Capítulo 3

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Uma semana depois, estávamos voando para o Kansas no jato particular do meu avô, é uma sensação estranha, passei os últimos dois anos, trabalhando em um avião, servindo e ajudando as pessoas, e agora estou sentada, confortavelmente, apesar de ser um voo curto, mas meu avô não poupou mimos a mim e nem a José, ordenando que nos fosse servido do bom e do melhor.

— Você devia tomar uma taça desse vinho, está de rezar.- José fala me estendendo a taça de vinho branco, que nego de imediato.- Fada, você devia procurar relaxar um pouco, uma dose não fará de você uma alcoólatra.

Reviro os olhos, ele sabe minha opinião, desde a adolescência, fujo de qualquer bebida, qualquer indicio de álcool, tenho medo de me tornar como meu pai, de ter herdado os genes podres dele.

Penso no teste que fiz, no mapa genético, que a médica que cuidou de minha mãe, me orientou fazer, já que minha avó, mãe de minha mãe, havia falecido também de câncer, mas de mama. Fui uma covarde, não quis ver os resultados, fecho os olhos e penso do que adiantaria saber, seria apenas mais um fardo a carregar, uma duvida a mais a ser vivida, detesto viver assim, com medo de minhas atitudes desencadearem em algo destrutivo, como o vicio pela bebida que meu pai tinha.

— Você não tomou seu remédio para dormir, né?- pergunto abrindo os olhos, com medo da resposta dele, às vezes ele é tão inconsequente.

— Claro que não e você sabe que só tomo a noite, por causa dos pesadelos e quando vamos fazer um voo longo.- me responde indignado, mas depois sorri, sabe que me preocupo e muito com ele.

Olho meu relógio, presente de minha mãe, assim que consegui meu emprego. "Uma comissária deve estar sempre com um relógio de pulso, para nunca se atrasar e não atrasar a vida dos outros também." Sorrio com isso, acariciando a sua pulseira de ouro, penso em quantas vezes ela deve ter parcelado esse presente, apenas para me mimar, para me ver sorrindo.

Fecho os olhos para afastar um pouco a saudade. Tento dormir um pouco já que ainda temos uma hora ou mais de voo.

Acordo e vejo a movimentação dentro do avião, vamos pousar, cutuco o joelho de José, que desperta e mostro que temos que atar o cinto, ele o faz sorrindo.

Pouco tempo depois, estamos aterrissados em uma pista particular, em um pequeno Hangar, próximo a propriedade do meu avô.

— A bagagem de vocês, já está sendo despachada, há um funcionário lá fora cuidando disso.- o comissário nos avisa, sorrimos agradecidos, desatamos nossos cintos e nos movemos para a saída do avião.

Descemos as escadas de mãos dadas, como sempre, olhamos ao redor e não vemos ninguém, olho para José que parece preocupado.

— Será que é a pista de seu avô mesmo?-pergunta apreensivo. Eu também estou nervosa.

Então eis que surge um homem alto, de chapéu de cowboy, calça jeans e camisa branca, um verdadeiro John Wayne, seguro o riso com esse pensamento, ele para em frente à escada e nos olha, retira o chapéu e sorri, seguro firme a mão de José, nunca vi um homem tão lindo assim, um sorriso tão lindo.

— Vocês vão ficar a vida toda aí, ou preciso ir busca-los?- pergunta com a voz grave e zombeteira, José solta um murmuro que sei que é de admiração.

— Se ele subir e me pegar no colo, juro que não acho ruim.- fala baixinho de modo que só eu escuto, aperto sua mão e resolvo descer e nos apresentar para o Senhor Sem Paciência.

Quando terminamos de descer, ele estende a mão para mim:

— Prazer, Srta Steele, sou Christian Grey, funcionário e amigo pessoal do seu avô.

50 Tons- Escolhas do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora