2-Coitada da minha amiga

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Quarta 26/10/2016 11:37am

O assunto na volta do almoço era o jogo no próximo sábado. O primeiro sem mim, as outras turmas da professora Julia reclamavam que ela estava uma megera mandando fazerem incontáveis abdominais, sempre que dava na telha. E o meu novo professor de educação física era nojento. Mas não era a Julia, por isso eu era a única da turma que não reclamava das voltas que ele nos fazia dar pela quadra.

-Pega minha bola pra mim?

Disse Gui. Um garoto chato que ficava vermelho como um tomate com qualquer esforço físico, e amava falar gracinhas de duplo sentido como essa.

-Pega você.

Disse Laís. Mas ele se referia a mim, estava me olhando com olhar safado que me deu nojo.
Veio até onde estava a bola de basquete que ele e mais três estavam brincando de fazer cestas livres. E antes de sair disse:

-Queria que a Léa pegasse na minha bola.

-Vai ficar querendo, seu porco.

Respondi enojada. Ele mandou beijinhos e se juntou aos garotos, rindo feito hienas, revirei os olhos irritada. Um grupinho de meninas nos observava do outro lado da quadra. Encarei de volta e uma delas arregalou os olhos intimidada e parou de me olhar.

-Porque me encaram tanto?

-Por que você é famosa na escola.

Disse Laís.

-Mas eu não entendo.

-Você é linda, gostosa, solteira, famosinha por causa dos troféus que trouxe pra escola, fez Itacoatiara ficar mais conhecida, o que esperava? Nunca notou que tratam você e as meninas do time diferente?

Eu engoli em seco. A ruiva me olhava esperando minha resposta.

-Não.

Fernanda se aproximou de nós duas e disse;

-E tenho que deixar claro que corre o boato que vocês do time são bi, ou são lésbicas. Dizem que tem uma regra que não admitem meninas heteros.

-O QUE? Isso é a maior idiotice que já ouvi.

-Ok. Mas eu só estou dizendo isso pra deixar claro que você está nas fantasias sexuais dos meninos e de algumas meninas.

Mas ao dizer isso Fernanda colocou uma mecha de seu cabelo ruivo natural atrás das orelhas e me fitou de um jeito íntimo demais. Eu fitei Laís e essa deu de ombros.
Eu não podia acreditar naquilo.

Saí direto pro vestiário. Mas as meninas que estavam sentadas ali disseram em coro:

-Ta interditado!

Eu bufei com raiva.

-Pode usar nosso banheiro Léa.

Disse Gui. Minha raiva cresceu. Peguei minha mochila e sai daquela quadra e fui para a outra do outro lado da escola. Não era dia de Julia dar aula, então eu entrei com tudo. Mas dei de cara com Kate, Faby, Carol, Fran e todas as meninas do time sentadas no chão da quadra com Julia no meio, a bola na mão e papéis espalhados entre elas.

-Desculpa. Achei que estivesse vazio.

Falei e já ia dar meia volta quando a voz de Faby me chamou.

-Pode usar o banheiro, já estamos de saída.

Faby era pequena e era a caçula do grupo. A única que acenava pra mim de longe quando me via pela escola.

-Pode ir Léa.

Disse Kate. Eu dei um sorriso sem graça às meninas e corri ao banheiro. Tirei minha roupa. Ensaboava os cabelos, quando ouvi a porta se abrir.
Ela se encostou na parede e me observou tomar banho com um sorriso cínico nos lábios.

Até O FimOnde histórias criam vida. Descubra agora