Naquela manhã de sexta foi difícil acordar. De alguma maneira aquela ligação tão repentina mexeu comigo, pois fiquei até a madrugada tentando entender o porquê João se daria ao trabalho de fazer aquilo, ele nunca sequer demonstrou afeto por mim, preocupação ou simplesmente remorso, era só me foder e pronto e de repente liga para mim me chamando de meu amor, que era para espera-lo por que ele estava voltando para mim, só podia ser piada, e uma piada de muito mal gosto. Levantei, fiz minha higiene, me arrumei e fui trabalhar.
- Bom dia pessoal – cumprimentei a todos quando entrei no escritório iria ter uma conversa longa com Valmir sobre um projeto que fiquei de terminar, mas que encontrei um erro por parte de um dos fornecedores e também havia decidido continuar no emprego, eu tinha contas a pagar.
- Fabrício! – Tatiana quase caiu da cadeira quando me viu – você voltou – disse ela se levantando e vindo em minha direção me abraçar - graças a Deus, isso está de pernas para o ar sem você... – ela levantou os braços para o ar como sinal de agradecimento – ele está perdido sem você... – eu logo entendi a quem ela se referia.
- Exagero seu Tatiana, olha só quem voltou... – André apareceu do nada, parecia uma assombração esse cara – o queridinho do chefe... – debochou ele dando a entender que éramos algo mais, o com fez com que um office boy que esperava um documento ser assinado pela dona Carmem risse disfarçadamente.
- Que foi amigo, não tem nada para fazer? – Perguntei me virando para o office boy que fechou a cara e disfarçou indo ao bebedor – quanto a você André, coisa que você nunca vai ser... – Resolvi devolver o deboche - além de muito profissional eu sou mesmo o queridinho da família Cazarotto muito antes de estar aqui... – olhei de cima para ele, adorei ver sua raiva subir – já você tem que ser esse puxa saco patético para conseguir o mínimo de atenção, principalmente do filhinho do chefe, não é mesmo? Que nível... – Ele me fuzilou com os olhos.
- Rapazes... – Tatiana chamou nossa atenção – vamos nos acalmar... - interrompi ela.
- O Valmir já chegou Tatiana? – Perguntei a ela.
- Já sim – disse ela pegando o telefone com um sorriso de eu não acredito que você fez isso com ele – vou avisar a ele que está aqui – ela ia discar o número quando interrompi.
- Não precisa avisar que estou aqui, eu mesmo vou na sala dele, tenho que levar uns projetos para ele conferir... – me virei e segui pelo corredor indo em direção a gerência. No corredor conseguia ouvir os gritos vindos da sala de Luciano que ao telefone discutia com um dos nossos fornecedores, nada profissional da parte dele, ele não tinha o mesmo trato que eu que sempre lidava com eles e acabei deixando um riso escapar na mesma hora que ele abriu a porta e me encarou surpreso abrindo um sorriso, virei rápido, não fiz questão de olhar ele, mas pude notar seu olhar em mim o que me deixou incomodado.
- Não cumprimenta mais porra! – Disse ele em alto e bom som, não respondi e segui até a sala de Valmir.
A porta estava aberta. Valmir estava sentado em sua mesa revisando um projeto que havia sido enviado por um dos nossos clientes na última terça e estava tão concentrado que nem notou minha chegada, eu entrei sem mesmo me anunciar.
- Bom dia Valmir – disse querendo assustá-lo.
- Senta Fabrício – disse ele com um sorriso após o susto inicial.
- Obrigado – disse retirando meu notebook da mochila – Valmir, trouxe para você as revisões do projeto da adutora que o cliente mandou, queria que você analisasse se tem mais alguma alteração para ser feita, notei que o schedule que o fornecedor me passou está errado, não bate com as medidas no catálogo deles e queria saber contigo se eu posso enviar ao cliente desse jeito e depois mandar uma revisão? – Mostrei o projeto no software, ele sorriu.
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Coração Ferido
RomanceEntre encontros e desencontros muita coisa pode acontecer. O amor vem de onde menos se espera, ele pode nos surpreender. A dor, anseios e tudo o que gira a vida de dois amigos, pode mudar o sentimento deles de um para o outro?