Capítulo 9

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Despertei várias vezes durante a noite, tinha a impressão de ouvir o Jipe de Christian, corria até a varanda, mas nada. Voltava para a cama mais desanimada e triste ainda, e agora de manhã a noite sem dormir mandou a conta. Olho no relógio e são cinco da manhã, me viro na cama, novamente, pensando que presenciar a bebedeira de Christian me fez muito mal, fora os pesadelos que tive em que apanhava de meu pai, até o que eu havia empurrado para o fundo do meu cérebro, ressurgiu, o pesadelo que vivi, quando meu pai quase me molestou, só não o fez por que desmaiou de bêbado.

Levanto de um pulo da cama e corro para o banheiro, ligando o chuveiro e entrando debaixo da agua quente, antes mesmo de retirar minha roupa, coisa que faço enquanto deixo a agua correr pelo meu corpo, levando as sensações horríveis embora.

Fico um bom tempo, até sentir minha pele enrugada.

Fecho o chuveiro, me troco rápido, já sei o que fazer, caso ele não tenha aparecido. Faço um rabo de cavalo, mesmo com o cabelo molhado, não tenho tempo para seca-lo, pego minhas luvas, um casaco mais quente e meu chapéu.

Desço correndo as escadas, dou de cara com Taylor e Gail na cozinha.

— Ele apareceu?- pergunto antes de tudo. Taylor faz que não.- me leva até o Haras?- ele faz que sim, parece não entender, mas concorda. Olho para Gail.- não conte nada a meu avô.

— Eu sei Ana, seu avô nem sonha sobre isso, eu e Taylor que estamos sempre contornando a situação.- aceno com a cabeço, penso que Gail deve considera-lo como filho, e sabe que meu avô poderia passar mal se soubesse disso, ela está cuidando dos dois, protegendo os dois.

— Obrigada, vamos.- falo já saindo da cozinha em direção ao carro, entro e Taylor assume a direção, fazemos nosso caminho em silêncio e quando chegamos ao Haras desço rápido.- fique com o celular, qualquer coisa te aviso.- Corro para a estrebaria, Storm como sempre pressente minha chegada.- oi amigo.- falo acariciando seu pescoço, ele me olha de lado.- seu dono não veio, preciso de sua ajuda para acha-lo. – pego a cesta de frutas, coloco a frente dele e abro sua cocheira, ele sai e começa a comer, enquanto o selo, quando está pronto,  já acabou de comer.- Vamos encontrar seu amigo.- acaricio sua face, encostando a minha nele, que resfolega, parece entender o que falo.

Monto e dou o assovio que Christian me ensinou, Storm começa a trotar e agora é rezar para que Christian esteja certo que Storm possa encontra-lo e que ele não esteja muito longe.

Já fazia quase meia hora que Storm estava trotando, pensei que logo teria que parar em algum lugar para ele tomar agua, ou mesmo descansar um pouco. Agi por impulso e agora tenho medo de ele não gostar do que fiz, de ainda estar mais bêbado, pior de eu me perder pela mata, junto com Storm, agradeço por ter trazido o celular e torço para que tenha sinal.

Storm sai da mata e pega uma trilha, vejo a frente uma estrada e que ele se encaminha para lá. Meu coração acelera, só consigo pensar no pior, mas Storm desvia para outra trilha, paralela a estrada, e eu o vejo, quer dizer, primeiro seu Jipe e depois ele com a cabeça apoiada no volante, parece dormir, aproximo mais e desço, ele parece estar realmente dormindo, amarro Storm na traseira do Jipe, ele resfolega e Christian levanta um pouco a cabeça, olha para mim, arregala os olhos.

— Mas que diabos...- fala olhando de mim para Storm.- ele me achou de novo.

— Estávamos preocupados.- falo dando os ombros.

Ele balança a cabeça, olha para frente e depois para mim. Desce do Jipe, vejo que a bebedeira parece ter passado.

Para na frente do Jipe, se encostando nele, de braços cruzados, vou para seu lado e olho na direção que ele olha, é uma ribanceira, estamos a poucos metros dela, do outro lado a estrada que dá para a cidade, penso em como ele conseguiu parar o Jipe naquele lugar, no escuro e bêbado, no perigo que ele correu, estremeço com isso.

50 Tons- Escolhas do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora