Matilde
Não acredito que o Afonso foi capaz de me fazer isto. Ele não podia. Ele não podia obrigar-me a estar fechada na mesma casa com o André, não depois do que aconteceu.
-Vais ficar aí especado a olhar ou vais abrir-me a porta? É que eu tenho mais que fazer- peço friamente ao moreno que, infelizmente, amo com todas as minhas forças.
-Matilde, ouve-me. Por favor- pede.
-Nem Matilde, nem meia Matilde. Eu quero ir embora- digo dirigindo-me para a porta.
-Adianta-te muito. O Afonso levou as chaves. Ele queria garantir que falavas comigo, ou que pelo menos me ouvias. Desculpa-me, Matilde- pede apriximando-se de mim.
-Eu estou farta das tuas desculpas, André, estou farta. Estou farta das tuas merdas, estou farta dos teus ciúmes, estou farta de tudo- descarrego tudo o que tenho a descarregar.
-Eu sei, Matilde. Eu sei que tenho sido um péssimo namorado. Tenho desconfiado de ti, tenho feito cenas de ciúmes estúpidas e pior, eu traí-te. Eu sinto-me tão mal, Matilde, mas tu sabes como é a Maria. Ela fez-me acreditar que tu me estavas a trair com o Marc e eu deixei-me levar. Como é que eu fui tão burro?
-Também não sei, André, mas se acreditasses mais em mim, ías saber que era tudo mentira, mas não acreditas, não é? Nunca acreditas. Eu já te desculpei tanta coisa, André, tanta coisa. Tu achas que foi fácil para mim saber pela boca da minha ex-melhor amiga, que me tentou matar, que o meu namorado, o suposto amor da minha vida foi para a cama com ela?
-Não, Matilde, não foi. Eu ía contar-te.
-Quando, André? Quando? Quando ela aparecesse grávida de ti? Ou quando te fartasses dela?
-Não, Matilde. Porra. Eu amo-te. Custa-te assim tanto perceber isso?
-Custa, André. Por acaso custa. Maldita a hora em que apareceste na festa de anos da minha prima com esse teu sorriso. Eu sabia. Eu sabia que não me devia ter apaixonado por ti.
-Não digas isso, Matilde. Estás a fazer o nosso amor soar como um erro.
-Não, André, não estou. O nosso amor nunca foi o erro. O erro fomos nós. Nós é que não soubemos o que fazer a tanto amor e começámos a fazer merda atrás de merda. Ambos. Não foste só tu nem fui só eu. A culpa é dos dois. Isto foi apenas a gota de água. Talvez não seja para ser. Talvez nunca tenha sido.
-Isso é mentira, meu amor- diz aproximando-se de mim e segurando a minha mão- Isto é para ser. Sempre foi e sempre será. Não percebes, Matilde? Isto faz tudo parte das relações. Eu sei que nós fizemos tudo errado, mas é com os erros que aprendemos.
-Acho que já errámos de mais para se tornar uma aprendizagem. Eu já não consigo, André. Não consigo, por mais que queira, arranjar forças para te perdoar. Uma traição é imperdoável- digo perto do choro.
-Não é. Tu sabes que não é. A Inês perdoou-nos depois de a termos traído. Eu perdooei-te depois de toda a história com o meu irmão. Depois de toda a suposta traição, eu perdooei-te. Perdoa-me, Matilde. Só mais uma vez- pede juntando a sua testa à minha.
-André...
-Por favor, Matilde. Tu não percebes? Tu és a mulher da minha vida. Eu não te posso perder. És a única mulher que consigo imaginar a caminhar na minha direção vestida de branco e de braço dado com o teu pai. És a única mulher que eu imagino comigo no altar a dizer o tão famoso "Aceito". Tu és a mãe dos meus filhos, só podes ser. Eu não consigo imaginar os meus filhos sem parecenças contigo, Matilde. Eu só consigo imaginar Andrézinhos e Matildezinhas. E eu sei. Eu sei que estou a ser muito lamechas.
-Pois estás- digo soltando um pequeno sorriso.
-Vês. Eu sei que também me imaginas como teu marido e como pai dos teus filhos. Olha-me nos olhos e diz-me que não é verdade. Diz-me que o único apelido que imaginas para ti e para os teus filhos não é Silva. Diz-me. Se o conseguires dizer, se conseguires dizer que não me amas, então eu afasto-me de ti. Apenas diz-me.
-Eu não gosto de ti- digo olhando para o chão.
-Nos meus olhos, Matilde. Diz-me nos meus olhos que já não me amas.
-Eu amo-te, André- digo colando os nossos lábios e dando início a um beijo apaixonado e cheio de saudade.
-Eu também te amo, muito.
............
Olá, olá. O que acharam do capítulo? Será que é desta? Aproveito para avisar que esta história está perto do fim e para pedir mil e uma desculpas por não atualizar à muito tempo, mas estava com um bloqueio criativo que acho que já passou. Obrigada por todas as leituras.
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Memories- André Silva (2ª temporada de Oops...I love you)
Fiksi PenggemarMemórias. Cada um tem as suas. As minhas parecem basear-se apenas no moreno com o sorriso mais cativante que alguma vez os meus olhos tiveram o prazer de apreciar.