Capítulo 7

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Evitei Christian no dia seguinte, pedindo para José falar que estava indisposta, mas como ele disse, não podia ficar evitando para sempre, então decidi que tinha que esquecer a cena deprimente e me convencer que o problema era dele e eu não tinha nada a ver com isso, mas mesmo assim, estar perto de uma pessoa assim, como ele, era horrível, era como se voltasse para o passado que eu queria tanto apagar.

Acabamos de tomar café, Christian entra na cozinha e olha para mim.

— Bom dia.- fala para todo mundo. Todos respondem, inclusive eu, mas tão baixo, não sei se ele ouviu.- está melhor, Ana?

— Sim, obrigada.

— Então pronta para começar suas aulas?

— Sim.

— Mesmo? Você não parece animada.

— Mas estou.- me levanto.- já volto, vou escovar os dentes.

— Vou também.- José se levanta e subimos rápido. – tente disfarçar, Fada.

— É difícil.- falo quando chego ao banheiro.- cada vez que olho para ele, vejo meu pai.

— Ah não Fada, ele é totalmente diferente.

— Será mesmo?- tenho medo que não seja.- mas também, não tenho nada a ver com a vida dele.

— Isso mesmo, pense assim que tudo fica melhor.

Assinto com a cabeça e escovamos os dentes e descemos para encontrar Christian, e como sempre ele me ajuda a subir no Jipe e fazemos o caminho para o Haras praticamente em silêncio.

Quando chegamos, José vai se encontrar com Thara, eu e Christian caminhamos até a estrebaria para buscarmos Storm.

Percebo que não é só eu que estou quieta, ele também está. Penso se algo aconteceu com Teddy.

— Teddy está bem?- pergunto antes de entrarmos na estrebaria, ele para e me encara curioso.

— Sim, por quê?

— Você está quieto.

Olha para os lados, parece pensar no que dizer, me olha e vejo preocupação em seu olhar.

— Sonhei com minha mãe.- sua voz é aflita.- sei que pode parecer besteira, um homem do meu tamanho acreditar nisso, mas é que ela anda tão frágil.

— Por que não vai vê-la?

— Pensei em fazer isso depois do almoço.

— Você tem alguma Doma hoje?

— Não.

— Então vá agora.- fecho os olhos e os abro, sei o que ele está sentindo, senti isso várias vezes quando minha mãe estava no hospital, quando voltava para casa, não via a hora de voltar para o lado dela, apenas para ter a certeza que ela ainda estava comigo.

Ele me olha espantado, parece não acreditar no que falei.

— Mas sua aula...

— Podemos deixar isso para depois, sua mãe não.

Abaixa a cabeça, e quando a levanta, um sorriso tímido está em seus lábios:

— Venha comigo?- seu pedido me deixa sem ação, confusa, não sei se aceito.- você vai ficar sozinha, José vai ficar tendo aula e não vai ter tempo para você, fora que é capaz até de distrai-lo.

Penso e sei que ele tem razão, não vou ter o que fazer até a hora do almoço e José pode se sentir mal em me ver sozinha.

— Ok.- respondo meio hesitante, não sabendo se o que estou fazendo é certo, mas já está feito, ele dá um sorriso.

50 Tons- Escolhas do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora