Capítulo XLVIII - A inocência de Fabrício

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            Eu sou um veado sem vergonha, eu não devia ter caído no joguinho do Luciano, eu devia o mínimo de respeito comigo mesmo e vergonha na minha cara, que tipo de pessoa que eu era? Mais um pouco e eu provavelmente me esqueceria do que ele fez comigo e estaria dando feito uma puta aos gritos e gemidos para ele dentro daquele vestiário, em cima daquele banco e me igualaria a ele e aquele veadinho rameiro do André, só de pensar nisso me auto julgava.

Outro pensamento que estava me deixando extremamente irritado com tudo o que acontecia era que eu passei a sofrer de desejos, pois a cena dele nu e molhado com o pau balançando e vindo em minha direção com aquela cara de mau voltava a todo momento na minha cabeça, seu olhar faminto, a pegada dele em meu braço e o pior, seus beijos, seu peito quente, molhado, peludo, eu ansiava por sexo, mas eu tinha que me controlar, ainda bem que o pior não aconteceu, pelo menos um pouco de dignidade eu tinha, mas era inevitável, o tempo e o ocorrido não me fizeram deixar de amar ele e isso me assustava, eu estava começando a perder a razão.

- Fabrício, você está bem? – Perguntou Sergei me olhando preocupado, minha vontade era de furar ele com o garfo e gritar: Não! Bem alto, mas me contive e sorri.

- Estou – respondi tentando parecer o mais convincente possível.

- Tem certeza? – Perguntou ele me fitando sério.

- Absoluta – respondi convicto fazendo com que ele assentisse e voltasse a conversar com meu irmão.

- Fabrício, você está calado – comentou Júlio – tu viu teu primo, ele disse que ia para academia e ainda não voltou, será que está tudo bem? – Perguntou coçando o queixo, bem ogro.

- Acredito que sim, ele só foi fazer uma avaliação em um aluno e disse que depois encontrava a gente aqui – disse a ele que pareceu ficar mais tranquilo, ele deu de ombros e encarou meu amigo.

- Sergei, vem para cá, conta para gente a sensação de acabar com aqueles "alemão", aliás, conta para gente como é jogar futebol lá na tua terra? – Sergei que estava na minha frente me encarou.

- Pode ir, eu estou bem aqui e além do mais não curto futebol, pode ir lá – disse a ele que parecia preocupado comigo, ele então se levantou e piscou para mim indo em direção aos irmãos Júlio e Arthur.

Era sexta e o movimento na pizzaria ainda estava tranquilo, os rapazes decidiram aguardar por Luciano que avisou que estava chegando, eu também recém havia chegado e aguardava a Pepsi que eu havia pedido para o garçom.

Meu irmão estava sorridente, meu sobrinho estava reagindo e em breve poderíamos visitar ele, assim que completasse os sétimo mês de vida, então para o meu irmão não era só pelo jogo, tanto para eu como para ele havia uma comemoração pessoal

- Mano, você está estranho – disse meu irmão me cutucando vendo que eu estava fitando minha taça de vinho branco mais do que eu devia.

- Estranho, sabe o que vai ser estranho, se eu te fizer engolir a forma de pizza, isso vai ser estranho Guilherme – ele me olhou espantado e logo riu.

- Tu tá assim por causa que eu te esqueci lá no estádio? O mano não quis fazer isso contigo – Eu não aguentava quando o Guilherme tentava se fazer de inocente, como eu odiava isso.

- Para de se fazer que você sabe que não é somente por isso, se fosse eu não estava querendo te matar, larga mão de ser cínico, você acha que eu não sei que foi você que armou tudo aquilo, aquele teatrinho – queria sumir de raiva.

- Eu?! – Ele se fez de surpreso e ofendido botando a mão no peito – o que foi que eu fiz que tu ficou bravo assim? – Eu ia explodir.

- Você?!– Exclamei debochando dele – e o pior é que parece que o Luciano não sabia de nada, pois quando me viu faltou cair sua cara no chão, vocês não prestam os dois, ou melhor, os três, por que algo me diz que o meu amigo ali tem algo a ver com isso – cuspi com raiva essas palavras.

Coração FeridoOnde histórias criam vida. Descubra agora