Capítulo LV - Sem Vergonha

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Os meses estavam passando. Meu irmão estava fugindo de mim, mas para não criar intrigas e até guerra dentro de casa eu deixei esse assunto em off, eu não era idiota para saber que Arthur e meu irmão eram mais do que simplesmente amigos, afinal, quem era eu para falar alguma coisa, não era problema meu e nem seria eu que o julgaria, até por que no fim das contas nenhum dos amigos do meu irmão era heterossexual, muito menos eu, era quase um cliché de história, que todos eram gays ou bi, mas era a vida, o que valia era o amor, prazer, o resto era o resto e deixasse o resto para quem quisesse, acabei até sorrindo com isso tudo.

O fim de tarde da serra estava fresco, ou melhor, estava começando a refrescar, mais um dia de janeiro estava chegando ao fim. Sentar na varanda da minha casa e ficar pensando enquanto olhava a rua era um dos meus passatempos preferidos. Estava em casa há quase 3 meses e estava começando a me irritar, não com minha família, mas com tudo ao redor. Bebia meu chá gelado e olhava as crianças brincando e correndo pela rua.

- Fabrício – meu pai me chamou, ele recém tinha chegado em casa e parecia contente, usava uma regata preta e bermuda jeans, ele estava bem aos 54 anos, depois que voltou a malhar estava deixando minha mãe de cabelos em pé.

- Oi pai... – sorri ao olhar para ele, assim como eu, ele estava com um copo de chá gelado e assim como ele, eu gostava muito dessa bebida, no fim o filho rebelde era o mais parecido com o pai, pelo menos nos gostos – senta aqui comigo - dei lado para ele.

- Cadê o teu irmão? Por que ele não está aqui contigo? – muitas perguntas, muitas perguntas - te deixou sozinho porquê? – Perguntou como se eu e meu irmão fossemos crianças.

- Calma pai, eu tenho 28 anos e não 8 – argumentei – ele deve estar correndo, pelo menos foi isso que ele me disse que ia fazer – comentei dando mais uma golada no chá.

- Tu acha que ele e o Arthur tem alguma coisa, tua mãe falou que eles estão meio estranhos, parece que estão sem conversar... – olhei de lado para me pai que se calou.

- Com essa idade fazendo fofoca pai! – Debochei fazendo graça com ele.

- Não é fofoca, mas tua mãe está preocupada e eu também! – Exclamou, eu sabia que ele estava preocupado, Guilherme tomava porrada, mas não sabia lidar com assuntos sentimentais, já eu...melhor deixar quieto.

- Deixa ele pai, até por que o mano é bem grandinho – ele concordou com o que eu disse.

- Teu irmão devia ficar em casa, o guri estava chorando, tua mãe está com ele lá dentro, achei que tinha acontecido alguma coisa com ele – meu pai resmungou preocupado.

- Ai pai...o Enzo está sendo bem cuidado – tive que rir dele, da sua preocupação – a mãe criou eu e o mais importante, criou o mano, além do mais a nonna Motta está sempre por aqui – retruquei meu pai, pois se ele dissesse isso para alguém iam pensar que o menino era mal cuidado.

- Eu só fico preocupado filho, tu sabe como as coisas são - eu tive que rir, pois eu Rafael andava mais emotivo desde que virou avô, estava mais carinhoso até com a minha mãe e isso ele já era bastante, não era segredo que nos últimos meses passamos a ter uma convivência legal e que pela primeira vez ele passou a ser meu confidente e pra quem eu pedia conselhos e não o Valmir, talvez agora eu já tinha confiança e segurança para contar com ele, talvez agora ele fosse aminha melhor referência.

- Toma seu chá gelado pai, a mãe fez por que sabe que você gosta – disse

- Esse chá está bom, mas o dia está quente, você não acha? – Perguntou me encarando.

- Acho, aliás, mudando de assunto, nós podíamos ir para praia por esses dias, o que você acha? – Perguntei a ele, pois sabia que meu pai gostava de descer a serra para ir as praias.

Coração FeridoOnde histórias criam vida. Descubra agora