JULY PART 3

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KILLIAN

— Essa semana foi tão estranha para você quanto foi para mim? — Emma me perguntou logo depois de se sentar em um dos bancos do bar.

— Definitivamente. — A entreguei uma cerveja.

Desde que Milah conversou com Emma, nós começamos com alguns métodos estranhos de convivências. Na maioria das vezes éramos somente Emma e eu, falávamos dos momentos em que nossos sentimentos estavam a flor da pele e do que queríamos para o futuro, o que não seria estranho se a minha atual namorada não ficasse anotando tudo que falávamos.

Nas vezes em que Milah participava, sempre tínhamos que fazer algum tipo de meditação ou atravessar a cidade para ir quebrar pratos. No início eu achei estranho — ainda acho — mas agora posso ver uma melhora. Emma não tem mais implicado com Milah, e eu não me sinto tão  irritado de saber que ela ainda está com Graham.

De alguma maneira isso estava funcionando, deixamos todo o caos para trás e agora estamos nadando em águas calmas. Meu único medo é que, em algum momento haja uma controvérsia e nosso mar calmo seja tomando por um tsunami.

— Por que está aqui? — Perguntei.

— Eu só queria encher a cara.

— Aceita companhia?

— Você está trabalhando.

— Já acabei por aqui. — Tirei meu avental, peguei uma cerveja, atravessei o balcão e me sentei ao lado dela.

Por acaso o seu pai é o seu patrão? Você está sempre livre para deixar o trabalho. Eu ri.

Está mais para tio.. Emma revirou os olhos. — Muita coisa na cabeça? 

— Algumas.

— Quer compartilhar?

— Ainda não. — Emma bebericou a cerveja. — E você? Tem algo a compartilhar?

— Eu escrevi uma música e consegui vendê-la. Disse orgulhoso da conquista que fiz no dia anterior.

— Parabéns! Fico muito feliz, de verdade.

— Obrigado. Foi a primeira vez que senti que tinha escrito algo realmente bom..

— Sobre o que escreveu?

— Sobre você. — Ela franziu as sobrancelhas.

— Sério? — Assenti. — Sobre o que, exatamente a música fala?

— Sobre... sobre ciúmes. Tudo começou quando você saiu pra encontrar com Graham na noite depois que fomos jantar. Naquela época eu já estava considerando ter algo a mais com você e vê-la fugindo de mim direto para os braços de outro me deixou um pouco melancólico.. Então às palavras foram surgindo para mim.

— Uau.. Toda aquela maconha deve ter te deixado mal.. — Emma comentou antes de tomar mais um gole da cerveja. 

— Só estou dizendo que noss.. Espera, que maconha?

— Ah qual é, não precisa negar. Eu achei seu esconderijo na época que a gente.. Estava junto.

— Eu estou falando sério. Não uso há meses, da última vez era ano novo eu acho.

— Se a droga que está na sua gaveta de meias não é sua, de quem é? Aí meu deus! Eu fumei a erva dos outros!

— Você o quê?

— Eu tô devendo droga para alguém! Meu Deus! Eu acabei de me tornar o pesadelo dos meus pais.

— Emma! Para com isso. Você é muito dramática.

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