48- A Loira Do banheiro

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- Oi.
- Oi - Falei já pensando internamente o que iriam pensar em me ver falando com a loira. Olhando a nossa volta era perceptível que a atenção dos adolescentes e dos professores já havia sido desviada, alguns dançavam no salão. Tudo estava às escuras, a entrega dos diplomas seria no dia seguinte e o burburinho era de pura ansiedade.

Fiquei nervosa quando olhei em seus olhos, as bochechas dela ficaram ligeiramente avermelhadas quando nossos olhares se encontraram. Ninguém ali olhava estranho, porque ninguém fazia ideia de quem era ela. Ali ela era somente Júlia, uma loira linda em um terninho azul elegante, e muito justo. Fiquei ligeiramente enciumada quando alguns garotos pararam para observar. Mas seus olhos estavam grudados em mim.

- Oi.
- Júlia...
- "O que você está fazendo aqui?" É o que você quer perguntar. Acertei? - Assenti intimidada pelo seu olhar, usava uma maquiagem pesada, e muito rímel e sombra em seus olhos.
"Eu vim porque tenho algumas coisas pra te dizer, e nenhuma delas valia a pena ser somente escrita em uma mensagem. Eu precisava te ver"

Meu coração acelerou ao ouvir aquilo. No fundo do meu estômago borboletas que andavam adormecidas deram sinais de vida. Deixei de registrar que música tocava nas caixas de som do enorme salão, os cheiros de desodorante dos meus colegas sumiram dando vez somente ao cheiro único dela. Quando colocou as mãos nas minhas, entrelaçando nossos dedos e se aproximando mais antes de continuar a falar.

- Podemos só conversar? Talvez depois de você me conceder essa dança. O que acha?

Não havia uma alma viva naquele salão enorme que não estava babando, eu inclusa.  Estava levemente bronzeada, com um corte de cabelo diferente, mais curto. O sorriso era o mesmo, tão cativante como sempre foi. Os olhos claros brilhavam. Era uma mulher linda demais. E estava aqui.

"Será que adormeci é estou sonhando?"

- Você está aqui!?

Ela deu uma risada de leve, eu parecia uma fã, vendo seu ídolo. E todo mundo no lugar também, já que mesmo não a conhecendo, numa breve observada no local vi que não tiravam os olhos dela.

- Sim, estou.
- Eu poderia estar sonhando sabe, já me aconteceu antes. - Ela me deu um leve rodopio, a música estava quase acabando. Colocou uma das mãos no meio das minhas costas, nossos rostos quase colidindo.  Comecei a imaginar como seria se eu a beijasse.

- Andou sonhando comigo então.
- Sim, sempre.

Eu só conseguia ouvir sua voz. Nem as meninas eu havia notado saindo de fininho.

- Eu tentei te ligar sabe... Mas você .. desligou? Não sei.

Ela falou insegura. Eu puxei meu celular na mesma hora, fui nas ligações e vi o número dela marcado como spam. Olhei imediatamente para as meninas, nenhuma delas me encarou de volta.

- Kate...

Sussurrei serrando os olhos. Julia me observou com curiosidade, baixou a cabeça e falou suave;

- Talvez tenha sido um erro. Quer que eu vá?

- Não. Fica. Eu quero você aqui.

Ela deu um sorriso meigo. Meu mundo passou a ser somente eu e ela o resto da noite. As meninas dançavam e bebiam se divertindo, mas nós deram certo espaço. A luz do ambiente era escura e colorida, haviam balões de ar por toda a parte, e aos poucos alguns alunos saiam de mãos dadas meio às escondidas. Provavelmente para um after na casa de algum deles.

- Vamos sair pra comer algo?

Ela comentou em algum momento entrenuma musica e outra, nenhuma das meninas se opôs. Entramos em seu carro SUV, Paola e Laís no banco de trás, eu no banco do carona.  Assim que ela saiu do estacionamento, mandei mensagem pro meu pai avisando onde iríamos sem dizer com quem.

Até O FimOnde histórias criam vida. Descubra agora