16-Gemidos eram como musica pra mim

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Terça 13/12/2016 08:18am

-Pronto?

-Vem me buscar, por favor.

- Léa?

-Eu preciso de você. Você pode me buscar?

-Eu estou ocupada agora, onde você está?

-Trancada no meu quarto, minha casa virou uma zona de guerra.

Eu falava e olhava a chuva caindo lá fora sem parar.

-O que aconteceu?

-Nada, esquece que eu liguei, desculpa ter atrapalhado... Tchau.

Falei e desliguei sem deixa-la responder. Saí do meu quarto e desci as escadas, ignorei os gritos na sala e sai pela porta. Depois de sumir ontem o dia todo minha mãe havia aparecido agora de manhã pra buscar as coisas dela.
Nem me notaram saindo.

"sou invisível agora"

Pensei e caminhei pela rua, já ensopada, andei sem rumo até que percebi que estava no ponto de ônibus. Lágrimas se misturaram com a água da chuva, meu cabelo grudava em meu rosto.
Perdi a noção do tempo que passei ali, meu celular tocou, tirei do bolso e olhei a tela que rapidamente se encheu de gotas da chuva. Era ela me ligando, mas não atendi.

-Ei! Entra aqui!

Ouvi uma voz feminina me chamando, o BMW preto estava parado na minha frente, me levantei entrei no carro.

"o carro que a Dani disse ter a atropelado não era um BMW?"

Me peguei pensando alarmada, olhei pra Julia seus olhos verdes me fitaram preocupados.

-Está ensopada!

Disse e tirou a própria jaqueta para me vestir logo que entrei no carro.

"não é possível, ela não machucaria a Dani"

Tentei me convencer, eu não queria lidar com mais esse problema agora.

-Vou te levar para a minha casa ok? Lá você me explica tudo.

Eu apenas assenti e encostei minha cabeça no vidro da janela. Eu estava cansada de estar o tempo todo tentando descobrir as coisas, tentando remendar os estragos. Fechei os olhos e tentei esquecer de tudo.

(...)

-Agora entendo que quis dizer com zona de guerra, eles vão se separar provavelmente.

-E nenhum dos dois me quer.

-Claro que querem Léa.

-Eles disseram na minha frente, meu pai mandou ela me levar junto, ela disse que iria embora sozinha.

-Foi na hora da raiva. Claro que eles te querem.

-Estão tão preocupados em brigar que nem me notaram saindo.

-É um momento difícil Léa, você terá que ter paciência. O que foi isso no seu braço?

-Meu pai ontem.

-Ele te machucou.

-Isso não é nada.

Falei cansada, agora eu começava a me sentir sonolenta.

-Quer dormir um pouco?

-Se importa?

-Mas é claro que não, enquanto você descansa eu preparo algo pra você comer. Pode pegar alguma roupa minha, está toda molhada.

Fui pro quarto da Julia e me despi, entrei debaixo do chuveiro e já sentia minha cabeça doer. Me enrolei em sua toalha branca e macia, para então abrir seu closet enorme e procurar uma roupa confortável para dormir. Uma parte era só de sapatos, saltos altos, tênis de corrida, botas e etc. Peguei um short soltinho que parecia de ficar em casa e uma blusa.
Puxei seu edredom e entrei embaixo, o cheiro dela era forte no travesseiro, dormi abraçada nele.

Até O FimOnde histórias criam vida. Descubra agora