Capítulo 6

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Anne

"O acordo está feito."

A noite foi um inferno, cansei de limpar as lágrimas que caíam sem parar, até que peguei no sono. Mas aquelas malditas palavras não me deixavam em paz. Estava acordada mas sem nenhuma coragem para abrir os olhos. Só de pensar em descer e não ver Antony andando pelo corredor, só de pensar na minha estupidez de ter saído ontem, só de pensar que vou carregar essa culpa em minhas costas pelo resto da vida. Não, eu não consigo suportar a ideia de não ter mais Antony em nossas vidas. E depois de ter perdido alguém que amava, ouvir daquele monstro que o casamento seria daqui há uma semana, era melhor ele mirar novamente aquela arma porque só dentro de um caixão que eu casaria com aquele infeliz.

-Vamos Anne, sei que você está acordada, eu trouxe o café hoje na cama para você.
Gaia disse, mas eu podia notar na voz dela a tristeza que essa casa sentia.

-Não quero comer.
Continuei com os olhos fechados.

-Anne por favor, tome o suco pelo menos menina, Ester está la embaixo com seus pais, chegaram cedo, é melhor você ir participar da conversa.

Com isso dei um pulo da cama.

-Áh mas eu vou falar sim pode deixar, e não quero nada, só vou me trocar.

Fui no banheiro, o espelho não precisava nem mostrar o que já sabia, meu rosto estava inchado e com olheiras profundas.
Coloquei uma calça e um casaco de moletom e desci correndo as escadas.

Ester estava sentada junto com John e Michaela na mesa, ambas estavam com os semblantes tristes. Ao lado estava Klaus, capitão Franz, e outros dois que pelo visto também eram subordinados de meu pai. E lá estava ele na ponta da mesa, eu olhei para ele e quase gritei.

-Eu não vou me casar, nem que esse desgraçado me mate hoje mesmo se for preciso!

Todos me olharam, eu não cedi e não iria me sentar. O lugar de Antony estava vazio como se ele não existisse, como se fosse apenas uma conversa entre conhecidos, como se não tivéssemos vivenciado aquela desgraça ontem à noite.

-Isso quem decide sou eu.
Meu pai disse autoritário.

-Pode haver alguma saída, ela não é obrigada a se casar. Ester se interpôs no meio da conversa.

-Não precisamos nos aliar com aqueles italianos, eu não confio neles. Klaus bradou irritado.
John se meteu na conversa como consigliere.

-E como você pensa em negar o acordo Klaus? Matando Filippo? Sendo o chefe de todos os capos da Máfia italiana e América, antes que você se deitasse eles já teriam matado à todos, e se não fosse Barletta intervir provavelmente já estaríamos com formigas na boca.

Nunca o tinha visto falar daquela maneira, ele estava muito nervoso. Michaela não dizia nada apenas acompanhava a conversa.

-E porquê eu?
Indaguei. Meu pai suspirou me olhando novamente com preocupação.

-Anne tivemos sorte de Filippo aceitar esse acordo, a única coisa com que o Bonanno se importa é a máfia, ela vem em primeiro lugar antes do que qualquer coisa para ele, não é atoa que manda em todos.

-E você agora vai vangloriar o homem que matou seu melhor soldado ontem à noite sem chance de defesa.
O acusei.

-Não o estou vangloriando, mas por causa da sua mentira ele poderia ter nos matado ontem mesmo e nem ter aceitado mais este acordo, isso não envolve somente você, é a vida de todos nós que corre perigo, se não fosse o pacto que tive com sua mãe e seu tio... Deus sabe como o convenci a nos dar uma segunda chance, você não teria nem tido tempo de fazer esta cena. Pode negar-se à casar, mas vai carregar a vida de todos pois provavelmente ele irá matar um por um na sua frente.

Depois do que meu pai disse meus ombros caíram, estava cercada por todos os lados, não havia maneira de me livrar deste monstro sem que a vida de outros fossem levadas.

-E como ele vai se beneficiar com esse casamento?
Capitão Franz perguntou.

