- "Querido diário, só hoje eu já quis morrer umas... 20 vezes. Mas não me matei em nenhuma dessas vezes. Isso é um verdadeiro milagre..." Quando você escreveu isso Lea?
Perguntei rindo, ela tentou tirar o caderninho surrado da minha mão. Mas eu o ergui mais alto do que ela poderia alcançar.
- Devolve!
- Ah não! Essa oportunidade eu não posso perder!
Corri para dentro do banheiro e me tranquei lá. Abri em uma página aleatória e acabei lendo o que eu não esperava. Era praticamente uma nota de rodapé, em uma letra tremida, ela escreveu;
"eu não acredito que isso aconteceu logo comigo, estou chorando muito, e não consigo parar, eu fui forçada a fazer aquilo, isso é tão horrível. eu não sei o que fazer além de chorar"
- Kate abre a porta! Por favor Kate eu não quero que você leia minhas coisas!
Eu percebi um choro em sua voz. Abri a porta, e entreguei o caderno sem falar mais nada.
- O que você leu?
Ela sacudiu o caderninho na frente do meu nariz. Eu a olhei assustada.
- Você foi forçada a fazer o que Leandra? Quando foi isso? Não há datas nesse caderno!
Ela ficou pálida. Amassou o caderno na mão, o apertando firme até que estivesse todo amassado dentro de seu punho.
A brincadeira acabou ficando seria demais. Estávamos arrumando o quarto dela a mais ou menos duas horas. Encontrei seu diário antigo, o único por sinal, dentro de uma caixa empoeirada com antigos troféus e medalhas do time de vôlei.
- Não é da sua conta.
- É algo sexual? Foi um estupro?
- E eu por acaso tenho cara de quem foi estuprada? Me poupe Kate!
Ela saiu a passos largos. Seu pai passou por nós duas. Ficamos em silêncio nos encarando, ele parou e nos olhou atentamente.
- O que está acontecendo?
- Nada pai.
- Kate, não minta também. O que há?
- Eu li o diário da Léa. E ela ficou brava comigo.
Resumi. Ela me olhou irritada, seu pai esticou a mão, e fez sinal para ela entregar o caderno. Nunca vi Léa ficar tão sem cor.
- Papai... Eu não.
- Me dê logo. E terminem logo a arrumação, eu te levo para casa amanhã de manhã Kate. E parabéns pelo bebê, a barriga está enorme.
- Ah... Obrigada. Eu acho.
Ele saiu com o caderno que Léa entregou de má vontade.
- Ele me chamou de gorda?
Perguntei, mas ela estava me ignorando.
- Foi mal amiga. Será que ele vai ler? Não foi minha intenção! Juro!
- Ele não vai ler. Ele não é assim, se fosse minha mãe já teria lido na minha frente. Ele só leria se eu pedisse que fizesse.
- Entendi. Por isso amo meu tio. Me diz... Vai me contar o que houve afinal?
- Não é da sua conta.
- Não precisa ser grossa!
Falei e senti o bebê mexer.
- Oh...
Os olhos dela brilharam com espectativa.
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Até O Fim
Teen FictionMe trouxe aqui só pra depois fugir de mim? - Eu não estou fugindo! - Você está correndo de mim Leandra! Isso na minha terra se chama fugir. - Eu não... Tentei argumentar, mas parei de andar e a olhei. Estavamos a uns bons metros de distância. - Eu...