Capítulo XXVI- Novos ares

2.7K 288 91
                                    

As festas de fim de ano passaram voando, quase não aproveitei devido a ansiedade de viajar e o receio de deixar minha família para seguir novos rumos. A despedida não foi ruim, meus pais, meu irmão, Bartira, nona Motta, Arthur e Júlio, todos eles foram se despedir de mim no aeroporto de Caxias do Sul, onde eu pegaria o voo até São Paulo e depois de lá para Roma.

Foram aproximadamente 1:15 min de voo entre as duas cidades, quando cheguei em são Paulo meu voo já estava sendo anunciado, quando ia entregar meu cartão de embarque meu celular toca.

- Oi Luciano - atendi o telefone com um aperto no coração.

- Oi meu amor... - Ele estava carente e ia fazer um drama.

- O que eu falei sobre drama via telefone? - Ele respirou fundo - não tínhamos combinado que você não faria mais isso? - Ele respirou mais fundo ainda.

- Eu sei, mas eu não quero te ver partindo, mas quero que saiba que eu vou estar te esperando na volta, eu amo você Fabrício e quero o melhor para ti, só liguei para desejar boa viagem e te dar força - agora eu que respirava fundo.

- Eu também te amo ursão, se cuida aí em Belo Horizonte, não vai fazer merda ou se meter em confusão, ok? - Ele respirou fundo, parecia estar se segurando para não chorar.

- Entendido senhor Fabrício - ele riu - você promete não fazer nenhuma merda e se cuidar lá em Turim, você sabe que aquela raça é muito galanteadora, não é mesmo? - Revirei os olhos.

- Aquela raça também é a minha, inclusive a sua também, ou esqueceu da sua cidadania italiana? - Ele bufou.

- Você me entendeu, não vá se engraçar com aqueles carcamanos e nem se engraçar, se der a mão eles vão querer pegar ele e te puxar para cama deles... - Luciano estava com medo de uma traição.

- Luciano, eu não vou te trair, não se preocupe, está bem? - Ele pareceu relaxar e se acalmar.

- Eu sei, mas não é isso, é que eu vou ficar muito tempo sem te ver e tenho medo que no meio do caminho você encontre alguém melhor - ele suspirou - eu nunca fiquei longe de você, está difícil entender isso, essa é a verdade - Luciano tinha medo de ficar sozinho, isso era óbvio, mas eu não ia embora para sempre.

Fiquei alguns minutos conversando com ele no telefone, minutos esses que foram o suficiente para chorar o que tínhamos que chorar e eu e ele seguir em frente tranquilo.

- Vou desligar, estão iniciando o embarque, quero pegar logo meu assento pois são quase 400 passageiros para embarcar - ele sorriu.

- Fica com Deus Fabrício e boa viagem, eu te amo... - ele esperou.

- Eu também te amo ursão, se cuida... - Então finalizei a chamada e fui para fila de embarque.

Decolamos na madrugada do dia 3 de janeiro, a aeronave decolou com lotação máxima e à medida que ganhava velocidade eu me despedia mentalmente de todos, do meu Brasil.

Estava voando no novíssimo Boeing 777-300ER da Alitalia. Era uma das primeiras viagens desse modelo na rota São Paulo - Roma, antes a rota operada por ele tinha sido Roma - Buenos Aires, 2 dias antes. Dentro do avião já era possível saber que estávamos em um pedacinho da Itália, pelo menos na classe executiva onde eu estava viajando, pois logo que a aeronave estabilizou eu fui servido de e um folhado de avelã que o meu irmão mataria para comer e uma taça de um bom Chianti, o que harmonizou muito bem. Além disso o tom de voz já era mais alto e os comissários mais irreverentes.

Foram 14 horas aproximadamente de voo quando no finalzinho da tarde do dia

03 avistei a costa italiana e logo à frente o aeroporto de Roma - Fiumicino, distante cerca de 40 quilômetros da capital e de onde sairia meu próximo voo para Turim.

Coração FeridoOnde histórias criam vida. Descubra agora