encontre comigo na estrada que dá para a villa. Há algo aqui que ele precisa ver. E diga que ele venha voando.

Tadeu retornou ao Fiat e ficou à espera, andando de um lado para o outro nervoso.

Em menos de meia hora, a Ferrari de Franco aparecia e estacionava ao lado do veículo acidentado.

— O que aconteceu, Tadeu?

— Encontrei seu carro do jeito que está aí... Acho que era Cassie quem estava ao volante.

Franco empalideceu ao ver as manchas de sangue no assento dianteiro.

Tadeu então mostrou-lhe o pano, que tinha um cheiro estranho.

— O que acha disso, Franco?

— Hum, parece clorofórmio...

— Pelo jeito, Cassie foi seqüestrada. Sinto muito.

AO SABOR DOS TEUS CAPRICHOSOnde histórias criam vida. Descubra agora