CAPÍTULO 6

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Estava completamente escuro quando entraram na estrada que levava a Roma.

Com os nervos à flor da pele, Cassandra mantinha-se quieta no banco dianteiro do carro. Pensava no que dizer quando encontrasse o marido, mas não lhe ocorria uma única idéia.

Tadeu, demonstrando sensibilidade, percebeu seu estado de tensão e procurou tranqüilizá-la:  

— Tente relaxar, Cassie. Ninguém vai agredi-la.

— Eu sei. Tudo vai dar certo...

Diante do trânsito engarrafado da cidade, Tadeu lhe explicou que os hábitos dos italianos eram bastante diferentes dos americanos. Tanto as lojas como os escritórios fechavam durante boa parte da tarde, para reabrirem ao cair da noite. Não se costumava jantar antes das nove horas e estacionamento era sempre um problema grave, pois as ruas de Roma, cidade milenar, não tinham sido planejadas para automóveis.

Como para provar o que dizia, ele estacionou sem a menor cerimônia em cima da calçada de um edifício antigo de dois andares.

Em seguida, conduziu-a para o interior do prédio. Como não havia elevador, subiram a pé até o segundo andar.

Porém, em contraste com a simplicidade da construção, o apartamento em que entraram era deslumbrante.

Um criado em traje impecável levou-os através de algumas salas, todas exibindo nas paredes quadros valiosos e tapeçarias de arte.

Finalmente chegaram ao cômodo onde estava Franco, rodeado de amigos. Antes, porém, que pudessem se aproximar do grupo, uma mulher de cabeleira ruiva e maquilagem carregada foi ao encontro deles.

— Tadeu, meu querido! Que bom que você veio. Quem é essa sua amiga?

Pouco à vontade, o rapaz tentou desconversar.

— O que você está fazendo aqui, Adriana? Pensei que continuasse em Paris...

— Na verdade, vim apenas por causa da festa. Amanhã devo voltar, mas talvez só fique na França mais uma semana. — Depois de uma pequena pausa, a ruiva virou-se para Cassandra. — Olá! Meu nome é Adriana Simoni.

No mesmo instante Cassandra adivinhou que aquela mulher era amante de Franco. Assim, foi a muito custo que aparentou naturalidade e lhe estendeu a mão.

— É um prazer conhecê-la. Meu nome é Cassandra Wilde.

Adriana não disfarçou seu espanto.

— Ah, é você?

A cada segundo mais encabulada, Cassandra não viu condições de continuar ali. Por isso foi logo se despedindo.

— Bem, queira me desculpar por chegar assim à festa. Na realidade eu nem queria vir... Tadeu, você me levaria de volta à villa?

Naquele exato momento, Franco avistou-a e chamou:

— Cassie!
Ao ouvir aquela voz profunda e musical, ela parou, sentindo o coração se acelerar. Devagar, ergueu a vista na direção dele.

Franco vinha apressado pelo salão, abrindo caminho por entre os grupos que conversavam em animadas rodinhas. Ele vestia um bonito smoking branco, que realçava a largura de seus ombros e formava um belo contraste com a pele morena.

— O que você está fazendo aqui, Cassie? — indagou, antes mesmo de cumprimentá-la.

— Bem, eu não queria vir... Foi seu irmão quem me trouxe.

— Não vamos discutir por causa disso, Franco — interveio Tadeu, impaciente. — Fique despreocupado. Eu a levarei de volta à villa.

— De jeito nenhum. Você continuará aqui com Adriana e os demais convidados. Eu me encarrego de levar Cassie para a villa.

AO SABOR DOS TEUS CAPRICHOSOnde histórias criam vida. Descubra agora