Capítulo 5: Nada além disso.

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Harley olhou para sua cadeira médica e a observou por alguns instantes, sentiu-se estranha por observar aquilo mas continuou encarando.

Sentava-se ali para trabalhar todos os dias e mesmo assim parecia não ser seu destino ou o que deveria fazer para o resto de sua vida.

Olhou para a janela enquanto segurava a xícara de chá nas mãos e sorriu para o clima frio e úmido lá fora, lembrou-se de Coringa e percebeu que estava se apaixonando por seu paciente.

Ela sentia que desde o momento em que começou suas consultas, ele tinha melhorado e estado mais "humano", se podia dizer dessa forma, ela sentia que ele estava mudando, que estava ajudando-o, e que ele não era louco, era incompreendido.

-Harley?

Uma voz fina e meiga a chamou e ela virou-se para ver quem era.

-Olá, Julie - a loira sorriu - Como vai?

-Estou muito bem - sorriu de volta - Qual é sua cor favorita? - perguntou fechando a porta e indo em direção à poltrona na qual Harley sempre sentava.

-Acho que vermelho e azul - respondeu pensativa enquanto colocava sua xícara sobre a mesa - Não tenho certeza, e a sua?

-A minha é roxo - respondeu a menina mexendo no cabelo.

-Roxo é uma cor muito bonita - disse Harley - Mas por que quer saber isso?

-Curiosidade - sorriu novamente - Já escolhi o que faremos no natal, mas será surpresa.

-Uma surpresa de natal? - Harley a observou - Isso parece ser bem interessante.

-Oh, é sim - respondeu a menina sorrindo travessa - Posso perguntar mais uma coisa?

-É claro, o que é?

-Se eu gosto de armas, significa que sou maluca?

-Armas? - perguntou a doutora sem entender - O que quer dizer com isso?

-Eu não quero dizer nada além disso - riu da expressão confusa de Harley e soprou um beijo enquanto saía da sala - Até mais, Arle.

-Espere, Julie - chamou a menina que ainda rindo virou-se ao ouvir seu nome ser chamado - Por que me chamou assim?

-Eu apenas tirei o H e o Y do seu nome já que não encontrei nenhum apelido para te chamar que seja só meu - ela encarou Harley que estava séria e ficou com dó da moça, ela adorava a loira, mas Coringa tinha outros planos para ela - Preciso ir.



-Doutor Carter?

O homem de cabelos brancos ergueu a cabeça para olhar quem batia em sua porta.

-Dylan? O que faz aqui? Entre - disse deixando a caneta que segurava de lado.

-Gostaria de falar sobre a doutora Quinzel - disse o rapaz enquanto sentava em uma das cadeiras de frente para a mesa do médico.

-Harley? Por que? - perguntou Carter preocupado.

-Acredito que a doutora esteja sendo... Como posso dizer... Nenhum pouco profissional.

-Acho que ainda não entendi aonde quer chegar, Dylan.

-Ela defende aquele louco do Coringa como se ele pudesse algum dia sair desse lugar, ninguém nunca fez isso antes, doutor, eu acredito que ela esteja gostando dele.

O mais velho respirou fundo e tirou os óculos, ele tinha medo de que isso pudesse acontecer, mas confiava em Harley.

-Bem, se ela estiver gostando ou não, o problema será dela, não concorda? - disse Carter sorrindo internamente ao ver o sorrisinho de vitória sumir do rosto de Dylan - Ela não é a única que pensou que Coringa pudesse sair desse lugar algum dia e não será, além do mais, todos defendemos nossos pacientes, sejam eles "curáveis" ou não - o médico deu a volta em sua mesa colocando a mão no ombro do enfermeiro - Estamos entendidos, meu caro?

-É claro, doutor - respondeu engolindo em seco pela atitude inesperada do outro.

-Creio que há muita coisa para ser feita do que prestar atenção se a doutora Quinzel preocupa-se ou não com os pacientes dela, não acha?

-Sim, doutor - o rapaz levantou-se e foi em direção à porta - Me desculpe, apenas pensei que fosse algo que merecesse sua atenção, voltarei ao trabalho.

-Não se preocupe com o que devo ou não prestar atenção, Dylan, preocupe-se em cuidar do seu trabalho.

-Tem toda razão.

-Então está tudo bem.

Dylan fechou a porta e saiu da sala do médico, socando a primeira parede que viu e conseguindo um machucado na mão.


-Ga? - chamou ela.

-Que apelido é esse, menina? - perguntou Coringa sem olhar para a pequena amiga - O que faz aqui?

-Você está bem? - perguntou tentando enxergar no escuro, já que ele não gostava das luzes no pequeno cubículo que ficava - Pegaram muito pesado com você dessa vez?

Apesar de ainda não ter se recuperado da sessão de choque, ele jamais deixaria Julie saber como era aquele tipo de coisa e nem permitiria que ela passasse por aquilo.

Mesmo não tendo vínculos de sangue com a menina, ele sentia a responsabilidade e o carinho por ela como se tivesse, Julie era como uma irmã mais nova. Entretanto, ele nunca se permitia muitas demonstrações disso já que nunca soube o que fazer com esse tipo de coisa, seus pais nunca foram afetuosos.

-Ligue para o Ed - disse ríspido como se mandasse a menina sair dali - Você já sabe o que dizer à ele.

Julie deu passos para perto de Coringa e estendeu a mão procurando pelo amigo no escuro, assim que tocou o ombro dele ela o puxou e abraçou.

-Também amo você, irmão - ela sorriu - Não perca a doutora.

Soltou-se dele e saiu do quarto, indo em direção ao local onde ficava o telefone.



Dylan acenou brevemente para a recepcionista do hospital e seguiu seu caminho até o carro, andando distraidamente sem notar que alguém vinha em sua direção até esbarrar na pessoa.

O homem era pouco mais alto que Dylan e vestia uma calça social preta acompanhada de uma camisa social de um tom de verde-escuro aberta por três botões e um paletó da mesma cor da calça por cima, os sapatos também pretos deixavam o homem com ares de superioridade perto do rapaz que vestia seu uniforme do hospital.

Dylan sustentou o olhar do sujeito e não se intimidou nos segundos que se encararam até que seu celular tocou e ele foi obrigada a atender.

-Tenha cuidado - sussurrou o outro seguindo para dentro do hospital.

Dylan desligou o celular e seguiu o homem.

-Espero que você saiba com quem está falando - disse o enfermeiro.

-E eu espero que você saiba o que está falando - respondeu o estranho parando de andar e voltando a encarar Dylan.

-Quem é você?

O homem rodeou Dylan e abaixou-se na altura da orelha dele.

-Não sou eu quem devia fazer essa pergunta?

-O que veio fazer aqui?

-Perguntas demais, meu caro - disse cruzando os braços - Vá embora - ordenou e voltou a andar, entrando no hospital.

Dylan continuou o caminho até seu carro com má vontade, queria quebrar a cara daquele sujeito, mas não podia fazer isso ali na frente do hospital que trabalhava.

Assim que entrou no carro ele viu uma pequena caixinha encima do banco ao seu lado, pegou a embalagem e abriu, surpreendendo-se ao ler a mensagem que o pequeno e dobrado papelzinho trazia:

"Alguns palhaços não fazem as pessoas rirem"

P.s.: você está rindo agora?

Oii Oii pessoinhas, me desculpem! Demorei muito pra postar esse capítulo, mas não me julguem, eu estava de férias e fiquei vendo minhas séries e filmes, sorry pela demora :(
O que acharam desse capítulo? Me deem suas opiniões!
xoxo 😘😘❤❤

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