29-Adeus

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- Fernanda é a ruiva abusada, Kate é a grávida, Paola é a negra com cara de modelo e Laís é a índia, cuidado com essa, ela sempre percebe tudo.

-Tá mas quem é Leandra?

- Chamam ela de Léa, fez parte do time de vôlei do CIMC. É uma garota magra deve ter mais ou menos 1,68 de altura, cabelo longo castanho claro, um pouco ondulados.

- O que a Danielle tem a ver com essas meninas?

- Danielle namorou a Leandra por um tempo.

-Pensei que essa Leandra estivesse com a ruiva.

-Ela está sempre com todo mundo, ao mesmo tempo.

-O Rodrigo onde vai estar?

-Na casa da mãe. Mas a Rafaela vai estar na casa da Danielle.

-Como assim?

-Rafaela e Danielle estão juntas... Por enquanto.

-O que você quer que eu faça?

-Agora que o Roberto está preso, ele finalmente saiu do meu caminho...

-Ele foi preso por que?

-Eu dei um jeito.

- Você?

-Sim.

Me aproximei da parede inteiramente de vidro que me dava a visão privilegiada da cidade 26 andares abaixo. A sala estava silenciosa mas eu sabia que lá fora a cidade estava um caos, como sempre.

- Quero saber o que quer que eu faça.

-Quero que mate-a.

-Como?

-Tanto faz; Queime a casa com ela dentro, dê um tiro. Sequestre, mate, e depois se desfaça do corpo, eu não ligo. Só quero que no final do dia ela pare de respirar.

- Porque todo esse ódio?

-Isso não é da sua conta.

O homem tinha olhos tão cinzentos que sua íris se assemelhava a cor do leite. Ele assentiu e apalpou os bolsos antes de tirar um cigarro muito fino e colocar nos lábios, acendeu e tragou a fumaça. Reparei em suas roupas, usava um terno caro e seus cabelos eram meticulosamente penteados.

"gostei dele, vai fazer o serviço direito"

-Mas e Julia Cordeiro?

-O que tem ela?

- Ela está no meio dessa história não está? Eu li a ficha dela, quando mais nova praticava pequenos furtos que a familia encobria. Depois de se tornar maior ela se envolveu com um de seus alunos, e mais uma vez foi tudo encoberto pela familia.

-Eu sei de tudo isso.

-Quem era o aluno? O nome não consta no inquérito... Sabe como é, proteção ao menor.

-Não importa quem era.

-Pra mim importa. Eu nunca matei um menor de idade antes, não me parece auspicioso.

Eu caminhei lentamente até meu pequeno bar e me servi de mais uma dose de conhaque. Não ofereci novamente a ele, já sabia que não aceitaria.

- Vai haver um campeonato de bodyboard na praia de Itacoatiara durante a próxima semana, todos estarão lá, aproveite isso e faça seu serviço.

- Quer que eu aproveite e mate mais alguém?

Perguntou com ironia, cerrei os olhos com raiva.

- Não, só ela.

-Tenho duas perguntas.

-Fala.

-Quer que pareça um acidente?

- Pode ser. Qual a outra pergunta?

- Isso tem a ver com o pai dela ter sido um policial corrupto no passado?

-Não, além do mais, ele já mudou de profissão faz anos. A garota nem sabe que ele já foi policial.

Menti e ele assentiu concordando, e acreditando no que eu dizia.

Sua visita durou quase a manhã toda, eu contei somente o que eu julgava ser necessário ele saber. Até porque se ele soubesse demais, eu teria que mata-lo também. Como a abordagem seria na praia ele planejava afoga-la. Eu sorri com o pensamento, por um momento lamentei não ser eu a apertar seu lindo pescoço, e ver de perto seus lindos olhos brilhantes ficarem opacos, e sem vida.

-Fazer o que, não é mesmo?

Falei em voz alta tomando um gole do meu conhaque, e voltei a observar a cidade caótica, eu estava exatamente no centro do Rio de Janeiro. E sabia que meu novo contratado estava nesse momento dirigindo diretamente para Niterói, para acabar de uma vez por todas com o meu maior tormento.

-Que o jogo comece.

(\/)

- Papai... Acho que ele atropelou uma garota! E porque ele comprou um carro igual ao meu afinal?

- Julia ele não fez nada...

- Fez! É um criminoso, eu deveria denunciar ele. E você não pode dar total acesso à minha casa pra ele!

- Isso foi um erro do passado filha.

- Não me chame de filha. Você não tem agido como pai.

Falei com desdém me levantando da cadeira. Ele permaneceu sentando atrás da mesa me olhando com ar de superioridade.

- De qualquer maneira não quero que fale nem uma palavra sobre ele ter "supostamente" atropelado essa menina.

- Supostamente? Ele estava com o meu celular! Mandou mensagem para a Leandra logo antes de seguir a outra garota e a atropelar. Logo depois me devolveu o telefone como se nada tivesse acontecido. Como se ele não tivesse espalhado fotos de uma menor de idade! COMO SE NÃO TIVESSE ME FEITO SER ACUSADA INJUSTAMENTE!

- Ora convenhamos não é Julia?! Você não é nenhum anjo inocente. Ele deveria sim... Fazer o que fosse necessário para te afastar dela, e ela de você. Eu não especifiquei que ele fizesse o que fez. Mas surtiu efeito e você se afastou dela. O que mais quer que eu faça? Vou precisar tomar alguma medida drástica?

- Não.

Respondi batendo a porta e o ouvi gritando mais alguma coisa, mas eu estava furiosa, sai pisando forte à caminho da porta afim de ir embora, mas parei na sala quando ouvi uma voz suave.

- Brigaram de novo?

- Sim mamãe.

- Você deveria tentar entender ele... Só está tentando te proteger.

- Não mamãe. Ele está protegendo a ele mesmo, e me ferindo e prejudicando no processo!

Falei apontando o dedo para a porta fechada do escritório dele.

- Seu pai não fez por mal.

Ela era tão calma. Uma versão calma e recatada de mim mesma, porém eu era diferente. Era problemática e nunca aceitava "não" como resposta.

- Filha...

- Mamãe, eu sou lésbica! E o quanto antes você e o papai aceitarem isso, será melhor. Cometi um erro me envolvendo com uma das minhas alunas sim, mas vocês me puniam muito antes disso. Me punem por ser quem eu sou!

- Sempre te demos tudo, o que mais você quer filha? O que falta?

- Respeito mamãe. Coisa que nunca tive aqui em casa.

Falei e vi seus olhos da mesma cor que os meus, se encherem de lágrimas.

- Onde foi que erramos com você garota insolente!?

Meu pai quase gritou saindo de seu escritório.

- Erraram em não ter feito um aborto enquanto era em tempo. Adeus.

Até O FimOnde histórias criam vida. Descubra agora