Capítulo XLVII - Controle

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A semana tinha sido desgastante, estressante e eu não via a hora de parar e relaxar, mas me vinha na cabeça um certo alguém, e eu tentava a todo custo não perder a razão.

O meu celular tocava pela oitava vez e eu acabei cedendo a vontade de quem me ligava.

- Oi Lara, estou um pouco ocupado - ela desandou a falar.

- Amor quanto estresse, vamos sair hoje à noite, uns amigos me disseram de um bar top e eu queria muito ir - pediu ela com uma voz irritante, ou era eu que estava ficando irritante.

- Lara, hoje não dá, estou cheio de trabalho e vou me ocupar a noite toda - respondi a ouvindo bufar do outro lado do telefone - convide uma de suas amigas ou amigos para ir, outro dia nós marcamos algo legal - a verdade é que eu não estava nenhum pouco afim de sair com ela e estava postergando um basta em nosso relacionamento, que já havia começado com data de validade.

- Tudo bem então Luciano, bom trabalho para você - e desligou, não senti raiva e muito menos tristeza em sua voz, na verdade senti até um pouco de alívio, não seria a primeira vez que isso aconteceria.

Voltei ao meu trabalho e nem vi o resto da tarde passar, a verdade é que eu estava atolado de trabalho e isso nos últimos tempos estava me ajudando muito a não fazer nenhuma besteira.

- Filho - olhei para a porta e meu pai estava escorado no batente.

- Oi pai - ele sorriu e entrou sentando na minha frente.- Vamos tomar alguma coisa depois do trabalho? - Perguntou meu pai parado a porta todo animado - tem aquele bar aqui perto, estão com uma carta de drinques bem interessante - comentou ele enquanto brincava com minhas canetas.

- Vamos, eu estou mesmo precisando relaxar - respondi abrindo um dos botões da camisa fazendo com que meu peito respirasse, me ajeitei melhor na cadeira e estralei os dedos - é só eu finalizar esse cronograma que eu te encontro na recepção.

- Ainda é aquela revisão de material do fornecedor de Curitiba? - Perguntou interessado.

- É sim, mas já estamos formalizando a troca dos equipamentos de perfuração e de sondagem, só falta o cliente aceitar e estará resolvido - meu pai sorriu satisfeito e levantou indo até a porta.

-Bom trabalho, vou te esperar na recepção, não se atrase - e saiu me deixando finalizar meu trabalho.

Quando sai já se passavam das 18:00 h e notei que minha mãe ainda estava trabalhando. Encontrei ela concentrada em frente ao computador.

- Filho - ela me olhou, sorriu e voltou a olhar para a tela do pc. Notei seu visual e ri lembrando meu pai ainda não tinha se acostumado ao cabelo vermelho com pontas lilás dela, mas eu até gostava apesar de achar um tanto to much.

Esse ano completava dez anos da morte do meu irmão e ela além de pintar o cabelo fez uma tatuagem em homenagem a ele, era válido, eu faria da minha maneira uma homenagem e tínhamos apenas que respeitar o tempo dela, o nosso tempo.

- Os dois homens da minha vida vão beber juntos? - Perguntou ela dando atenção a mim e meu pai que adentrou a sala.

- Sim, não quer nos acompanhar amor? - Minha mãe sorriu e fez um biquinho.

- Não amor, eu quero ficar quietinha trabalhando, quero analisar logo essas admissões, e depois eu vou com a Ana no lar infantil, quero ficar um pouco com as minhas crianças, ver no que posso ser útil, eu preciso disso hoje - ela quis chorar, meu pai logo a amparou dando um beijo em seu rosto.

- Calma amor... - ele também estava se segurando, assim como eu, pois foi uma vida tirada - ele está em um lugar melhor... - meu pai se segurou para não chorar assim como eu.

Coração FeridoOnde histórias criam vida. Descubra agora