UNSAID THINGS

MARCH PART 1

EMMA

Eu tinha um acordo com Killian de não beber, mas isso foi por água abaixo graças ao meu péssimo dia na editora..

— Pela sua cara e pelo fato de você estar num bar antes das seis da tarde de uma segunda feira, eu vou deduzir que você veio encher a cara e dizer que eu venci a aposta. — Killian disse assim que me sentei em um dos bancos do balcão.

— Zero paciência para sua vangloriação, me serve uma dose de algo forte por favor. — Pedi ao moreno que meio minuto depois me serviu copo de água com açúcar. — Vai se ferrar.

— Calma, Emma. — Killian falou levantando as mãos em rendição. — O que houve?

— Trabalho. Trás a porra da minha bebida!

— Ok, Mas, vai ter que me contar oque aconteceu. Se não contar boto você pra fora. — O olhei com ódio e ele foi pegar a bebida, quando voltou se sentou ao meu lado esticando o braço. — Me conta o que houve. — Tentei pegar a bebida, mas ele puxou o braço de volta. — Você sabe que não vai funcionar assim.

— O primeiro livro que a gente tem que traduzir chegou... Tema erótico. — Falei e virei tudo que tinha no copo.

— Deixa eu adivinhar, todo mundo gostou exceto você? — Assenti. — Qual o problema com o tema?

— Eu não gosto de livro erótico, me lembra filme pornô. — Killian riu. — Eu vou dar na sua cara.

— Pelo que eu sei não dá pra trocar o tema então você vai ter que ler e fazer uma ótima crítica sobre ele.

Ouvir isso fez eu me lembrar o meu real problema, como criticar um livro escrito por uma pessoa experiente sendo que eu não tenho a mesmo experiência? Não era possível que isso fosse me assombrar logo agora.

— Pelo visto...

— Posso ajudar? — Ri de nervoso.

— Posso saber como? — Minha cabeça já conseguia imaginar as merdas que ele ia falar. Algo do tipo, "Posso te mostrar quantos tons tem o cinza".

— Eu posso ler e dar a minha opinião também. — Uau, não era um flete idiota. — Eu sei que é quase nada, mas duas cabeças pensam melhor que uma.

— Depende com qual cabeça você vai pensar... — Disse sem pensar, Killian riu e revirou os olhos.

— Vem, larga esse copo. — Ele falou estendendo-me a mão.

— Para onde vamos? — Perguntei desconfiada.

— Para minha cama. — Ele riu, mas eu fiquei tensa. — Para casa, Emma. Vamos para casa.

— Você tem que trabalhar ainda..

— É segunda, o bar está vazio. Não vão se importar se eu sair uma hora mais cedo. — Peguei a mão dele e deixamos o bar.

No caminho de casa passamos por algumas lojas de roupas e eu me perguntei se eu realmente tinha abraçado New York.. Eu amava quase tudo na cidade, ainda ficava deslumbrada com algumas coisas, contudo já estava acomodada e feliz com meu novo lar, mas ainda faltava algo. Talvez eu fosse como a Andy de “O diabo veste prada”, meu guarda roupa não era tão ruim quanto o da protagonista, mas definitivamente não estava no perfil Manhattan.

— Killian? — Ele murmurou um "hm". — Eu estava aqui pensando eu mudar um pouco meu visual, o que você acha?

— Como assim, mudar?

— Hm, renovar o guarda roupa, mudar o corte de cabelo, sei lá essas coisas...

— Vai voltar a ser morena? — Ele parou de andar ao me questionar.