11.

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Duas semanas depois...

Oito horas da manhã, mais um dia de escola, mais um dia a ver pessoas que não me dizem nada.

- July!

- Sim menina.

- Os meus pais ainda estão em casa?

- Não, só a menina Helena. Quando ela falou eu revirei os olhos.

- Obrigada, podes ir.

- Com licença.

A July saiu e eu fui tomar um duche rápido, coloquei a primeira roupa que me apareceu na frente e sai do quarto.

Tentei sair pela porta dos fundos para não ter de ver a Helena, mas sem sucesso, quando estava a sair fui apanhada.

- Onde é que vais?

- Para a escola.

- Pela porta dos fundos? Parece mais que estavas a tentar sair sem eu saber.

- Eu tinha de tentar.

- O teu pai não ia gostar nada.

- Tu és sempre assim tão...

- Tão?

- Agarrada ao trabalho ou tiras folga de vez enquanto?

- No meu mundo não há tempo para folgas.

- Que idade tinhas quando te tornaste espiã da agência?

- Oito anos, altura em que perdi os meus pais.

- Isso quase que é escravatura.

- Não, foi uma forma de lidar com a perda. E era isso ou um orfanato cheio de crianças.

- Lamento.

- Bem já estamos atrasadas, vamos. Cheguei na sala e a primeira coisa que vi foi a "Dama de ferro", o nome fica-lhe bem.

- Novamente atrasada menina Washington.

- Peço desculpa.

- As desculpas não se pedem, elas evitam-se. Aquela mulher sabia como me tirar do sério, não aguentava mais estar calada e explodi.

- O que é que a senhora tem contra mim? Pergunto e todos me olham espantados.

- Nada Menina Washington.

- Então porque embirra comigo?

- A menina está a ser insolente.

- Eu só quero um motivo para que passe a vida a tratar-me mal.

- Saia.

- Desculpe?

- Foi o que ouviu estou a expulsa-la da aula.

- Isso não é justo. Diz a Kate.

- Calada menina ou quer ir fazer companhia à sua colega.

- Com todo o gosto. Ela disse e levantou-se, foi ter comigo e puxou-me para fora da sala.

- Mais alguém quer ir fazer companhia às colegas?

- Se não se importa eu vou com elas. Disse a Sabrina e saiu. Quando a aula acabou a dama de ferro veio ter comigo ao bar.

- Temos de falar menina Washington.

- Diga.

- Em particular, siga-me.

- Claro. Eu segui-a até à sala da direção.

- Eu devo-lhe um pedido de desculpa pela minha atitude para com a menina.

- Eu só quero entender porque me odeia tanto.

- Porque a menina tem coragem para fazer aquilo que eu não fiz.

- Não estou a entender. Ela olhou para a minha barriga.

- Foi há 23 anos, a minha filha teria 23 anos se eu não a tivesse morto.

Como? Ela está a crer dizer o que eu penso.

- Desculpe, mas eu não tenho culpa disso.

- Tem razão, só que foi mais forte que eu.

- A senhora não me pode humilhar só porque eu decidi ter os meus filhos, não é assim que se fazem as coisas.

- Eu sei.

- É melhor eu ir.

- Claro.

Quando sai da direção esbarrei com o Ryan.

- Desculpa.

- Não faz mal, estás bem?

- Sim. Porque é que foste embora ontem?

- Eu não me estava a sentir bem.

- Sabes Ryan eu desisto de te tentar compreender.

- Já me perdoaste?

- Ryan...

- Eu sei, fiz asneira, não devia ter-te envolvido nas minhas apostas.

- Tu disseste na minha cara que estes filhos podiam não ser teus.

- Eu estava de cabeça quente.

- Foi mais fácil deitar a culpa para mim.

- Eu não queria. Desculpa.

- O remorso pesa na consciência. Eu tenho de ir. Ele agarrou no meu braço e colou as nossas bocas.

- Eu ainda te amo, isso não era mentira, talvez ao início tu fosse só uma aposta, mas agora não.

- Quem me garante isso?

- Eu, confia em mim.

- Fiz isso uma vez e não acabou nada bem.

- Isso foi porque eu só pensei em mim, mas agora não.

- E estás à espera de quê agora?

- Que me perdoes.

- Não achas que agora é tarde?

- Por favor.

- Eu tenho de pensar.

Fruto De Uma ApostaOnde histórias criam vida. Descubra agora