Capítulo 23: Me dão alergia.

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  -Sabe, quando eu era criança, eu era o melhor brincando de esconde-esconde... - disse ele alto o suficiente para que Dylan o ouvisse.

Tinha seguido pela porta indicada por Harley, desceu as escadas e entrou em um local mal iluminado e cheio de coisas velhas que o hospital não usava mais. Parecia um tipo de depósito antigo que ninguém entrava há anos.

Piscou várias vezes para que os olhos se acostumassem com a pouca luz e tentou olhar ao redor em busca do enfermeiro. Com cuidado se abaixou para que Dylan não o surpreendesse pelas costas.

  -Vamos, Diego, não tenha medo, eu serei rápido! - soltou uma risada alta e voltou a se concentrar nos sons que os passos do inimigo poderiam fazer para indicar sua localização - Sabe, eu sinto um pouco de pena de você... - riu mais uma vez - Na verdade eu não sinto, mas as pessoas costumam dizer isso.

  -Você merece morrer seu palhaço ridículo - disse Dylan de um canto escuro do lugar atraindo a atenção do vilão enquanto o barulho dos tiros no andar de cima continuavam - Olha o que fez com o hospital, com o dr. Carter e com Harley!

  -Harley está ótima, não posso dizer o mesmo sobre o resto - respondeu frio ainda procurando pelo outro com os olhos - Já estou me cansando dessa brincadeirinha idiota, vamos logo, apareça seu covardezinho.

De repente Coringa ouviu os passos atrás dele e imediatamente se afastou virando-se na direção do som. Dylan surgiu das sombras e correu até ele com uma faca do hospital em uma das mãos enquanto uma arma pendia na outra.

Coringa pulou para o lado desviando do golpe com a faca e rapidamente pegou sua arma de dentro do casaco, apontando na direção que o enfermeiro tinha desaparecido novamente.

  -Você é mais irritante que o Batman - Coringa soltou uma risadinha irônica - Só que ele é mais bonito e não morre de amores por Harley, o que já me faz gostar um pouco mais dele do que de você.

De repente Coringa ouviu um disparo e logo uma dor intensa atingiu seu ombro direito, fazendo com que ele cambaleasse pra traz. O maldito tinha acertado um tiro nele, precisava reagir. Pegou novamente sua arma que tinha deixado cair por conta da dor enquanto ouvia a risada de vitória do enfermeiro.

  -Você acha que é imortal e intocável não é? - Dylan se aproximou mais de Coringa ficando em seu campo de visão - Faz piadinhas o tempo todo e anda por aí como se nada pudesse te afetar, mas sabemos que isso não é verdade não é mesmo?

Coringa trincou o maxilar em claro sinal de desgosto e irritação, e aguardou o momento certo para poder agir, não podia se arriscar muito com o ombro ferido e quase sem enxergar direito por causa da falta de luz, então precisava pensar.

  -Sabe, eu sempre imaginei como seria esse momento... É melhor do que pensei - o outro riu novamente e aproximou-se ainda mais do palhaço - Eu nunca tive medo de você.

Dylan segurou o rosto de Coringa com uma das mãos e o encarou por alguns minutos com puro ódio nos olhos. Soltou-o  de forma violenta e desferiu um soco no rosto dele, acompanhado de outro que o fizeram cair e ele seguiu a sequência de golpes com chutes e mais socos.

  -Harley jamais ficaria com alguém tão desprezível como você - disse ele perto do ouvido de Coringa - Ela só continua perto de você porque quer proteger Julie, ou você acha mesmo que ela se apaixonaria por alguém como você?

Dylan riu e de repente sua risada foi acompanhada pela de Coringa. Sem entender, o loiro encarou o homem que sangrava no chão.

  -Do que está rindo?

  -Ele está rindo da forma como você vai sair daqui depois - disse uma voz feminina fazendo Dylan procurar pela dona e dar de cara com um par de olhos azuis furiosos - Nunca mais bata no meu pudinzinho.

Harley desferiu um soco no rosto de Dylan que chocado, caiu no chão e se contorceu assim que ela começou a chuta-lo com a ponta da sandália fechada e delicada que usava.

  -Além de tudo está me fazendo estragar um belo par de sapatos! - disse ela chutando-o mais uma vez - Eu nunca vou ficar com você, seu doente, vê se entenda de uma vez por todas!

  -Harley, querida, você não ama ele, está sendo enganada - disse Dylan com a voz fraca e entrecortada pela dor da surra que levou.

  -E o que você tem a ver com isso? - perguntou irritada indo até Coringa - Você está bem, pudim?

Coringa sorriu orgulhoso e encarou Dylan, ergueu-se de onde estava com a ajuda da loira e soltou-se dela assim que conseguiu ficar em pé.

Harley mordeu o lábio para conter o fato de que ficou magoada por ele nem mesmo ter respondido sua pergunta. Precisava dar um fim naquilo tudo assim que saíssem daquele hospital. Não podia mais morar no hotel. Não podia mais amá-lo.

Ela saiu de seus devaneios quando ouviu os disparos de uma arma, ergueu a cabeça e viu o sangue se espalhando pelo chão enquanto Coringa encarava Dylan morto aos seus pés.

  -Finalmente, já estava cansado desse enfermeiro - disse e olhou para Harley que encarava o corpo sem vida perplexa - Diego era irritante.

Ela não disse nada e continuou parada no mesmo lugar, sem ação alguma.

  -Vamos embora antes que a polícia e o Morcego apareçam - puxou Harley pela mão e levou-a de volta para o andar de cima, dando ordem à seus homens para que voltassem para o caminhão e fossem embora.

  Assim que entraram no helicóptero, Ed tinha os olhos fechados e a cabeça pendia para o lado, Coringa preocupou-se com o estado do amigo e certificou-se de que um médico estaria no hotel assim que chegassem.

  -Você tinha mesmo que ter matado Dylan? - a voz baixa de Harley chegou até os ouvidos dele que a encarou.

  -E você queria o que? Que eu tivesse deixado o enfermeiro vivo? Por acaso estava pensando na sugestão de fugir com ele quando enjoasse de tudo por aqui? - indagou frio e desviou o olhar assim que ela o olhou nos olhos, aquelas íris azuis faziam com que ele perdesse o controle.

  -Do que você está falando? - perguntou confusa - Fuga? Eu jamais fugiria com ele - ela suspirou e voltou a olhar a paisagem proporcionada pelo helicóptero - Eu só não gosto muito de mortes.

  -E eu não gosto de fraquezas - respondeu de forma fria cruzando os braços sobre o peito - Me dão alergia.



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