Sentindo a luz do sol no rosto, Cassandra abriu os olhos lentamente. A cabeça lhe doía e sua garganta estava seca. Fez menção de levantar-se, mas uma onda de enjôo obrigou-a a cair de costas outra vez.
Após alguns minutos, tentou de novo, e desta vez conseguiu sentar-se na beirada da cama de lona onde se encontrava.
Devagar, girou a cabeça para os lados, observando o ambiente. Era um quarto pequeníssimo, com duas janelas altas, protegidas por grossas barras de ferro. A única peça de mobília era a cama.
Com grande esforço, ela se ergueu na ponta dos pés para espiar através da janela. Avistou apenas um imenso vinhedo, aparentemente vazio. O que ela fazia no meio daquela plantação?
Aos poucos, lembrou-se do acontecimento. O acidente, o pano com clorofórmio... Não podia se iludir. Estava presa. Seqüestrada! Mas por quem? E por quê?
De repente, escutou o som de um carro que se aproximava, levantando uma nuvem de poeira na estreita trilha de terra batida. Esforçando-se para ver alguém, avistou somente um pequeno caminhão, que parou em frente à janela. Com o coração acelerado, Cassandra se encolheu num canto do quarto, apreensiva.
Então a porta se abriu e dois homens e uma mulher, carregando revólveres, entraram sem dizer palavra. Um deles era aquele que recebera o pontapé, e, como que em represália, deu-lhe um violento empurrão, jogando-a de volta à cama.
A moça que os acompanhava jogou no chão um pacote de comida. Em seguida, pôs um jornal nas mãos de Cassandra e tirou uma foto.
O terceiro membro do grupo aparentava vinte e poucos anos e possuía a pele escura típica do Oriente Médio. Talvez fosse árabe. Ele a examinava com curiosidade, e Cassandra, não querendo mostrar-se apavorada, sustentou-lhe o olhar com firmeza, o que o fez desviar a vista, embaraçado.
Depois de quinze minutos, os três saíram sem terem trocado uma só palavra. Cassandra correu para a janela e viu-os partir, ao mesmo tempo em que lia o número da placa do caminhão.
De volta para o meio do quarto, apanhou o saco de papel, que continha um sanduíche e uma lata de soda. Tomou um pouco da bebida, sentando-se na cama para ver o jornal que seus seqüestradores haviam trazido.
A primeira página do diário estampava a notícia do seqüestro, dando detalhes sobre as exigências que o grupo fizera para soltá-la. Cassandra ficou apavorada. O governo italiano não costumava negociar com terroristas e ela sabia que estes não teriam piedade.
Pouco a pouco, porém, uma calma surpreendente invadiu todos os seus membros, numa estranha lassidão. Embora se sentisse impotente para sair daquela situação, restava uma luz no final do túnel: Franco. Ela confiava na coragem e na habilidade de seu marido para tirá-la daquela prisão. Se houvesse um único meio de salvá-la, Franco o descobriria.
Apesar de otimista, Cassandra pensou com tristeza no irmão pequeno. Se ela morresse, o que seria de Sam? Iria morar com tia Emily
Franco caminhava de um lado para o outro da sala, torcendo as mãos e olhando desesperado para o telefone, ansioso para que ele tocasse, pois talvez viesse alguma notícia de Cassandra. Pela primeira vez, desde a infância, sentia-se perto das lágrimas.
Naquele instante, Tadeu entrou no escritório e estendeu-lhe um envelope de papel pardo.
— Isso acaba de chegar.
Franco abriu o envelope com mãos nervosas e retirou de dentro uma foto de Cassandra, sentada numa cama e segurando o jornal do dia. Cerrou os olhos, com um suspiro de alívio. Ela ainda estava viva!
— Pelo jeito, ela não parece machucada, você não acha?
Tadeu debruçou-se sobre a foto e concordou, enquanto seu irmão buscava de todas as maneiras enxergar ali algum detalhe que revelasse o local onde ela estava.
Furioso por não chegar a nenhuma conclusão, esmurrou a mesa com violência.
— Se tocarem num único fio de cabelo de Cassie, matarei um por um desses bandidos, nem que leve a vida inteira para isso.
— Não se desespere, Franco. Algo me diz que ela vai escapar desta. Você está apaixonado de verdade, não?
— Sim, Tadeu, é a primeira vez que me acontece isso. Se ela morrer, não sei o que vai ser de mim...
Nesse momento o telefone tocou e Franco correu para atendê-lo.
— Alô, Franco? Sou eu, Forli. Infelizmente meu pessoal até agora não conseguiu nada. A polícia está agindo? Descobriu alguma pista?
— Nada... — respondeu Franco, com o coração apertado.
Após o telefonema, Tadeu mostrou-se preocupado com o abatimento do irmão e procurou consolá-lo.
— Descanse um pouco, por favor. Você está sem dormir há dois dias.
Franco assentiu com um gesto de cabeça. Realmente, precisava juntar forças para aquela luta sem trégua. Então, estendeu-se no sofá e adormeceu no ato, vendo o rosto de Cassandra com os olhos da emoção.
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AO SABOR DOS TEUS CAPRICHOS
RomanceEram estranhos, mas já se desejavam como dois amantes Franco jurou descobrir todos os encantos, toda a sensualidade de Cassandra... A primeira vez que Franco viu Cassandra foi um deslumbramento. Montada num esplêndido cavalo negro, como uma amazona...