CAPÍTULO 10

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Mais tarde, depois de jantar com Sam, Cassandra subiu para o quarto e tentou concentrar-se na leitura, sentada junto à janela, com a brisa da noite tocando levemente as cortinas.

A certa altura, porém, ela levantou a vista do livro, exatamente no momento em que houve um movimento no pátio externo. Num gesto instintivo, ela apagou a luz e ajoelhou-se junto à janela, para espiar melhor. Um vulto caminhava lá embaixo. Parecia ser o guarda-costas de Franco.

Após um instante de hesitação, ela vestiu um jeans e um suéter escuro e desceu as escadas silenciosamente, alcançando em seguida o lado de fora. Mantendo-se escondida nas sombras, não tardou a ver do que se tratava: de fato era Enzo que estava ali, carregando um saco nas costas.

Com o coração batendo cada vez mais forte, ela decidiu segui-lo. Por algum motivo aquele homem não lhe inspirava confiança e ela estava determinada a descobrir por quê.

No entanto, sem compreender o que ocorrera, de repente Cassandra deu-se conta de que o perdera de vista.

Parada no meio das árvores, pela primeira vez lamentou ter se aventurado a sair sozinha, sem avisar ninguém.

Seguir uma pessoa era uma tarefa relativamente fácil. Porém, ficar perdida desorientou-a por completo. E uma suspeita começou a se insinuar em sua mente: Enzo podia ter invertido a situação e estar vigiando-a naquele momento.

Para piorar as coisas, ela perdeu o senso de direção e, embora quisesse, não sabia que rumo tomar para voltar à mansão.

Um grupo de nuvens escondeu a lua por um momento, deixando tudo na escuridão. Cassandra apoiou-se numa árvore e aguardou um pouco antes de dar outro passo. Quando o céu clareou, ela tentou se localizar. Num nível abaixo de onde se encontrava, havia uma clareira entre as árvores, com um pequeno chalé ao centro.

As luzes do local estavam acesas e havia pessoas lá dentro. Ao que tudo indicava, Enzo estava entre elas.

Com cuidado, abaixando-se o tempo todo, ela se aproximou do chalé. Quando alcançou a janela, ergueu-se devagar e espiou. Assombrada, viu Franco conversando com um desconhecido.

Naquele momento, Enzo aproximou-se dele e segredou-lhe algo no ouvido, enquanto apontava para fora. Franco levantou-se de um salto e dirigiu-se à porta.

Aturdida, Cassandra compreendeu que fora descoberta e que agora de fato estava em perigo.

Sem esperar um segundo sequer, correu para a árvore mais próxima e subiu nela com a velocidade de uma criança. Escondeu-se entre os galhos, rezando para que não a encontrassem.

De todas as vezes em que se metera em dificuldades devido à curiosidade, aquela realmente era a mais complicada. Se Franco a visse naquele momento, teria toda razão de ficar furioso e achá-la infantil...

De repente, o galho onde ela se sentava começou a ceder e, sem dar-lhe tempo para nada, quebrou-se, atirando-a no chão.

Cassandra permaneceu imóvel, olhos fechados, estendida no chão úmido. Quando finalmente levantou a vista, encontrou a expressão severa de Franco, que a observava com fúria mal disfarçada.

Um sorriso contrafeito surgiu nos lábios dela. Na tentativa de consertar a situação, ela acenou com a mão, dando um adeusinho, e completou, num tom natural:

— Olá, Franco! Daqui a pouco eu lhe explico o que está acontecendo.

AO SABOR DOS TEUS CAPRICHOSOnde histórias criam vida. Descubra agora