-A Máfia Alemã voltará a obedecer a Cosa Nostra e o comando será total de Filippo, continuarei sendo o Capo mas ele quem dará a última ordem como faz com todos. E eles querem montar um arsenal aqui para combater os Russos ficando de olho neles, Filippo terá controle do roubo das cargas que está tendo e Benitto sendo Capo da fronteira terá controle no contrabando, como vê é algo que beneficiará a todos.

-Ou somente eles!
Eu disse.

-Anne, estou fazendo o que é melhor para nós, eu amo você, mas negar à sua mão a ele é destruir a Máfia Alemã.

-Papá você estará me lançando á morte para aquele homem.
Tentei argumentar.

-Já falei com seu tio Barletta, ele estará de olho em você sempre que precisar. Sua mãe era muito querida por todos Anne, ela pertencia a uma das famílias mais ricas da Itália, Filippo não é estúpido o bastante para não casar com alguém de nome, você se casará na Sicília, iremos um dia antes do casamento para assinar os contratos.

Concordei com a cabeça, mas por dentro a vontade era de gritar, saí dali, não aguentava mais, estava me sentindo sufocada. Ester veio atrás de mim.

Fui pra sacada do meu quarto e sentei na cadeira olhando o horizonte, sentindo o vento levantar meus cabelos, assisti meus últimos momentos livre. A vontade era de voltar para o internato e não sair nunca mais de lá, a sensação era de estar sendo condenada mas sem nenhuma chance de defesa.

-Anne sinto muito, se eu pudesse fazer algo.
Ela disse olhando pro nada.

-Não Ester, não tem o que fazer. Você ouviu ele falar, se não me casar todos nós morreremos, é assim que é na máfia. Amor à Máfia em primeiro lugar sempre, eles e essas regras estúpidas que acabam com a vida de todos ao redor, quem não obedece não tem vez, olha Antony pagou por um erro estúpido, um erro MEU. Gritei, passando os braços em minha volta, era tanta tristeza.

-Para Anne, á culpa foi toda minha, se eu não tivesse insistido naquele festa a vida de Antony poderia ter sido poupada.

-Mas o casamento não, você ouviu bem Ester eles estavam fazendo o acordo, era só questão de tempo para meu pai me falar, o que aconteceu ontem só acelerou o processo.

-Desculpa, me perdoa.
Ela disse com os olhos marejados.

-Ester não precisa disso, eu amo você e se vou me submeter a isso é por vocês, e isso me dá forças pelo que está por vir.
Eu a abracei.

-Aquele italiano filho da puta, se eu soubesse que ele era irmão daquele crápula teria arrancado a mão dele quando ele pegou na minha.
Ester disse furiosa.

-Quem?

-Henrico Bonanno, o consigliere da Cosa Nostra ele é o irmão de Filippo, quando fui ao clube era ele o italiano que me cumprimentou mas eu não tinha ideia que ele era cúmplice nessa história.

-Não se culpe eu entendo você, quando ele me cumprimentou e olhou com aqueles olhos azuis pensei a mesma coisa.
Falei tentando descontrair.

-Até Filippo te devorar com os olhos na frente de todos.

-Nem me lembre Ester me da calafrio só de pensar, mas se ele acha que vou facilitar as coisas está muito enganado, tenho sangue alemão, e o sangue italiano da minha mãe corre em minhas veias e você pode ter certeza que se ele quer uma cadela adestrada ele não terá.

-Anne se o Filippo fizer algo para você falo com Klaus, ele também é contra isso tudo e sei que não te abandonaria caso precisasse de ajuda.

Olhei pra ela pensativa, acho que neste momento toda ajuda é bem-vinda.

*Pessoal obrigada por estarem lendo meu livro.

*Por favor não se esqueçam de votar, cada estrelinha é muito importante e de grande incentivo para mim.

Amor ao Capo - (Mafiosos) - #Série L'amore lá Máfia (Revisando)Onde histórias criam vida. Descubra agora